As coisas tendem a piorar...

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Rin ON

Mais uma vez inconsciente... Aquela imagem bizarra que tinha visto hoje mais cedo, ia e vinha na minha mente de forma contínua. Como se fosse um pesadelo, que recomeçavam quando chegava ao final.

Aos poucos, sinto dedos tocarem suavemente a minha mão direita e estranhamente, desperto de uma vez. Noto ser o meu pai, sentado do lado da maca. Ele nada dizia, e se levantava da maca, e me abraçava.

Nosso relacionamento não era dos melhores, e nos víamos bem pouco, depois da separação do casamento com a minha mãe. Ele era um básico pervertido, acumulador de material indevido. Talvez, foi o estopim para o divórcio.

Retribuo o abraço, me sentindo aliviado, por ter alguém de confiança, e normal junto a mim naquele momento tão aterrador.

Hiroshi – O médico disse que você está bem, tirando essa estranha e repentina heterocromia. – Enquanto, ele falava num tom terno, porém, calmo. Fito nos poucos cabelos grisalhos, me fazendo voltar nas memórias. – Tá tudo bem? – O mesmo me sacode um pouco, e volto a realidade.

- Etto... S-sim! – Falo me desvencilhando dos braços fortes dele. Pego a minha camisa suja de sangue, e a visto sem me importar com isso. – Posso dormir na sua casa hoje? – Indago, saindo da cama. Percebo um sorriso no rosto dele, e entendo como um “sim”. Ele se levanta, e sai do quarto. Provavelmente, arranjou algum jeito de sair no meio do emprego e vir me ver no hospital.

Espero um tempinho, e vou embora do quarto. Com o olho “mutante” fechado, para evitar ver qualquer coisa bizarra, se é que não foi alucinação da minha mente. 

Voltando para casa, tempos depois. Sinto algo como se fosse uma fumaça invisível, e me ponho a não abrir aquele olho. Esta “fumaça” carregava sentimentos de medo, tristeza e dor. Tudo era sentido no meu peito, e se misturava no meu estômago. Apresso o passo, tentando ignorar aquilo.

Chegando no meu lar, percebo algumas sombras passando pelas janelas. Mordo o interior da bochecha. Lentamente vou abrindo o olho brance e de começo já noto serem crianças.

Aparentavam ter 7-9 anos de idade. Seus rostos estavam cobertas por uma máscara branca; elas tinham expressões muito simples de: medo, tristeza e raiva. Usavam um manto bem acabado na cor preta. Seus corpos estavam envoltos de correntes de ferro, um pouco enferrujadas.

Abro a porta com um pouco de medo, saindo de casa com um pouco de medo. No quintal, vejo que tinha ainda mais daquelas “crianças”. A sensação dos sentimentos de outrora estava tão intenso, que a espinha gelava por completo, e algo dentro de mim parecia lutar para sair.

Ia me aproximando devagar, sem notar um delas sacodindo as correntes atrás de mim. Percebo-a quando lança na minha direção. Coloco o braço na frente, e ela se enrosca instantaneamente. Tento retirar, mas sou bruscamente puxado para trás. 

Vendo que estava a ir pra cima do algoz, numa certa velocidade. Tento-lhe esmurrar a cara, mas passo por dentro, e única coisa que consigo acertar é a cerca de madeira da casa ao lado, destruindo boa parte.

No chão, noto os pequenos me rodearem. As correntes se soltavam lentamente de seus corpos, e se prendiam ao meu. O ar passa a faltar, já que as mesmas não permitiam a expansão dos meus pulmões.

Paro de lutar por um tempo, sentindo tudo dentro de mim desaparecer, e ser preenchido por uma irá descomunal. A visão escurece, porém, estava consciente.


Autor ON

Rin se remexia dentro daquele casulo metálico. O seu coração batia cada vez mais rápido, sendo preenchido de adrenalina, liberadas pelo cérebro.

Uma presença interna parecia despertar dentro de si, o forçando a entrar em uma severa metamorfose. Pelos negros e brancos saiam de seus poros, fazendo cair os cabelos. Presas, garras, orelhas felinas e uma cauda surgiam. Por fim, as suas pernas se adequavam a de um animal.

As entidades aguardavam o findar da vida do humano. Pequenos fachos luminosos vão fluindo das frestas, isso os fazia recuar um pouco. A mesma explode repetidamente, destruindo as correntes e os fazendo desaparecer. Toda aquela luminosidade se direciona ao céu, cortando uma nuvem ao meio.

Como o perigo havia desaparecido, a sua aparente metamorfose vai regredindo. Em pouco tempo, tinha voltado ao normal.

Rin estava estarrecido com o que tinha feito, mesmo não sabendo como. Levantou-se do chão e se dirigiu a casa, prometendo a si mesmo não falar do que havia o ocorrido para ninguém, ou seria taxado de lunático.

Recolheu algumas roupas em seu armário, colocando-as em sua mochila escolar. Pegou a sua chave da casa do seu pai, e saiu fingindo que nada daquilo aconteceu de verdade.

Light and DarknessOnde histórias criam vida. Descubra agora