O Presente Perfeito.

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Fazia uma manhã agradável no Santuário de Atena.

Com o início do Outono o calor intenso do verão grego diminuíra consideravelmente, fato que era sempre muito bem vindo para um certo ferreiro e seu jovem filho.

Na Primeira Casa Zodiacal, Mu de Áries trabalhava na forja transmitindo seu conhecimento milenar sobre as artes lemurianas da ferraria para seu filho Kiki.

Sentado no colo do pai o pequeno garotinho ruivo, no alto de seus três anos e meio, o observava atento enquanto ele derramava minúsculas partículas de um pó dourado sobre as rachaduras, invisíveis a seus olhos, de uma armadura de prata colocada sobre um grande balcão de ferro.

— Está vendo, filhote? — disse Mu enquanto usava seu dom telecinético para conduzir o pó até o lugar desejado — Esse é o Pó de Estrelas!

Kiki arregalou os olhos em encantamento. Aqueles grãozinhos minúsculos dourados brilhavam tanto quanto os raios mais intensos do Sol.

— As partículas entram pelas rachaduras e curam a armadura de dentro para fora. — disse o ariano concentrado — Lá dentro, o Pó de Estrelas irá religar as partes avariadas que foram separadas pela fissura, depois ele se fundirá ao metal e se tornará parte da própria armadura. A telecinese é imprescindível nessa hora, por isso apenas o nosso povo pode executar esse ofício.

— Pu que, papai? — Kiki perguntou curioso.

— Porque somente nós, lemurianos, conseguimos sentir onde está a avaria para guiar o Pó de Estrelas até ela, grão por grão.

— O kiki não entendeu. — fez um muxoxo.

Mu riu descontraído.

— Só nós conseguimos curar os machucados das armaduras, isso porque podemos "fazer flutuar", como você faz com seus dinossauros, o pozinho de estrelas para dentro delas. — disse com voz mansa enquanto com a ponta dos dedos continuava a despejar o pó brilhante sobre o metal, sendo observado por um par de olhos fascinados que mal piscavam.

— Agola o Kiki entendeu! — o menino sorriu.

— Com a prática você aprenderá a fazer como eu. Aprenderá a manipular o Pó de Estrelas e seus milhares e minúsculos grãos. Os fará viajar pelo ar até a armadura e os conduzirá com sabedoria até a avaria.

— O Kiki pode tentá, papai? — perguntou o menino, eufórico.

— Pode sim filhote, mas com cuidado! — disse o Santo de Áries já ajeitando o pequeno de pé sobre suas pernas — A armadura está viva, por isso tem que se lembrar sempre de que nós estamos manipulando suas feridas... Ela sente dor como nós sentimos, então você precisa ser muito cuidadoso. Vamos lá, tente com apenas alguns grãozinhos, não mais do que cinco!... Concentre-se, em seus dons lemurianos e também em seu Cosmo. Envolva o Pó de Estrelas com eles e devagar peça gentilmente para que "voem" até o local onde está a ferida.

Aquela não era uma tarefa fácil para Kiki. O pequeno logo descobriu já nas primeiras tentativas.

Manipular partículas tão poderosas quanto pequenas era praticamente impossível para alguém tão jovem, por isso em cada tentativa que fazia Kiki deixava um tanto cair pelo caminho, sobre a mesa de ferro.

Outra tentativa e outra falha, mas nem assim o ruivinho desistia.

O pai, orgulhoso, mantinha-se paciente enquanto o incentivava.

Atento a cada nova tentativa do filho, Mu tinha os olhos vidrados no pó dourado, na armadura sobre a mesa, na aura determinada do pequeno, porém sua mente estava longe dali.

T.O.C. - Obcecado por você.Onde histórias criam vida. Descubra agora