Memento Mori

II

Lembro que não vi Fabi desde que chegamos e meu coração aperta ao lembrar de Lucas, só consigo ficar me perguntando como eles se conheceram...
Resolvo ir em busca de um rosto conhecido novamente e quando olho no meu celular me assusto ao ver que estou aqui a 2 horas. Junior me ligou mais 2 vezes desde daquela hora. A curiosidade e o álcool falam mais alto quando meus dedos discam seu número. Vou para fora da casa para ter um pouco mais de silêncio.
“Alô?”  Ele atende depois de muito tempo.
“Oi lindo, como você está?” dou risada de mim mesma ao perceber quão bêbada estou.
“Onde você está?” ele pergunta.
“Não te interessa, por que você terminou?”
“Por que eu deveria te responder?”
“Foi você que me ligou hoje dizendo que queria minha ajuda!”
“Achei que você tinha parado de beber...” ele diz, mudando de assunto.
“Eu parei...” digo um pouco decepcionada comigo.
Nós ficamos em silêncio por um instante até que digo:
“Lembra do Lucas?”
“Claro que lembro, o que tem ele?”
“Ele está aqui!”
“Como assim???”
“Parece que a Fabi está ficando com ele...”
“E como você está?”
“Eu estou tão... bêbada... não sei identificar as outras emoções...”
“Você falou com ele?”
“Não... nem sei onde eles estão, quero ir embora...”
“Eu vou te buscar, me manda o endereço daí” penso que não seria uma boa ideia, mas eu quero sair daqui e confio no Junior para andar com ele no estado que estou...
“Vou te enviar por mensagem, quando chegar me avisa.”
Sem esperar uma resposta desligo o celular e envio o endereço da festa a ele. Decido procurar por Fabi que provavelmente está se agarrando com  Lucas nesse exato momento, esse pensamento faz meu estômago embrulhar, passo na cozinha e viro mais uma dose de vodka antes de subir.
Subo as escadas e vejo um corredor enorme diante de mim. Uma porta se abre e vejo Fabi saindo de um quarto escuro, seus cabelos estão bagunçados e seu batom está em todo seu rosto, menos na boca. Quando me vê ela grita e vem em minha direção.
“Amiga do céu! A gente precisa conversar” olho para trás dela e vejo Lucas me olhando, mas não consigo decifrar sua expressão.
Fabi me puxa para o banheiro mais próximo e tranca a porta assim que entra.
“Menina, acho que estou apaixonada, ele é foda!”
“Ah é? Você? Apaixonada?”
“Sim, eu sei que a gente se conhece a pouco tempo e antes ele não significava nada, mas hoje, foi incrível, ele estava com um fogo, uma paixão...”
“Paixão...” digo rindo e revirando os olhos.
Preciso lembrar a mim mesma de manter a minha boca fechada, não tenho certeza qual seria a reação de Fabi se ela soubesse de tudo...
“Sim, paixão!”  ela responde se arrumando “não é só porque você nunca sentiu isso que não exista!”
A frase dela dói mais do que eu poderia imaginar, é claro que eu sei o que é paixão, acontece que ela só existe para que nossos corações sejam quebrados por pessoas que antes só nos tratavam bem.
“Certo, eu vou lá fora” é a única coisa que vem em minha mente no momento.
Ela olha pra mim e sei que percebeu q não estou bem, mas não diz nada. saio e olho para o corredor enorme, talvez eu devesse dormir em algum desses quartos...
“Aline” a voz de Lucas ecoa pelo corredor e meu coração acelera, ele se aproxima de mim “precisamos conversar”
“Não precisamos não!” digo evitando que ele chegue mais perto.
“Por favor...”ele diz alcançando meu braço.