O Inquilino || Jikook Version

Molduras passadas e a despedida.

Era um dia chuvoso na cidade, e Jungkook não se preocupou em sair com guarda-chuva, ele se sentia feliz e disposto. A chuva caía em sua jaqueta e ele se sentia melhor a cada gotinha. Ele havia acabado de sair de um lugar muito importante, a qual havia investido um bom dinheiro, dinheiro este que o retornaria tantas experiências e lembranças boas, que valia cada centavo.

Era um horário em que todos estavam encerrando suas funções de trabalho, inclusive Park Jimin, o garoto angelical, olhar suave, voz doce, uma mente brilhante e bom humor invejável. O garoto por quem Jeon Jungkook tinha se apaixonado.

Conforme seus pés pisavam no chão molhado ele sentia pesos deixando seus ombros, seu corpo ficava mais leve e seu sorriso quadrado aparecia. Talvez sua felicidade não conseguia caber em seu próprio peito, sua vontade de rir se misturou com sua necessidade de chorar, havia se passado tanto tempo desde a última vez que o garoto tinha derramado lágrimas... Era de sua personalidade se mostrar forte para os que estavam ao seu redor, mas enquanto andavam sozinho por aquela rua pouco movimentada ele não se aguentou e derrubou lágrimas silenciosas naquele chão que já nem precisava daquele líquido.

Ele imaginava o que Jimin estava fazendo, o que e-mails ele estaria respondendo e com quais senhores ele conversava. Jungkook sabia que, ele estava se saindo muito bem ali, todos os seus dias se tornavam agradáveis por causa daquela conquista. E a verdade é que ele ficava tão sensual com aqueles ternos, era tão bom vê-lo chegando todos os duas desapertando aquela gravata preta de seu pescoço e lhe oferecendo o sorriso mais satisfatório do mundo antes de beijar os lábios amorosos do Jeon da forma mais sincera possível.

O jovem tirou seu solado do chão molhado e os colocou no tapee de entrada de sua casa, ficando apenas meias, e por último fechou a porta, acabando com o barulho das gotículas que caiam sem parar. Mais uma vez a imagem das fotografias das capital da França inundaram seus olhos recém marejados, e não teve outra opção a não ser usar suas mãos que tremiam por causa do frio para tirar todas aquelas molduras dali.

Conforme a parede ia se esvaziando a pilha crescia no chão, e Jungkook não fazia ideia de como daria um fim em tudo aquilo, então viu a superfície vazia e sem nenhum recurso visual ele sorriu. Parecia que uma nova história seria escrita a partir daquele momento.

Ele usou um daquele sacos pretos gigantes para jogar cada moldura o que existia ali, e junto delas todos os relacionamentos abusivos, todos os dias que passaram sem amor, cada "eu te amo" que foi esquecido e principalmente cada toque afetuoso que havia sido negado.

Depois de algum tempo, a porta abriu e Park Jimin apareceu com a mão direita coberta por papeis e a esquerda com a chave que balançava fazendo um barulho característico. Sua expressão era de de tristeza, e o primeiro olhar que lançou a Jungkook - que estava sentado na poltrona principal, a alguns metros da porta - foi de desapontamento. E o Jeon pode ver que ao seu lado havia a tal sacola com todas as suas molduras, que estava lá fora, pronta para ser jogada no lixo.

– O que isso estava fazendo lá no lixo? – Não, Park Jimin não parecia nem um pouco feliz.

– Eu joguei fora... – O mais novo disse, tirando um envelope do bolso.

– Você está louco? Não sabe o quanto isso significa para mim? –Jimin entrou, carregando aquele saco logo depois de deixar sua papelada na mesinha.

– Não precisa mais delas, querido. – Jungkook falava de uma forma meio misteriosa, como se estivesse aguardando para revelar algumas coisas.

– Quê? Porque não? – O garoto bocejou cansado, deixando aquela frouxa de molduras em qualquer lugar ainda meio espalhado.

– Porque nós vamos tirar nossas próprias fotos...

– Já tirei muitas fotos de Seoul, eu gosto das minhas molduras e eu não vou tirá-las, entendeu? – Ele olhou nos olhos do garoto, como se seu pé batesse para aquilo continuar ali.