Capítulo V
Era manhã de natal e eu estava sentada naquele banco onde tudo começou, o banco do meu estopim. A essa altura estava com uma caneta em mão e nem mesmo sabia por onde começar. Tinha sacolas com presentes ao meu redor e nem mesmo estava me importando se não eram nossos costumes, podia presentear mais pessoas do que meus avós e as empregadas, então eu ficava feliz de torrar minha mesada com aquilo.
Encarei a ponte Banpo ao longe e me senti acolhida com todo aquele cinza e branco. O céu resolveu nevar toda a noite e nos deu densas camadas de neve nas portas, e eu saí de manhã com halmeoni para fazer compras e naquele momento estava rindo sozinha da expressão que ela teve quando vesti minhas roupas novas.
- Park HyoSong não ousaria sair lá fora tão mal vestida! - Ela estava com as bochechas vermelhas e quase se descabelando tentando conter os gritos que queria me dar. Eu sorri travessa.
- Qual o problema halmeoni, eu estou vestida! Estou quentinha e estilosa! - Sorri mais largo quando ela deu um faniquito e rezou todas a regras de boa conduta. - Halmeoni, eu decorei todas essas regras e não vou descumprir (todas), por causa dessa roupa. - Esclareci, mas pelo jeito a deixei a ponto de jogar a boutique no chão.
- O que quer dizer com isto, HyoSong? Unh? Quer matar sua halmeoni de desgosto? Quer me ver definhar de vergonha? - Usou a tática de pressão psicológica.
-Não vou te matar de vergonha, e já disse: Estou vestida! - Respondi ainda paciente e querendo desatar na gargalhada com o risco de isso me custar uma orelha.
-Está com a saia acima do joelho, por Deus menina! Nem mesmo o seu garoto vai gostar disso! - Golpe baixo! Usar Hobi era golpe de último escalão.
-Halmeoni, são três dedos acima do joelho! E não sei se ele é meu garoto! - Bufei fazendo bico.
Nossa discussão rendeu ainda um bom tempo e a estilista teve que explicar todas as tendências e que aquilo não fugia do decoro de decência. E ainda por cima lhe afirmar e provar que eu usava roupas mais compridas que maioria das garotas da minha idade.
- Isso que minha neta está usando não é mini saia? - Perguntou boquiaberta com as mãos sobre a mesma, enquanto eu balançava a cabeça com força em afirmativo.
-Posso lhe afirmar Choi AhRi-ssi que ela está muito bem vestida!
Halmeoni não aceitou de todo, e eu saí praticamente correndo do caixa quando ela pagou a conta, murmurando que nada do que ela me ensinou teve valor, que meu harabeoji me passaria um belo sermão quando me visse e eu não duvidei nem um pouquinho. Logo após nossa conversa pacífica e cheia de termos ele voltou a seu temperamento de "general em tempos de guerra". Halmeoni não deixou de rezar o um terço inteirinho quando saí em direção ao parque com toque de recolher e tudo mais.
-Do que está rindo? - Tive um sobressalto quando sua voz grave chegou aos meus ouvidos.
- Me assustou! Estava rindo de halmeoni. - Esclareci.
- Exatamente, por quê? Desculpe pelo susto. - Neguei dispensando as desculpas e me levantei do banco me desfazendo do sobretudo vermelho.
-Por causa disso ela quase deu um infarto! - Apontei para roupa, estava com o meu tão sonhado look de inverno: cardigã branco, saia assimétrica preta, um sobretudo vermelho e saltos! Hobi ficou estático por um longo tempo, ou nem tanto assim, me encarando sem formular frase, o frio brincou comigo e eu vesti o sobretudo novamente, mordi o lábio inferior esperando sua resposta e ele só sussurrou um "deabaek". - Está ruim?-
Perguntei com a voz de halmeoni na cabeça começando a ficar realmente preocupada, quando ele só ficou me olhando e balbuciando coisas que eu não podia compreender. E suspirei frustrada.
-Tá ruim, não é? Bem que halmeoni avisou!!
- Não, não é isso... É só que... Você está muito diferente de alguns dias atrás! - Disse meio embolado.
-Diferente bom ou ruim? - Perguntei com a cabeça baixa e brincando com os dedos, já com borboletas no estômago.
- Diferente bom! - Respondeu rápido. - Ippune! Você está linda.
- Desculpe, não ouvi a melação de vocês dois!! - Jimin-ssi chegou provocando. E eu infantilmente lhe dei língua. E Hobi o encarou com olhos semicerrados. - Eu amo vocês juntos mas não pretendo ser vela hoje, nem eu nem os outros cinco que estão vindo.
