*PI-PI-PI*
O meu despertador tocou bem perto dos meus ouvidos, num movimento brusco desliguei-o mas assim que ia voltar a pôr o braço perto de mim, uma dor aguda fez-me gemer de dor, rapidamente olhei para o mesmo e deparando-me com a marca de uma mão a negro, a mão dele. Mais uma marca das nossas discussões frequentes, cada vez pioram e quem acaba por sair magoada delas sou eu. Acabei por me levantar, dirigi-me á casa de banho e passei minha cara por água e novamente senti dor, mas nesta vez na minha bochecha, um ardor forte fez-se sentir na mesma, outra marca.
Suspirei, apenas queria ter uma relação normal como as de todas as adolescentes de 17 anos. Zayn é um ano mais velho do que eu, assim como todos os meus amigos, excepto Chloe e Hazel que têm a minha idade. Nossos grupos cruzaram-se porque Chloe e Harry namoram, o que fez com que ambos os grupos se juntassem e aí reencontrei Zayn e, inevitavelmente, mais tarde começamos a namorar.
Despi meu pijama e tomei um banho rápido pois ainda tinha aulas. Não sou nem boa nem má aluna, tiro os meus 13's e 14's e não vai muito para além disso. Hazel é basicamente a inteligente do grupo, tira 17's e 18's já Chloe é exactamente como eu.
Saí da banheira e observei com mais atenção meu corpo. Pelo menos da discussão de ontem, os únicos resultados foi o da minha cara e o do meu braço e dou graças a Deus por isso. Podia ser muito pior. Da última vez tive se esconder a minha barriga pois tinha um hematoma feito pelo seu pé. Despachei-me a ir ao quarto para vestir umas calças de ganga preta e uma camisola de manga ¾ com um padrão floral e calcei as minhas vans pretas. Dirigi-me novamente á casa de banho e pus um pouco de base e um eyeliner simples pois não quero irritar Zayn. É primavera e normalmente todas as raparigas usam saias e calções mas eu não posso pois "pareço uma puta" palavras de Zayn, só posso usar esse tipo de roupa no Verão e com a supervisão dele. Nem posso usar muita maquilhagem pois "não sou uma boneca" outras palavras dele. Um dos defeitos de Zayn é ser extremamente possessivo e se um rapaz me olhar de maneira diferente, ele fica logo alerta e salta para cima dele. Não sei o que vi nele para ficar rendida ao ponto de nem puder usar a roupa ou a maquilhagem que quero. Amor, acho é que isso, ou talvez medo.
Agarrei na minha mochila e saí de casa pois já estava um pouco atrasada. E lá estava o seu carro estacionado á porta de minha casa com ele no interior. Ok, Ariana, é só mais um dia, já aguentaste outros. Pus um sorriso forçado no rosto e caminhei muito lentamente para carro do meu namorado. Entrei calmamente e coloquei a minha mochila no meu colo enquanto ele ligava o seu carro.
"Bom dia, amor"
"Bom dia" Retribui o cumprimento um pouco rude
"Fala-me com modos Ariana" Disse dando-me um olhar furioso "Vou deixar esta passar" Acrescentou assim que não me ouviu protestar e deu-me um sorriso. Agarrou minha cara com a sua mão e girou-a até ficar de frente para ele que de seguida beijou meus lábios intensamente.
De seguida arrancou chegando á escola um pouco depois, estacionou o seu carro e ambos saímos mas não sem ele dizer "age normalmente" revirei os olhos discretamente, fui ao seu encontro e entrelacei meus dedos nos dele. Assim que chegamos á entrada da nossa escola, encontramos Harry e Chloe que sorriam genuinamente um para o outro, como eu gostava de ter uma relação como a deles, normal.
Tocou, sinal de que temos de nos dirigir para as nossas salas de aula, despedi-me de Zayn e Chloe de Harry e fomos juntas para a entrada do grande bloco de aulas. Entrei na sala de aula, e se não me engano irei ter filosofia, com a professora Lopez.
***
"Menina Dunn" Estávamos neste preciso momento a receber os nossos testes. Dirigi-me á secretária onde a professora se encontrava e recebi o meu teste. No canto superior direito do mesmo a vermelho encontrava-se um 10 e fiquei orgulhosa de mim mesma, odeio filosofia e fico contente por um 10. Passando alguns alunos Chloe é chamada e assim que recebe o teste limita-se a rolar os olhos. Alguns alunos á frente é a vez de Hazel, enquanto se encaminhava para o seu lugar, na sua cara vinha um sorriso. Consigo prever a nota que ela havia teriado, algo bom de certeza.
