Capítulo 1

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Um ano e meio.

Já fazia um ano e meio que ela estava ali, Um ano e meio se passou sem receber visitas dos seus pais, tomando remédios que ela não fazia a menor ideia do que eram feitos. Será que ela estava enlouquecendo? As vezes a possibilidade a agradava. Como poderia sofrer com a mente partida? Verônica se lembrava do ensino médio, quando estudou com um menino que tinha uma estranha doença mental. Ele parecia feliz o tempo inteiro, para ele, o mundo continuava inocente.

Verônica sorriu amargamente.
"Mais inocente do que eu sou." pensou.

Se ela pudesse voltar no tempo, teria castrado Marcos, mas não o matado.
Agora ela passaria o resto da vida pagando por algo que fez por um instinto animal de sobrevivência.
Fechou os olhos e se entregou a um sono contubardo.

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O portão se abriu.
Fabrício entrou por ele,sem olhar na cara dos seguranças,que,ele sabia,o estavam observando como urubus atrás de carniça.
- Siga até a porta dos fundos, o mordomo vai estar lhe esperando lá. - um deles falou.
Fabrício assentiu e seguiu no gramado, até a porta dos fundos da mansão. Já era bem tarde, a casa inteira já devia estar dormindo.
Todos, menos sua empregadora.
O segurança estava certo,o mordomo,um homem já de idade, baixinho e gordo o esperava.
- Entre, rápido. Minha senhora está esperando.
Ele fez, rapidamente. A porta dos fundos dava na despensa, estava abarrotada de comida, mas não foi isso que achou a sua atenção.
A mulher estava de costas, usando um robe de linho, ele sabia que só aquele robe custava mais do que o carro dele. Fabrício esperou ela se virar, ela não o fez. Ao invés disso, ele ouviu sua voz, rispida e autoritária.

- Eu quero que você acabe com ela. Quero que ela sofra, você está me entendendo?
- Estou. Ela vai sofrer, mas você sabe que onde ela está vai ser muito complicado. O preço vai ser caro. Muito caro.
Ela se virou, com os olhos castanhos em chamas, quase gritando:
- Eu não me importo com quanto vai custar! Ela tirou meu único filho de mim e eu quero que aquela vadia morra! - o som da dor e do ódio estavam claras na voz dela.

No "trabalho" que fazia, ele já estava acostumado. Só pessoas com dor e ódio procuravam um assassino de aluguel ; Era o único modo que possuíam de aliviar suas dores.

Fabrício por fim falou:
- Dois meses. Em dois meses, o serviço será feito.
- Ótimo. Victor, acompanhe o nosso convidado até a saída.
E seguiram o mesmo caminho.
Antes de sair, Victor segurou seu ombro e numa voz,emocionada falou:
- Eu criei Marcos como se fosse meu filho, o vi nascer e estive no enterro dele. Ele amava aquela garota e ela o assassinou friamente.
Fabrício escutou, enquanto Victor com lágrimas no olhos lhe fazia o pedido.

- Eu também quero que ela sofra antes de deixar esse mundo de uma vez por todas.

Fabrício assentiu.
Em seu carro, ele olhou para foto da garota que havia recortado do jornal. Ela era bonita, tinha os olhos grandes e estava com um sorriso tímido no rosto. Verônica Alves. Era difícil acreditar que aquela garota fosse capaz de matar alguém a machadadas…mas bem, ninguém podia dizer que ele era um assassino de aluguel só pela aparência. Ninguém pode ser desvendado só pela aparência.
Ligou o carro e saiu.

Mate-me Se for CapazOnde histórias criam vida. Descubra agora