A vida no pôr- do-Sol

Capítulo 2

Passei quase a noite em claro pensando naquilo que ela havia me dito, nunca pensaria que isso passava por sua cabeça. Mas logo tive que esquecer isso para evitar perder o ônibus, saí de casa sem rumo, peguei apenas a mochila, uma maçã e saí com um leve receio de encontrar minha irmã.

Peguei o ônibus quase quando ele estava partindo pois estava muito distraída, porém tinha um longo dia pautado sobre arte grega e nada poderia me fazer mais feliz no meu atual estado.

A faculdade me fez bem e quando saí já não recordava muita coisa da noite anterior, apenas da comida, porque estava extremamente faminta. Fui direto pra lanchonete, lá sabia que iria encontrar uma boa refeição.

Chegando lá o clima estava meio estranho, funcionários correndo, todas as cadeiras erguidas e o chão estava brilhando de limpo. Tentei perguntar para alguém, mas todos corriam demais, então decidi ir para os fundos. Quando cheguei, o clima estava calmo, mas tudo estava muito arrumado. A pilha de caixas de coisas inúteis que está lá desde que comecei a trabalhar, sumiu e no lugar surgiu um grande espaço que nem sabia que poderia existir.

Carla, minha única colega no trabalho, apareceu e de forma muito ofegante disse:

- Inspeção. Hoje. Patrão. Doido. MEIA HORA! – e voltou a correr.

Coloquei meu avental e já tinha entendido o recado, haveria uma inspeção surpresa e todos queriam deixar o lugar o mais impecável o possível, entrei no meio da confusão e quando vi já tinha baldes e panos em meus braços e estava limpando mesas até o braço quase cair, quando ouvi alguém me chamar.

- Kath! Kath! Aqui, no balcão!

Olhei para lá e era meu patrão me chamando, Seu Carlos era quase um pai pra mim desde que cheguei, ele zelava para que eu sempre estivesse bem e de boa saúde. O destino estava favorável quando chegamos aqui e eu estava procurando um emprego de meio período e surpresa! Ele precisava de uma garçonete, então tudo se encaixou perfeitamente.

- Pode falar Seu Carlos, o que precisa? – disse me aproximando dele

- Preciso que vá a praia perto daqui e pegue uma encomenda no quiosque central, ela é muito importante e não confio em muitos aqui para fazer isso, pode fazer isso?

- Cla-cla-claro.

Larguei as coisas no chão e segui para a porta, chegando Carla veio até mim e questionou:

- Onde você vai? Tem coisa pra fazer até o teto, literalmente porque temos que limpar os lustres.

- Vou só buscar um pacote e já volto.

Mal sabia que aquela saída mudaria minha vida.