II- Fé

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Uma bela manhã dava para se dizer, exceto é claro pelo cheiro podre no ar, era sangue misturado com decomposição, aquilo estava tão forte que Peter chegou a cogitar vir dele mesmo. Claro, dois dias sem tomar banho não levantariam essas possibilidades, se não fosse pelos machucados com carne morta e o sangue por sua jaqueta, começou a pensar em tirá-la e jogar ali mesmo nos escombros pelos quais ele caminhava, porém, a menos que quisesse morrer de frio durante as noites, não era uma boa opção. Ele havia passado a madrugada bem, bem até demais para falar a verdade, não deveria ter conseguido dormir a noite tendo feito isso durante todo o dia, mas não dava para entender a cabeça de alguém que passa o dia correndo em meio a árvores, talvez dormir fosse um luxo. Andar pelos escombros não parecia tão ruim perto do que esperava por ele em todas as saídas de New York, a notícia de um homem morto aparentemente se espalhava rápido, mesmo em um lugar onde corpos eram contados por máquinas para poupar o enorme esforço, alguns diziam até que nos olhos do morto dava para enxergar o medo desesperador que havia sentido antes de morrer, bobeira, Peth havia sido até gentil em matar o homem rápido, um golpe na traqueia e ele simplesmente morreu engasgado com o próprio sangue, ou por falta de ar, haviam algumas três ou quatro possibilidade que Peter preferiu descartar antes de concluir do que o homem havia morrido, isso ajudava ele a saber se tinha ou não sofrido muito, havia estudado tantas formas diferentes de morrer que poderia se considerar um legista, é claro, se ele conseguisse constatar o motivo da morte de pessoas que ele não matou. De qualquer forma, ficar com isso na cabeça era uma tortura, ele fazia o possível para esquecer tudo o mais rápido possível e partir para outra, sempre havia sido assim. Depois de explorar cada saída que podia usar, constatou que os policiais podiam ser até piores que soldados da LL, esses últimos podiam ter armas poderosas e recursos, mas eram péssimos em capturar alguém, dava para ficar bem de baixo dos narizes dele e ainda sim não era descoberto, isso era bom, mas não ajudava em nada a escapar de uma cidade fechada. Ele percebeu que os problemas estavam aumentando quando viu meia dúzia de homens com cães rastreadores andando pelas ruas, por sorte, o cheiro fortes dos corpos confundia os animais, que não se atreviam a entrar no lugar da desova, e essa era sua melhor chance. A mais ou menos um quilômetro de distância havia uma área onde queimavam corpos, tinha um caminho que levava ao madison square park, que depois de anos inutilizado não passava de um amontoado de árvores e grama alta, a pequena trilha estava sendo guardada por apenas três guardas, aparentemente ninguém esperava que o tal assassino tentasse fugir pela mata alta, e nem deveriam, ninguém andava pelas florestas, a maioria tinha medo de se perder ou de ser atacado por animais, o que era um equívoco, já que o animal mais perigoso que achariam ali seria provavelmente uma cobra de tamanho médio. Peth não conseguia pensar em um plano que não envolvesse matar os guardas, mesmo que estivesse fazendo o possível, todas as alternativas terminavam neles estirados no chão, e mais sangue para a jaqueta, que já ficaria toda manchada. A melhor ideia que tinha era fazer o possível para desmaiar eles, mas não sabia como fazer isso de uma forma que não tivesse riscos, talvez conversar com eles, se disfarçar de montanhista, ao menos o cheiro ele já tinha, ou deixá-los assustados, isso sim era uma boa opção, mas envolvia se mostrar, deixar que pessoas soubessem de sua existência e possivelmente que os LL soubessem seu paradeiro, não era um preço tão alto a se pagar, mas era para se pensar. Ele passou o dia bolando um plano, não era o mais genial nisso, dava para ver já que o único plano era fazer três policiais verem monstros feitos de sombra, na melhor das hipóteses saiam gritando como garotinhas e então ele teria o caminho livre, na pior ela ainda estaria vivo, os guardas nem tanto. Quando começou seu plano tudo parecia novo, geralmente todos que viam seus poderes acabavam mortos pelos próprios, talvez ele devesse aceitar que aquilo era para matar, não para criar paz. As mãos se moveram devagar, era difícil fazer sombras tomarem forma, ainda mais tão complexas, a primeira tinha mais ou menos dois metros, era um borrão em formato de pessoa com chifres e garras, a segunda também um borrão, mas na forma de uma cobra enorme. Os homens demoraram alguns segundos para perceber aquilo a suas frentes, e quando viram, não esboçaram expressão, apenas deram passos recuados para trás enquanto os tais monstros iam em direção ao guardas. Talvez eles não tivessem tanto medo assim, a alternativa era se mostrar um pouco mais agressivo, foi o plano B que Peter formulou na hora, porém ele percebeu que os homens não estavam recuando por medo dos monstros, e quando ele caiu já era tarde. Seu corpo todo sucumbiu a dor da eletricidade e do peso que sentiu, foi tanta que não conseguiu segurar, sua ideia de não demonstrar nem sempre saia perfeita, visto que ele estava gritando a cada choque que levava. Uma espécie de rede feita de metal estava sobre seu corpo, aparentemente eletrificada, e também, pesava quase cem quilos, mesmo assim, ele se sentiu bem feliz quando apenas o peso se tornou problema já que os choques haviam parado. Acima dele, uma dúzia de homens com roupas camufladas estavam olhando fixos para seu corpo, a visão e audição estavam falhas, mas Peth percebeu que haviam muito mais pessoas por ali, mais especificamente uma cidade, então tudo ficou preto.

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⏰ Última atualização: Sep 13, 2021 ⏰

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