***
Sai da minha sala juntamente com Hazel que gozava com Chloe por causa da sua negativa, basicamente eu tirei 10, Chloe tirou 9 e Hazel tirou um 17, eu já esperava algo assim. Caminhamos lentamente e a conversar animadamente sobre assuntos aleatórios e entre eles a minha relação com Zayn, onde tive obviamente que mentir, odeio fazê-lo mas se não quero mais problemas com ele tenho de o fazer. Só de pensar no que me pode acontecer se contar a alguém o que se passa, cresce um dor aguda no peito e os meus olhos enchem-se de água, não o posso fazer.
Um mão a passar em frente a mim, a mão dele, faz-me acordar do meu mar de pensamentos, olho á volta e percebo já estamos junto dos outros, Chloe vai cumprimentar Harry e eu vejo-me obrigada a fazer o mesmo ao rapaz que se encontra á minha frente, Zayn. Levo os meus lábios aos seus e beijo-os calmamente, nunca deixando de sentir o percieng prateado que se encontra no seu lábio inferior. Suas mãos encontram-se no fundo das minhas costas e as minhas encontram-se no seu pescoço. Sei que não devia mas sempre que o beijo, esqueço todos os problemas que temos, é como se o tivesse a beijar pela primeira vez, vezes e vezes sem conta. Afastamo-nos e encontro os olhos de Niall colados em nós dois enquanto abana a cabeça de um lado para o outro levemente, encaro o chão, será que ele entende o que se passa?
Niall, é o meu melhor amigo. Tenho a sorte de ter três amigos chegados com quem eu me posso divertir mesmo que isso não agrade a Zayn. Conhecemo-nos á vários anos, foi ele que me salvou de partir.
Mais uma vez, fui vitima de bullying, mais uma vez considerando as milhares delas que já sofri. Desta vez foi pior, trancaram-me na arrecadação da escola e começaram a gritar coisas horríveis do outro lado da porta. Eles sabiam que eu era claustrofóbica mas mesmo assim fizeram-no e gritavam coisas muito mais dolorosas do que das outras vezes, e nem acreditei assim que vi quem o fazia. Era ele e os seus amigos, era Zayn. Ele era uma das únicas pessoas que sabia da minha 'doença', mas traíu a minha confiança e fez muito mais que isso, destruiu qualquer possibilidade de me fazer continuar a querer viver, 14 anos de puro sofrimento.
Saí da escola como sempre fazia mas desta vez com outro rumo, caminhava a um passo apressado o que fazia com que as minhas lágrimas presas nos olhos rolassem sem parar e cada vez com mais intensidade. "chega Ariana, chega" o meu subconsciente gritava comigo "tem de ser hoje" continuava a gritar e pela primeira vez em anos decidi segui-lo. Já conseguia ver o sitio onde seria o fim. A linha do comboio, vazia como sempre, desci o degrau que leva para perto dos carris e aí sim, as lágrimas aumentaram. "deita-te neles" o subconsciente gritava "só assim é que isto vai acabar" gritava quando meu corpo não lhe obedecia, e sem resistir mais deitei-me neles, deixando a minha mochila no chão perto dos meus pés que ficavam fora das linhas de metal.
As duas luzes da frente do comboio encontravam-se lá ao longe e ele aproximava-se, era quase noite e algumas estrelas já brilhavam, 'daqui a uns momentos, vou estar ali também' pensei enquanto mais lágrimas escorriam e acabavam no chão de pedra por baixo de mim. O comboio aproximava-se e o pensamento de que era agora nunca abandonava a minha mente. Ouvia-se o apito forte do comboio mas nada me iria tirar daqui, nada...
Ouvi passos a correr para o sitio onde permanecia, ao olhar encontrei um rapaz loiro a correr até mim
"Deixa-me" Chorei fortemente, o rapaz trocava olhares entre mim e o comboio alternadamente, o comboio continuava a andar até mim, tudo parecia ter ficado de repente em câmara lenta. Continuava a ouvir o apito do comboio e olhei para o céu escuro em busca de paz, para assim mesmo partir.
O meu braço foi puxado pelo rapaz que continuava ali, e fui obrigada a levantar-me e rapidamente caí em seu braços que me puxaram para longe da via férria apertando-me fortemente, aí o tempo pareceu voltar ao normal e ouvi o comboio passar atrás de nós, tentei libertar-me do seu aperto mas em vão, comecei a dar-lhe murros e palmadas no peito e chorei mais intensamente
"O que é que fizeste" Gritei com todas as forças que restavam no meu corpo e de repente tudo ficou preto.
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✖ Unexpected ✖ {hiatus}
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