- Quem é vela do que? - Interviu JungKook com um olhar malicioso para Hobi. - Aliás de quem foi a ideia de sairmos nesse dia gelado? - Hobi e Jimin apontaram pra mim e eu sorri amarelo. - Eu confiava tanto em você, Hyo sua traíra!
- É rápido prometo. E não sou traíra! - Torci um bico nos lábios enquanto falava. E os garotos apenas riram de mim. O resto dos garotos chegaram e enquanto me levantava para comprimentar os demais, TaeHyung quase me jogou no chão com com seu abraço repentino e sufocantemente bom. Hobi lhe deu um cascudo e os garotos começaram a tiram sarro do mesmo por ciúme, e claro, não esqueceram de me jogar no fogo.
- Ya, querem parar?! Ela ainda não se acostumou com os distúrbios mentais de vocês! - Hobi tentou aquietar as seis crianças agitadas presentes. Até mesmo o despreocupado YoonGi entrou na brincadeira.
- Para Hobi, a gente sabe que isso tudo é ciúmes e que quer se livrar da gente para ficar sozinho com ela! Né Songzinha? - Jimin cutucou suas costelas enquanto passava o braço sobre seus ombros rindo. Eu apenas escondi o rosto quente mais para dentro do casaco denso, mas Jin viu.
- Gente a maknae está vermelha! Olha que fofa! - disse com um sorriso largo, e eu quis me enterrar num buraco. De onde eu tirei a idéia de chamá-los mesmo?
- Gente eu só chamei vocês aqui por causa do natal. - Todos me olharam confusos. - Trouxe presentes pra vocês, fui um pouco pelo que vocês pareciam gostar então... - Fui me encolhendo até chegar no final da frase e Tae bagunçou meus cabelos sorrindo quadrado. Entreguei os pacotes para cada: Fones e um gorro para YoonGi, um moletom para JungKook, uma caderneta para Tae, um livro para NamJoon, um chaveiro com um gato fofo e uma camisa para Jimin, um cachecol branco e um casaco para Jin, os de Hobi foram tênis de dança. Bem, me pareceu que eles gostaram, porque recebi agradecimentos e abraços sufocantes de Tae.
Nos despedimos um tempo depois ficando apenas eu e Hobi. Caminhamos um pouco até um café, meu nariz já estava vermelho e minhas juntas pareciam engrenagens sem óleo. Hobi pediu por mim enquanto eu esfregava as mãos tentando aquece-las mais.
- Como foi... - O encarei com olhos curiosos. - Como foi a conversa com seu harabeoji?
- Foi bem mais pacífica do que poderia imaginar.- Suspirei conformada. - As coisas vão andar melhor agora!
- Entendo, e hoje? Saiu fugida de novo? - Me olhou com uma falsa repreensão e eu ri.
- Sai sob consentimento de minha halmeoni, senhor Jung! - Respondi entrando na brincadeira.
- A certo, isso quer dizer que ela não me odeia? - comprimiu os lábios formando aquelas bolinhas fofas.
- Quem sabe... - Toquei uma das bolinhas com o indicador direito.
-Maldade, Song! - O olhei, ele já havia me chamado assim? Sorri desconcertada e mudei minha atenção para o chá fervente na minha frente. E ele, depois de algum tempo num silêncio reconfortante, me questionou. - Por que estava com folhas e caneta no parque?
- Ah, você percebeu... - Sorri. - Estava pensando em escrever para minha omma! - Ele me olhou com aquela pergunta. - Não, meu harabeoji não sabe disso! - fiz bico.
- O que pretende escrever? - Perguntou despreocupado com a afirmação anterior. - Parece muito importante para você.
-É importante, afinal só agora soube que ela e enviava cartas... - Beberiquei o chá.
- Só pensa com o coração e escreve. - Simplificou, como se realmente fosse a coisa mais simples do mundo.
Passeamos um pouco e depois ele me deixou em casa. Entrei em casa pé por pé querendo escapar do puxão de orelha que meu harabeoji provavelmente me daria. quando estava no meio da escada a ajumma Bang me olhou balançando a cabeça em negativo e lhe sorri travessa. E quando estava a dez passos do quarto, escutei alguém limpar a garganta e bem lentamente me virei. Era harabeoji Beong e sim, eu recebi um belo sabão por causa das roupas, mas sinceramente estava muito feliz.
Depois do meu primeiro passo viriam outros e mais outros. Nada é fácil, e para isso devemos ter apoios, aquelas pessoas que te animam a levantar bater a poeira e tentar de novo. Depois do sermão, abracei harabeoji de surpresa e lhe dei um beijo na bochecha, correndo logo depois para o quarto.
