Pedro inquietava-se, mesmo com o fim da guerra. Os narnianos ganharam, Aslam retornou e ainda sim, o Pevensie mais velho não se satisfazia. Todas aquelas brigas com Cáspian, aquele maldito ritual de magia negra, no qual Edmundo fez questão de mostrar seus ciúmes vendo o telmarino consigo... Tudo aquilo deixava o loiro com uma pulga atrás da orelha.
Parece que afinal, Cáspian X havia conquistado seu coração e agora que ele iria embora, para voltar apenas na última batalha, essa poderia ser sua oportunidade final para dizer ao novo rei o que sentia. Mesmo que não fosse recíproco, seria menos agonizante que se perguntar como poderia ter sido quando já não pudesse agir.
Na véspera de sua despedida, ainda pela manhã, Pedro foi para Cair Paravel, que estava em processo de reconstrução, como forma de celebração da volta, ainda que temporária, dos antigos reis, além da adição de um quinto trono e um quinto cômodo para o novo rei, que estudaria os passos dos Pevensie para tornar-se um bom rei. No caminho para o castelo, avistou o antigo jardim onde desvirginou Edmundo, sentindo uma pontada de culpa pelo que queria fazer.
Como pôde se sentir tão apaixonado pelo irmão no passado, quando foram mais velhos e agora sentia-se mais afetuoso fraternalnente pelo garoto? Por que o rei de olhos negros o fez se apaixonar tão obsessivamente se ele já havia se declarado ao mais novo?
Enquanto refletia sobre os sentimentos, viu-se interrompido por uma flecha que passou zunindo pela sua orelha e cravou-se na árvore, revelando um papel com uma mensagem escrita.
"Me encontre no lago do jardim em cinco minutos.
Ed."
E em cinco minutos, ele apareceu, já nu no pequeno lago, esperando pelo seu irmão.
Edmundo estava em seus 12 anos, sendo não mais tão grande quanto era no dia que em fizeram amor naquele lago. Contudo, a puberdade parecia estar chegando para o garoto, que tinha alguns poucos pêlos na região genital.
- Você melhorou bastante a pontaria. - Elogiou o mais velho, referindo-se à flecha que passou perto de si mais cedo.
- Na verdade não. - Edmundo cortou o irmão com frieza. - Era pra ter acertado essa sua cabeça oca. - Edmundo soltou enquanto sua face assumia uma expressão de escárnio. - É incrível o que alguns anos a menos em mim e alguns a mais naquele telmarino fizeram o seu amor mudar.
- Ed... - Pedro tentou responder, mais foi cortado.
- Vá com ele, Pedro. - Edmundo mandou, o Sol deixando seus olhos mais claros. - Faça o que quiser com ele. Porque eu não serei uma barreira entre vocês. - o moreno avisou seco, com uma expressão aborrecida para o loiro. - Mas prometa que ao menos vai ter coragem pra fazer isso comigo de novo algum dia. Porque eu não quero que aqueles anos em Nárnia sejam minha única lembrança do nosso amor.
Pedro, para a surpresa de Edmundo, sentou-se em seu colo e o beijou vagarosamente, sem desejo, apenas com o afeto que tinha pelo irmão e seu amor que afinal não havia morrido.
- Eu sempre vou te amar, Edmundo Pevensie. - Pedro o tranquilizou sorrindo. - Não duvide disso nunca.
- Então por que ir atrás do Cáspian? - o mais novo perguntou indignado. - Eu não posso te satisfazer?!
- Porque eu também o amo! - o mais velho confessou. - Eu preciso resolver isso, Edmundo. Senão eu não poderei me despedir de Nárnia. - ele terminou de explicar e o beijou avidamente antes de levantar-se e deixar o moreno ainda no lago, tentando ver o lado do irmão e entender seu ponto de vista.
Mais tarde, naquele dia, Pedro foi aos aposentos de Cáspian e o viu deitado seminu, lendo um pergaminho. Uma vela pequena estava sobre o criado-mudo, iluminando levemente o ambiente e permitindo a leitura do telmarino, que não forçou a vista em nenhum momento.
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Os Reis de Nárnia
FanfictionI - Seis anos após a coroação dos reis e rainhas de Nárnia, a vida não poderia estar melhor, mesmo sem a tecnologia do século XX. Contudo, Edmundo estava incomodado com um sentimento que começou a se manifestar nos últimos meses. Sentimento esse que...