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H.AYES

- Eu quero ver dor de verdade. Vamos repetir o fim. - Alisha exclama para Cameron e Chelsea. Até o pessoal do cenário revirou os olhos com aquela garota.

Ô papuda irritante.

- Minha irmã gosta de um cara. Minha irmã, não eu. Eu sou um homem, tá vendo?! - Chels fala em bom som, apontando para suas roupas, que caracterizam o personagem como uma mulher disfarçada de homem.

Estou - literalmente - em cima do palco. Numa minúscula peça de ferro equilibro meus pés, a fim de poder girar o holofote em qualquer direção e ângulo. Meu outro papel é ficar no fundo do teatro, na mesinha onde faço a parte técnica da iluminação com botões, porém no momento resolvi mexer no manual, assim posso ver Chelsea atuando.

- E esse cara gosta dela também? - Cameron responde, encarando o fundo dos olhos dela.

- Essa é a parte trágica, é que ela não contou pra ele o que sente. - Ela vira de costas pra ele e respira fundo.

Ela está representando uma cena que imita sua vida. Ih, cacete.

- E o que ela tá esperando?

- Que ele dê o primeiro passo. - a loira suspira e volta a olhar pra ele - Mas me fala, se ela não declarar seu amor, isso torna o amor dela menos verdadeiro?

O garoto se aproxima lentamente dela. Se não me engano, seu personagem sabia do disfarce da mulher, e sabia que não havia irmã - que o sentimento era da própria.

Seus rostos se aproximam perigosamente e, creio eu, que isso não estava no roteiro...

Me emociono ao ver seus lábios roçando e, acidentalmente solto o holofote que está em minhas mãos ao jogá-las para o alto em um movimento de "Glória a Cristo, amém".

- AI, CARALHO - Grito desesperado ao ver o aparelho voando pelo palco, sustentado apenas por um fio  - CHELSEA, CUIDADO!

Cameron assusta e se joga ao chão, levando a menina junto e caindo sobre ela.

Mordo meu lábio e torço o nariz ao ver Ali com a mão cobrindo os olhos e massageando as têmporas.

- Pausa de cinco minutos. - ela diz, bufando.

Começo a descer de onde eu estava, caminhando pela alta escada. Olho para a loira e ela me fuzila, arqueando as sobrancelhas. Respondo com um olhar nervoso e caminho até ela.

- O que foi isso? - ela sussurra para mim, cruzando os braços.

- Olha, não tenho culpa de ter mãos fracas, ok? - Dou de ombros.

- O que você tem de gato, tem de idiota - ela resmunga.

- Você me acha gato? - digo, contendo uma gargalhada ao ver minha melhor amiga ficando vermelha.

- Me poupe - ela fala sorrindo e dá um soquinho em meu ombro - Vai malhar essas mãos, se algo assim acontecer de novo eu te tiro a chance de reproduzir tua espécie.

- Ah, pode deixar que eu exercito elas - dou um sorriso malicioso.

Ela arregala os olhos e sua boca toma o formato de um círculo perfeito, chocada com o que eu disse. Olho para ela e em dois segundos nós já estamos explodindo de rir.

- Voltando!! - ouvimos Alisha gritar.

- Sim, senhora, imperatriz perfeição. - Chels murmura e seguro a risada, que insiste em vir novamente. Ela sorri para mim, notando que eu ouvi e apenas vai em direção a Cameron, enquanto caminho para o fundo da plateia.

Você é bem melhor com botões do que com a parte manual, Hayes, acredite.

Radio Rebel જ Hayes Grier Onde histórias criam vida. Descubra agora