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Mais uma sexta, já estou cansada de sair, mas era a festa ou ficar em casa sem fazer nada, coisa que minha amiga não faria de jeito nenhum e no fundo, eu gostava de algumas coisas.
Pego meu celular e dou uma última olhada no espelho, meu cabelo esta melhor do que havia pensado com o corte que fiz de manhã e meus olhos castanhos estão super destacados por conta da sombra escura. Me encaro por um tempo, pensando em tudo que me pode acontecer hoje, saio do meu quarto com uma promessa em mente: eu não vou beber hoje!
Fabi me manda uma mensagem dizendo que me busca em 5 minutos, vou ate a cozinha e pego uma pêra, sinto um frio na barriga ao pensar no último fim de semana e me sinto mal ao perceber que não lembro de quase nada. Meu celular toca e não reconheço o número, atendo esperando uma voz eletrônica com alguma promoção estúpida a essa hora da noite.
"Aline?" Uma voz humana diz
“Sim, quem é?”
“É o Junior, você está bem?” será que ouvi direito?
“ Junior? Que Junior?” pergunto mesmo já sabendo a resposta.
“Sério que você não lembra? Achei que fosse mais inesquecível que isso...”
“Ihhhh, já está se achando!? O que você quer?”
“Só estou com saudade de você, poderiamos  nos encontrar qualquer dia desses né?”
“Como é? Você terminou né?”
“Por quê?”
“Você ainda pergunta? Só pode ser esse o motivo para você me ligar”
“Olha, eu queria te contar pessoalmente, mas sim, eu e a Marcia terminamos e eu não estou muito bem, achei que poderia me ajudar já que é minha amiga...”
“Você só pode estar brincando comigo, eu ERA sua amiga, até você se afastar de mim pra ficar com aquela coisa, deveria ter pensado nisso antes de acabar com nossa amizade”
Ouço uma buzina do lado de fora de casa e vejo que perdi 3 mensagens da Fabi avisando que estava chegando.
“Escuta Junior, eu não vou te encontrar e agradeço se você nunca mais me ligar, boa noite.”
Desligo o celular antes mesmo de ouvir qualquer resposta, pego minhas coisas e saio de casa. Vejo Fabi no banco de carona de um carro que nunca vi e que provavelmente é de um ficante novo.
Entro no carro e comprimento os dois, quando ele se vira meu coração para, e pelo visto o dele também, são os mesmos olhos, o mesmo cabelo castanho escuro, a mesma barba que eu amava, mas não pode ser a mesma pessoa, pode?
“Esse é o Lucas. Gato, essa é a Aline” Fabi diz sem prestar atenção em tudo que acontece em câmera lenta, pelo menos pra mim.
“Ah” é tudo que consigo responder.
“Está tudo bem?” Fabi pergunta se virando pra mim, preocupada.
“Aham” respondo, tentando não demonstrar o conjunto de emoções dentro de mim.
Fabi fala o caminho todo, mas nós dois estamos totalmente envolvidos em nossos pensamentos para dar algum tipo de atenção a ela, respondemos com alguns “hum”, “aham”, “verdade”, ela nem nota o clima tenso que há bem embaixo de seu nariz.
Pouco tempo depois chegamos na festa e saio do carro sem prestar atenção nos dois, a casa que entro é enorme, mas acaba ficando minúscula com tanta gente dentro. Vou em direção a cozinha e quebro minha promessa. Viro dois shorts de vodca, minha consciência pesa, mas não quero me preocupar com isso no momento. Volto para a sala e tento encontrar alguém da faculdade, sem sucesso algum. Reparo em um grupo de meninas totalmente bêbadas virando shots de tequila e antes que eu diga alguma coisa, uma menina me oferece uma dose e eu viro, percebo que ela estão brincando de “eu nunca” uma das brincadeiras mais idiotas que já inventaram mas acabo participando, levando em conta tudo o que aconteceu em menos de uma hora, eu mereço.
Depois de algumas rodadas, minha boca começa a ficar dormente e sei que estou ficando bêbada quando quase caio ao tentar me afastar de uma menina que vomita, acabando com a brincadeira. Volto para a cozinha e uma menina pede para eu segurar seu copo antes de sumir entre as pessoas, olho para o copo e viro um gole, não sinto o gosto do álcool e decido que devo parar de beber antes de dar um PT.

Memento MoriOnde histórias criam vida. Descubra agora