Explicit ( LIVRO 1 COMPLETO )

Pride

Daniel

[Alguns meses antes]

O sorriso dele era lindo, se adequava a seu rosto arredondado, seus olhos brilhavam a cada palavra e me chamavam a atenção, mais que os seus quilinhos a mais. O nome dele é Eric Dunne, estudante veterano de administração, ele sempre andava com o grupo babaca comandado por Alan Young, mas quando estávamos a sós ele mostrava sua verdadeira essência. A biblioteca era nosso ponto, no lugar mais isolado, eu realmente gostava dele, e eu realmente espero que ele goste de mim também. Nunca chegamos a fazer nada, tenho medo de agir e ser rejeitado.

- Sua comida favorita é sorvete de menta? - Dou risada, enquanto o fito no fundo dos olhos. - Sorvete não é comida.

- Diga isso para minha barriga. - Ele ri, dando tapinhas na barriga. - E você? Qual sua comida favorita?

- Sou vegano, sou apaixonado por repolho. -Digo, mostrando minha marmita. - Grão de bico, repolho e alface, uma refeição digna, diferente de sorvete de menta.

Nós rimos juntos, e então Eric vê alguém por trás de mim e muda sua postura e expressão, olho para trás e vejo Alan e alguns membros da sua trupe dando risadinhas enquanto nos observa.

- Tchau. - Diz Eric, pegando sua mochila e se dirigindo até seu grupo.

- Eric, Eric... - Ri Alan dando um tapa nas costas de Eric. - Estou te perdendo pro lado negro da força?

- Para de ser babaca. - Ele retruca, dando um soco no ombro de Alan. - Vamos logo, nem sabia que você sabia o que era uma biblioteca.

[Agora]

Sophia havia corrido atrás de Emma, me deixando sozinho no refeitório. Começo a arrumar minha mochila, quando de longe avisto Eric, ele parecia procurar alguém, me apresso em arrumar minhas coisas e sair sem ser visto pela porta dos fundos, mas meus planos são frustados quando ouço ele gritar:

- Daniel!

Olho para ele com raiva e o vejo se aproximar com pressa de mim, mas eu faço questão de manter distância e postura fria.

- O que você quer? - Pergunto Friamente, evitando o olhar nos olhos.

- Pedir desculpas... Eu...

- Você está alguns meses atrasado. - Interrompo sua frase e me levanto da mesa - Faz o favor de nunca mais falar comigo, aliás, por favor nem olha para mim, você me dá nojo. - Torço a boca para ele e então vou em direção contrária, indo para a saída dos fundos.

[ Alguns Meses Atrás ]

Estava deitado na cama, assistindo mais um episódio de Grey's anatomy pelo notebook, quando meu celular treme. Vejo que Eric havia me mandado uma mensagem, o que era completamente incomum, eu só o via algumas vezes nos encontros na biblioteca.

" Está livre hoje? " - 20:05, Eric D.

" Algum Rolê aleatório para mim? " - 20:06, Daniel A.

" Sim, eu e você uma festa no depósito perto do shopping, conhece? " - 20:06, Eric D.

" Te encontro lá em meia hora "  - 20:07, Daniel A.

" Vou estar te esperando " - 20:08, Eric D.

[ Agora ]

Eu estava agora na biblioteca, o único local que me trazia paz, apesar das memórias que afetavam meu coração, como o lugar que sentavamos para resenhar, o corredor de livros onde nós batemos pela primeira vez e a última vez que eu o vi passar de futuro pretendente para alerta de abusador. Mas eu tentava tirar minha cabeça disso e me concentrar em outra coisa, decido então pegar o meu livro favorito para reler, mais uma vez. Ao pegá-lo, noto que há uma folha de caderno sobressaindo as páginas e ao pegá-la, vejo que é uma carta. Antes de lê-la, sento novamente na cadeira.

" Para Daniel Aroud

A primeira vez que eu o vi, estava lendo esse livro, recostado na estante, seu semblante chamou minha atenção, um garoto com traços finos e gosto para literatura. Armei um primeiro encontro, esbarrando em você propositalmente para começar um diálogo, e depois de semanas e semanas de conversar e descobertas, eu estava pronto para assumir aquilo que escondia desde que percebi que me interessava apenas por garotos, você foi o primeiro que me fez ter vontade de gritar para o mundo.

Até que fui descoberto pelo meu grupo machista e homofóbico, Alan e sua gangue me sequestraram uma noite e roubaram meu celular, me ameaçando com um canivete caso eu tentasse algo. Então, na mesma noite o vi entrar no depósito com esperanças no olhar, foi então que foi cercado e começou a apanhar, eu então tentei ir até você, mas o garoto do canivete não estava brincando, e o enfiou bem fundo, acertando meu rim, essa semana é minha primeira vez na faculdade, estava hospitalizado até então, eu o procurei em todos os cantos mas não te achava.

Eu sabia que não iria querer falar comigo mesmo se te achasse, por isso escrevi essa carta e a coloquei no seu livro favorito, agora olhe para frente. "

Assim que termino a leitura olho para minha frente, e vejo Eric, com a blusa estendida, deixando a mostra uma enorme cicatriz localizada na altura de seu rim esquerdo. Levanto da cadeira às pressas e corro até ele, puxando-o para um beijo.

- Desculpa por tudo. - Diz após o beijo.

- Você não precisa se desculpar por nada. -Digo, passando a mão de leve em sua cicatriz. - Obrigado por não ser um babaca.