sinner | taegi

1. Blackened sins and white lies

Um menino, com menos de vinte anos, mas não menos de dezoito anos, entrou no café com os lábios bem fechados e os olhos sem brilho.

O cabelo castanho escuro cobria os olhos e sombreava suas feições como um eclipse, seus lábios eram rosados e ligeiramente salientes para a frente, e ele tinha feições agudas no geral, nada contrastando com os ângulos proeminentes de seu corpo magro. Ele andava devagar, arrastando os pés pelo chão com uma espécie de peso, e ele carregava os braços ao lado do corpo, ocasionalmente metendo as mãos nos bolsos. 

Seu nome era Kim Taehyung.

pediu um café pequeno, preto, e sentou-se a uma mesa no canto, segurando a bebida com a mão esquerda e segurando um cigarro à direita. O cigarro não estava aceso e ele não colocou entre os lábios. era apenas uma lembrança vazia e sem alma de alguém que ele conhecera e que um dia amou.

ele estava cansado, exausto mesmo, porque ele não tinha conseguido dormir na noite anterior, acordara uma hora da noite com uma súbita necessidade de vomitar, e ficara encolhido no banheiro por duas horas, vomitando o que parecia ser sua própria alma no banheiro, ele achou engraçado como só doía quando não era de propósito.

chegar ao café tornara-se uma rotina para ele; a cada dois dias, antes do trabalho, ele vinha tomar um café preto antes de se sentar em uma pequena mesa e olhar pela janela até o meio-dia.

depois, ele iria para o trabalho e passaria o resto do dia.

havia três pessoas que sempre estavam lá no café, uma delas sendo yoongi, com quem taehyung falara apenas uma vez no decorrer do ano em que estivera regulamente no café. Havia outro que era a pessoa que recebia ordens no balcão, ele era brilhante e borbulhante e taehyung o conhecia como hoseok. O terceiro era um homem alto e magro de vinte anos chamado Namjoon, que tinha covinhas profundas e um sorriso brilhante.

outros empregados vinham e saíam ocasionalmente, mas o café não precisava de tanta ajuda, sendo tão pequeno e isolado.

Tahyung olhou para o relogio: 11:45. Ele tinha que ir

ele pegou o seu café preto e saiu do café

                                                    * * *

Taehyung caminhou rapidamente para o restaurante onde trabalhava.

seus turnos sempre tendiam a e sobrepor aos turnos de três outros meninos aos quais ele lentamente se tonara amigo íntimo.

como sempre, todos os três estavam lá quando ele entrou, jimin e jungkook no balcão e seokjin na cozinha.

"Tae, o que está acontecendo?" disse jungkook. "você parece exausto."

"não consegui dormir na noite passada" respondeu taehyung, brevemente. "é uma longa história."

ele entrou na cozinha onde seokjin já estava lavando os pratos.

Seokjin, que muitas vezes chamava jin, tinha uma personalidade viva e amorosa. ele tinha características marcantes e ombros largos.

"eu posso lavar os pratos agora" disse taehyung. "eles precisam de ajudam para arrumar as mesas e eu não sou tão bom nisso" ele riu um pouco, um pouco amargamente. Seokjin pareceu notar.

Ele se afastou quando Taehyung assumiu. Ele não arregaçou as mangas.

"Suas mangas" Seokjin comentou. "Você deveria dobrar elas, se não ficaram molhadas"

"Está tudo bem. Terei cuidado"

Você não pode ver minhas cicatrizes.

Você vai pensar que estou quebrado

Mentiras brancas

Seokjin assentiu lentamente, obviamente desconfiado, mas ele saiu de qualquer maneira.

                ****

Taehyung voltou para casa naquela noite e foi direto para a cama.

Ele não tinha metade da energia que precisava para tomar banho, e ele não tinha o apetite para o jantar. Ele logo descobriu, para seu espanto, que ele não podia dormir também, então ele deitou na cama olhando para o teto escuro com mais nada para fazer.

Ele enfiou a não no bolso da calça jeans e encontrou o cigarro velho.

Ele observou a silhueta de sua mão enquanto ele rolava entre os dedos, capaz de sentir o cheiro da fumaça do cigarro em um apartamento apertado de novo.

Mamãe, por que você fuma?

Criança imunda, você nunca entenderia.

Ele podia se lembrar de todos os detalhes de seu rosto, mesmo agora com dezenove anos de idade.

É para lavar meus pecados. Meus são negros e a fumaça os leva embora.

Seus pecados. Taehyung podia listar seus pecados de 1-100. Ele lhe contara quais eram seus pecados e repetidas vezes desde que ele era criança.

Quais são seus pecados, mamãe?

Estar viva, ter me casado com a escória que seu pai era, ter um filho... Esses são meus pecados

Taehyung lembrou-se do seus vários cortes e cicatrizes em seu pulso. Seus pulsos agora combinavam com os dela.

"Como mãe, como filho" ele murmurou

Ela havia ensinado a ele.

Quando ela se matou no chão do banheiro com comprimidos e uma faca de cozinha, deixando Taehyung de dezesseis anos para encontrá-la morta, ela o ensinou a sobreviver. Ele tinha visto os golpes em seus pulsos sobre as cicatrizes horizontais que marcavam sua pele. Ele tinha aprendido com ela que aqueles te mantinham vivo, só um pouquinho.

Eventualmente, ele supôs, não era suficiente para ela. Ele se perguntou quando aquele dia chegaria para ele.

A morte dela tinha desligado tudo.

Foi quando tudo se desintregou em uma fusão de cordas e gritos indefesos. Ele segurou seu corpo frio em seus braços enquanto chamava a polícia. 

Ela se matou!

Minha mãe se matou!

Seu estômago revirou quando ele pensou na frieza de sua pele. O sangue não o interrompeu mais, nem a imagem de seu corpo faminto, composto de ossos salientes e pele fina; era isso que ele via no espelho todo dia agora. Era o cadáver dela e que o assombrava e eram os cigarros também. Ela estava segurando um cigarro quando morreu.

Ele olhou para o cigarro de novo, apagado, mas ainda letal, porque trazia lembraças vívidas da morte e o que lhe haviam dito era amor. A escuridão da sala só o lembrava da escuridão que ele havia visto em sua mãe pelos dezesseis anos que vivera com ela.

Ela dissera que o amava, mas aquelas palavras eram vazias, vazias de qualquer coisa que não uma voz e sílabas proferidas para mentir. Ela o odiava e Taehyung sabia disso

~~~~~