Joguei minhas coisas de qualquer jeito na cama e tomei um lugar na escrivaninha, pegando uma caneta. Pensei um pouco e fucei nas coisas até achar a foto da formatura do ensino médio, tirei uma cópia e fiz de cartão postal. Enquanto escrevia ajumma Bang me passou outro sabão pela bagunça que aprontei e eu apenas disse que a amava também. Olhei em volta e me dei conta do quanto cresci em uma semana, quanta coisa mudou e tudo mais. Uma paixão que crescia mais a cada dia, me dava borboletas no estômago e descompassava o coração toda vez que lembrava dele, do seu sorriso do nosso beijo ou qualquer coisa que ele estivesse no meio.
- Ok! Menos Hobi e mais escrita! Fighting!
" Querida Omma, se posso chamá-la assim...
Passei muito tempo sem lhe contatar, sinto muito por isso! Eu cresci um pouco e ganhei muitos amigos só por causa do seu cartão postal, muito obrigada!
Eu estou vivendo minha preciosa vida aos pouquinhos, harabeoji está ficando mais maleável e até o próximo natal, talvez, eu o convença de poder te ver. Ele ainda é muito ressentido com a senhora. Mas pode me dizer algumas coisas? Eu já tenho irmãos? Como é meu appa? Vocês vivem bem?
Omma, senti tanto a sua falta... Espero poder te ver logo! Sentir cheiro de mãe e pai... Te dar um pouquinho de trabalho também!
Feliz Natal, atrasado e até logo!
Com amor,
Park HyoSong"
***
-Yoelbol, conhece essa carta? Está sem remetente! - Cheguei agitada com um envelope diferente nas mãos. - Será?
- Só vamos saber se abrirmos, Hee! Abre, abre, abre!! - Eu ri da sua euforia e abri o envelope bordado de flores. Era dela e nos veríamos em breve se dependesse de mim, eu acho que teria que segurar meu marido que já buscava preços de passagens na internet e animado conversava com o nosso garoto sobre sua noona bonita. Ela cresceu tanto, estava cada dia mais linda.
- Min Sung Ho...
- Me chamou pelo nome. Estou precipitando as coisas de novo?- Fez cara de cachorro abandonado. Quando eu aprenderia a não me apaixonar por aquela expressão?
- Um pouquinho, não acha? – Devolvi a responsabilidade e me escorei no braço da cadeira em que ele estava sentado. – Nem mesmo sabemos o que ela aprontou, espero que não muito.
- Se ela é sua filha pode ficar despreocupada, ela com certeza virou as duas Coreias de cabeça para baixo! – Encarou as unhas com um sorriso debochado e orgulhoso.
- YAH! – Dei tapas em seu braço. – Não fiz ela sozinha!
- Claro que não... – Fomos interrompidos por um HeeChul curioso.
- Papai, como se faz bebês?- E eu apenas ri da sua cara de desespero, decida a jogar lenha na fogueira.
- Yobou, conta pra ele... – Sorri perversamente e ele me encarou com o olhar de : "Vai ter volta, oh se vai!" – Também te amo.
Enquanto ele se enrolava com o pequeno Chullie de quatro anos, pensei no que faria se a visse. O que aconteceu todo esse tempo e porque ela só respondeu agora... Tá, ela deve ter recebido essa carta como sendo a primeira, né Abuji?! Deixei meus devaneios e ajudei meu marido com a fase perguntas do nosso bebê. Mas bem, MyungHee ainda é MyungHee...
-Querido, será que ela já tem namorado?- Perguntei para provocá-lo, pegando HeeChul
no colo.
- O QUÊ?!- Apenas corri para o quarto enquanto esperava seu surto passar.
- Querida Hyo, nossa família cresceu e teremos muito o que conversar. - Sussurrei para mim mesma. Teríamos tanto para colocar em dia... Será que ela tem mesmo um amor? Melhor ele tratá-la direito!***
Ola queridos leitores, como esta a regressiva para entrada do novo ano? Muitos planos? Vão conquistar seus próprios EU, como a Song? Se já conquistaram, fico imensamente feliz. Se não : FIGHTING!
Queria agradecer Eloiza_Gomes e Marveril por toda paciência e carinho, e principalmente por me permitir conhecer pessoas incríveis e ainda desfrutar de emoções novas e totalmente viciantes!! E claro nunca poderia me esquecer da poesiadasflores que abrilhantou nosso trabalho com sua capas maravilhosas!
Quando crescer quero ter tanto talento quanto elas!!
E a turma do collab não está parada, nos vemos em janeiro?
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Other World
FanfictionÀs vezes, não podemos pensar nos meios que a vida usa para te fazer enxergar aquele outro mundo cheio de cores e possibilidades que existe fora do seu campo de vista. Eu não entendi no começo que naquela semana tudo que eu conhecia seria mudado por...