Bailando

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Eiji, você não faz a menor ideia do tempo em que fiquei em frente ao espelho me preparando e ensaiando várias e várias vezes a pergunta: “Então, você gostaria de ir ao baile comigo?

Não tem noção do quanto estava nervoso durante a aula de história e você sabe o quanto eu gosto de história. Tenho consciência que possivelmente nessa última prova posso bombar, mas o importante era que quando o sinal do intervalo tocasse seria a minha vitória ou minha sina.

Quando fiz a pergunta e você aceitou… Nossa, foi algo surreal. Na verdade ainda é ilógico que vamos no baile juntos, seria uma espécie de encontro. Nosso primeiro encontro. Vou ser sincero que quando cheguei em casa, ignorei tudo e todos e só soube correr para o meu quarto e jogar-me na cama e ficar festejando como uma garotinha apaixonada.

Felicidade era o que habitava dentro de mim e irradiava para todo o canto que eu olhasse, contudo, tenho a perfeita noção que sou pessimista e problemático. Pensamentos que Eiji aceitou ir ao baile comigo por amizade ou pena começaram a percorrer como um córrego desenfreado após uma enchente.

Que foi para evitar algo desconfortável entre nós e agora que estou me olhando no espelho vestido com o smoking que Nadia me deu — e que nunca tive coragem de vestir —, e agora estou o usando para o nosso baile de formatura. Fiquei na dúvida se ia ao seu encontro ou te esperava em frente ao Colégio, mas você me surpreendeu aparecendo na frente da minha casa com um terno preto e uma gravata borboleta.

Não tem a mínima noção do quanto está belo e fez meu coração deparar. Griffin, fez a gente tirar pelo menos três fotos antes de deixarmos partir, sei que irei sequestrar uma das três fotos tiradas. A nossa ida para o Colégio foi tão rápida que só percebi que estávamos de dentro do grande ginásio.

Foi surpreendente que ele, Eiji, me convidou para dançar. E como se fosse o destino, a música que passou a tocar era aquela melosa e romântica para se dançar em uma espécie de “abraço”. Suas bochechas adquiriram um rubor intenso ao notar que a música mudará e antes que pudesse mudar de ideia o conduzir para pista.

Poder sentir o seu pequeno corpo perto do meu.

Poder observar de perto seus olhos escuros e sua boca rosada e cheinha.

Poder apreciar o doce perfume de maçã com canela, tão suave e marcante. Como sua existência na minha vida, ela veio calma e suave marcando presença pouco a pouco, e quando percebi já não conseguia mais viver sem ele ao meu lado.

Mas principalmente poder aproveitar a sensação aconchegante e prazerosa de te ter e meus braços.

Um passo ‘pra lá e um passo 'pra cá.

Um giro;

Um riso envergonhado.

Um passo 'pra cá e um passo 'pra lá.

Outro giro;

E o mundo a nossa volta desapareceu, só existia eu e ele, naquela dança meio desengonçada entretanto totalmente nossa.

Era só nós dois.

Eu e ele.

Ash e Eiji.

O coelho e o lince.

Dois garotos que só desejavam eternizar aquele momento único e especial. A noite foi como uma criança para mim e pelo visto para ele também, já que o sorriso mal saia de seus lábios rosados. Porém, tudo que é bom chega ao fim e tivemos que voltar para casa.

Eu só não esperava que de recompensa a aquela diversão, eu ganharia um beijo doce e intenso de deixar-me ofegante e encantado com a atitude ousada dele. Estava sem fala com esse presente magnífico, estava em puro êxtase. Eu queria mais, muito mais daquele beijo. Sempre iria querer mais de Eiji.

“Até amanhã, Ash.”

Essa foi a última coisa que ouvir sair dos lábios avermelhados e levemente inchados do japonês baixinho para ficar encarando que nem um idiota o portão da casa dele. Esse baile foi melhor do que esperava e tive uma confirmação que o que eu sinto, ele também sente.

Temos uma chance.

Podemos transformar aquela dança em uma dança eterna.

DancinOnde histórias criam vida. Descubra agora