A vida no pôr- do-Sol

Capítulo 1

Era hora do pôr-do-sol, estávamos sentada na areia fina da praia e por mais que aquele cenário seja de uma cena romântica, me sentia um bife a milanesa com tanta areia no corpo.

- Estou indo Amanda, não aguento mais ficar aqui- anunciei à minha irmã

- Poxa Katherine, podia fazer um esforço e ficar admirando essa maravilha do universo comigo né? O que custa? Já está acabando e logo vamos pra casa e faço algo legal para gente jantar.

Ela tinha me convencido, me ajeitei no meu lugar que estava cada minuto me afundando um pouquinho, me fazendo a sensação que a qualquer momento seria engolida por aquela areia. Moramos sozinha na praia faz 3 anos, somos de São Paulo e decidimos viver nossa vida de um jeito diferente. Eu vim na verdade pela faculdade de artes plásticas que tinha tido uma excelente nota para passar, já Amanda veio pelo sonho de viver na praia e adorar uma aventura.

Encostei no seu ombro ainda fitando o horizonte vendo o sol se despedindo de nós por mais um dia. Quando ele finalmente se foi levantamos e fomos embora para nossa pequena casa que ficava a duas quadras daquela imensidão de água.

Por mais que ter vindo seja uma experiência renovadora, nunca gostei de praia, é sempre muito quente ou muito frio, nunca se sabe o que se encontrar no meio do mar e além do fato da areia já citado; estar aqui há 3 anos não fez muita coisa mudar em minha percepção.

- Sabe Kath,- diz Nanda quebrando o silêncio enquanto mexia nos armários buscando comida- moramos aqui faz tempo e nunca vi você se relacionando com as pessoas, sei que você tem suas colegas da faculdade, mas digo algo mais concreto, uma amizade avassaladora ou quem sabe até um amor doido. Digo isso pois acho sua vida muito pacata meu anjo e acho que deveria viver mais!

Fiquei incrédula com aquilo, mas acabei respondendo.

- Me diz que horas irei fazer isso? Estudo de manhã, trabalho à tarde na lanchonete e passo as noites cuidando de casa. Não irei ceder minhas madrugadas para alguém.

- Foi apenas um conselho, não é obrigada a seguir, apenas pensar melhor sobre.

Passamos o resto da noite em silêncio, ela fez uma incrível macarronada e nem consegui comer direito, pensando se era verdade aquilo, se realmente estava vivendo de forma parada demais.