Capítulo 3

6 0 0
                                    

Verônica acordou com um barulho do lado de fora do seu dormitório. Se levantou e estava quase entreabrindo a porta para olhar aquele alvoroço, mas levou um susto ao ouvir sua colega Daiane, chorar durante o sono.

- Não. Não. Nããããão, mãe! Socorro! - Ela gemia ofegante e assustada.

Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Daiane havia chegado alguns meses depois dela lá. Ela era uma jovem bonita de 19 anos, porém de ter matado o pai depois de um abuso e ter tentado se matar em seguida, foi considerada insana. Ela quase não falava e quase não comia, Verônica sentira pena dela e tentou se tornar sua amiga, mas Daiane nunca confiara nela completamente.

Verônica se aproximou dela e tocou seu rosto.
- Calma, querida. É só um sonho. Vai ficar tudo bem. - sussurrou, colocando todo o seu coração naquelas palavras.
Daiane despertou com os olhos arregalados, vidrados.
- Verônica…por que isso acontece comigo? Por que?
- Eu não sei. A única coisa que posso dizer é que nosso subconsciente é o maior inimigo de alguém que tem traumas.- falou acariciando os cabelos castanhos da garota.
Por um instante, Daiane se entregou aquele carinho. Mas o alarme do "purgatório" como ela chamava soou por toda a ala e Daiane voltou a colocar um muro em torno de si, fechando o rosto.
- Vamos. É hora da medicação. - falou se levantando.

Verônica assentiu. Ela queria que Daiane se abrisse com ela. Quando ela se abriu com Carlos, aquilo lhe fez tanto bem.

O corredor branco estava sendo limpado por uma das serventes de rosto fechado. Verônica ainda conseguia distinguir o vermelho do sangue se dissolvendo no detergente.

"O que aconteceu aqui? Foi naquela briga de antes?" pensou, desviando o olhar.

Sua cabeça já estava cheia de preocupações suficientes.

Chegando no refeitório, local onde sempre era dada a medicação.Verônica entrou na fila atrás de Carlos, que já estava lá. Olhou em volta, tentando encontrar Daiane, quando seu olhar cruzou com um de um homem.

Ele tinha era bonito e jovem, até onde ela podia ver, mas aquilo não a enganava mais. Os mais bonitos geralmente são os mais podres por dentro. Ele piscou para ela e sorriu. Ela o encarou de volta e revirou os olhos.

Chamou a atenção de Carlos e perguntou:

- Quem é aquele?
- O idiota olhando para cá.
Ele olhou em volta e quando o achou, um brilho estranho surgiu em seus olhos.
- Aquele cara é o que eu te falei que viria para cá. Ele matou um homem a sangue-frio com pedradas na cabeça.
- Sério?
Ela olhou para o homem de novo.
- Eu não gosto dele, V. Tem algo de errado com esse cara.

Ela sorriu levemente.

-  Você quer dizer, mais errado do que ser um assassino?
- Você me entendeu, sabichona.

- PRÓXIMO! - o enfermeiro gritou e Carlos engoliu o comprimido sem reclamar. A próxima foi Verônica.
- Língua. - ele ordenou e ela mostrou. Nos primeiros dias, Verônica não tomava os remédios, isso causou uma marcação diária nela.
Saiu da fila depois do enfermeiro gritar "PRÓXIMO" de novo.

Pegou seu café da manhã que consistia em um pequeno copo de café, uma gelatina verde, uma fatia de pão e uma maça vermelha e caminhou para onde Carlos estava sentado, ele comia sua gelatina silenciosamente, mas levantou os olhos quando ela se sentou, em sinal de reconhecimento.

Verônica se lembrou de algo que queria perguntar a ele, mas tinha acabado esquecendo.

- O que aconteceu hoje no corredor dos dormitórios?
- Você não viu? Todo mundo acordou com o barulho.
- Daiane estava precisando de mim…
Ela não precisou falar mais nada.
- O cara novo. O das pedradas, arranjou briga com dois enfermeiros. Quebrou o nariz de um deles e tomou uma injeção de calmante na bunda.
- Mas ele não parecia dopado agora a pouco.

Ele deu uma mordida na maça e o suco escorreu por sua boca.

- Em algumas pessoas funciona de forma diferente. Daqui a duas horas, ele pode estar caído por aí.

--------------------------------

A visão de Fabrício estava escurecendo. Seu corpo estava mole e suor frio escorreu por sua espinha. Ele se enconstou na parede.
- Droga…malditos! Quando eu sair daqui, eles me pagam! - falou baixinho. Ele estava tentando descobrir em qual quarto sua presa estava, acabou esbarrando em enfermeiro carrancudo que partiu para cima dele e ele apenas se defendeu.

"Pelo visto, esses desgraçados fazem o que querem aqui, mas não vão fazer comigo."

Seu estômago revirado parecia uma montanha russa. Tentou ir até o seu quarto, mas desabou no chão, inconsciente.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 05, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Mate-me Se for CapazOnde histórias criam vida. Descubra agora