Eu encontrei-a, por mais que procura-ses só eu a encontrava, era eu naquela noite. Ela escolheu-me! Não a culpo, mas ainda consigo sentir...ela tinha certeza daquilo. Fê-lo com toda a convicção. A falta que ela me faz corta-me a respiração, já não posso mais entrar na sua mente e passear nos seus pensamentos. Acabou. Tenho que arrancar de mim mesmo essa fase da minha vida.
Sacudo o meu cabelo encaracolado em frente ao único espelho de minha casa, calço as minhas botas de bico para ir ao bar Pub. Era o preferido da Evelyn. Rodo a maçaneta enquanto imagens dela flutuam na minha cabeça, estarei a enlouquecer? Ela estava á minha frente. Estava mesmo...
"Harry?" -ouvia a voz dela minha cabeça. -"Estás a ouvir-me?" -tocava-me. Sou empurrando contra a parede á velocidade da luz e desperto.
"Desculpa meu! Não estava em mim." -esfrego a mão na cabeça.
"Evelyn para aqui, Evelyn para ali! Quando a esqueces? Passaram 200 anos, não podes viver com ela na cabeça para sempre! Com tantas miúdas lindas por ai..." -o Nat implicava.
"E tu sugas-lhes o sangue até ao fim!" -berrei. O Nat tenta tirar-me a Evelyn da cabeça a toda a hora.
"Algumas é um desperdício tenho que admitir!" -gargalha no final. Sempre um idiota.
"Que fazes aqui?" -perguntei-lhe.
"Pensei que podíamos ir ao Pub." -esfregou as mãos.
"Ia para lá agora." -olhei para a porta. Havia algo suspeito ali!
"Sempre o mesmo solitário que não convida nem o seu querido amigo Nat." -ele goza-me. Fui em direção á porta e olhei para a parede de fora. Estava um rapariga morta encostada á parede, o seu pescoço estava coberto de sangue.
"Não me apetece estar acompanhado por ninguém! Tira esta rapariga daqui e sai da minha casa! Fica bem Nat." -desci as escadas do prédio. Não tenho descanso, ele nunca vai mudar.
Entro no Pub. Como sempre, as mesmas pessoas, as mesmas músicas, as mesmas bebidas. Continua tudo igual em Blackpool há anos. Eu continuo igual! E a Evelyn também podia estar! O sangue nas minha veias ferve sempre que penso nela. Penso nisto todos os dias que venho aqui.
Sento-me, olho para as pessoas. Chris, Rony, Emma e Jenny, eles não tiram os pés deste bar. Não percebo. Na verdade há muitas coisas que não percebo.
Sai uma rapariga da sala de empregados perto do balcão. Ela mexia-se majestosamente, o cheiro do sangue dela chegava até mim aos poucos. Era delicioso! Ela tinha uma pele branca e pintava os lábios de vermelho, cabelos pretos e olhos escuros. O cheiro do seu perfume ia-se aproximando até que me deparo com ela ao meu lado. Fechei os olhos e apreciei o cheiro do seu sangue.
"Está bem, senhor?" -ela perguntou.
"Magoaste-te no braço!" -abri os olhos. O cheiro do sangue dela estava demasiado apurado.
"Oh...obrigada." -os olhos inocentes dela chamavam atenção dos meus. Ela olhou para o braço e havia um arranhão talvez feito no balcão. Largava uma gota de sangue. Não bebo sangue humano há mais de um ano. Não vais estragar tudo agora Harry! -"Ando tão distraída!" -disse baixo.-"Desculpe, o que deseja?"
"Whisky, por favor." -a minha voz sai mais roca que o normal. Ela vira-se. Não consigo tirar os olhos dela. Quando está perto consigo ouvir o coração dela.
Observei cada movimento que ela fez. O sorriso atencioso, as palavras que saem da boca dela parecem nunca mentir. O forma querida como ajeita o seu cabelo escuro.
Quero-a para mim!
"Aqui tem..." -ela sorriu.
"Harry!" -concluí.
"Harry ahn." -olhou para baixo, talvez para os pés.
"És nova por aqui." -olhei para as mãos dela. Tinha um anel com um simbolo, já tinha visto aquilo em algum lado.
"Sim, vivia em Preston." -olhei para ela e ela para mim. Não aguento esta pressão estúpida de olhares românticos.
Bebi o whisky de uma só vez e sai dali para fora deixando o dinheiro na mesa e a minha atitude imatura na cabeça daquela rapariga.
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Black is Everything
Teen FictionHarry conhece uma jovem no café onde bebe o habitual whisky todos os dias. Ela parece tão banal.... mas, todos escondem um segredo.