Gravida de um traficante

capítulo 24

- não me apressa - falei enquanto andava devagar atrás do Rael - eu tô carregando peso em dobro

- é só andar um pouco mais rápido, tá rolando um churrasco lá embaixo- ele disse - e você não reclamou do peso quando subiu

- me espera - pedi parando de andar - esse sapato me machuca

- é um chinelo e a gente mal saiu do quarto - falou vindo até mim

- tenha um pouquinho de paciência- pedi - não se esqueça que eu estou carregando um bebezinho - coloquei sua mão sobre a minha barriga

- meu muleque não vai ficar por muito tempo aí dentro, faz um esforço  pra descer as escadas e se sentar em qualquer lugar

- o que eu não faço por você - falei com um sorriso

- nada - ele disse - você não faz exatamente nada a não ser reclamar, reclama que eu não te ajudo, reclama que o pé tá inchado, reclama que não tem jaca em casa sendo que nenhum ser humano normal tem jaca em casa e ainda sobra tempo de reclamar que eu reclamo

- já desabafou?- perguntei

- tá vendo só? Eu tenho deixado tudo que eu liguei pra conquistar pra cuidar de você e você não me dá valor Dandara - ele disse

- aí meu Deus - o abracei - isso é carência? Não tá dando tempo de comer ninguém

- chega Dandara - pediu - se parece que ficou mais chata depois que engravidou

- Rael, relaxa, respira fundo e controla esses hormônios. Acho que a gravidez não tem te feito bem - usei uma frase que ele usou no dia em que eu chorei porque não tinha sorvete em casa sendo que eu nem havia comprado sorvete

- isso não legal - passou uma das mãos pelo meu rosto - mas eu acho que tem coisa mais interessante pra gente fazer enquanto as pessoas comem e bebem a minha custa

- tem é?- perguntei - o que você acha da gente dar uma fugida e comprar pamonha

- ala, já cortou o clima de novo - ele se afastou - anda, vamos descer que eu ainda pretendo ficar bem louco

- mas manda alguém me trazer pamonha - pedi

- tá me achando com cara de pamonheiro?

- coitado do moço da pamonha, eu me sentiria ofendido