Fomos ao restaurante que ficava na beira da praia. Era tudo muito lindo.
_ Uma pena essa cidade chover o tempo todo. Tem uma praia tão linda. _ Eu falei.
_ O tempo não está muito alegre ultimamente, mas também faz sol em Bela Vista. Você vai gostar.
Sentamos em uma mesa bem ao lado da janela, dava pra ver a ponte iluminada no meio do mar.
_ Onde liga aquela ponte?
_ A ponte vai até a ilha de Sanci, é bem movimentada, não sei se você gostaria de ir lá.
_ Por que? O que há lá?
_ Muita bagunça, festas, enfim. Me fala de você.
Achei estranho, mas deixei pra lá.
_ Bem, sou de uma família tradicional, estou muito feliz por ser independente, estou aqui para fazer faculdade, e estou amando cada vez mais esse lugar.
_ Eu também, o que está cursando?
_ Ciências agrárias, veterinária na verdade. E você?
_ Biologia. Você deixou um namorado esperando?
_ Não. Só namorei uma vez na vida e foi mais que suficiente.
_ Sério? Me conte. _Ela olhava o cardápio, eu olhei o meu e não tinha ideia do que pedir. Meus pais sempre escolheram os pratos.
_ Bem, namorei por 3 anos, namorei um garoto incrível, ele não era bonito, mas era carinhoso, doce e calmo. Queria ter feito ele mais feliz. Mas não pude. É complicado.
_ Por que não pode?
Eu a encarei. Só o meu ex namorado sabia que eu era gay, e ainda assim, ele era meu melhor amigo além de tudo. Não é fácil contar isso de cara, ainda mais pra uma recém conhecida. Mas também não queria mentir. Vim aqui pra mudar e preciso fazer isso. Então disse:
_ Bem, eu sou gay. E você é a segunda pessoa a saber disso. _ Ela me encara, seus olhos continuam claros mesmo com a baixa luminosidade.
_ Seu ex foi o primeiro?
_ Sim.
_ E por que sou a segunda a saber? _ Ela não para de olhar pra mim.
_ Porque eu não quero mais me esconder, então me pareceu uma ótima oportunidade mudar de lugar, e agir como sempre quis. Não é tão fácil como parece, mas é melhor do que não fazer o que eu quero.
_ Você está muito decidida, e este é o lugar perfeito pra você.
O garçom chega.
_ Já decidiram o que vão pedir?
_ Trás um vinho tinto malbec 1870. Vou querer o prato número 3.
_ E você? Qual seu prato?
_ O mesmo. _ Respondo, sem nem saber o que iria comer.
O garçom nos deixa a sós. Ela continuava a me encarar e eu fazia o mesmo. Passamos a noite inteira conversando. Quando os pratos chegaram, estavam com uma cara ótima. Muitas folhas e uma carne branca com molho de limão. Estava delicioso.
_ Você quer mais alguma coisa?_ Ela pergunta quando paramos de comer.
_ Não, obrigada. Estou super satisfeita. E você?
_ Também. Tem energia pra caminhar na praia?
_ Claro, adoraria.
Pagamos a conta e fomos caminhar. O mar estava agitado e o céu nublado e escuro. Tiramos os sapatos e sentimos a areia.
_ O que acha? _ Disse Natasha apontando para a imensidão.
_ Incrível. _ Respondi.
Ela se aproximou e olhou nos meus olhos, passou a mão pelo meu ombro e acariciou meu pescoço.
_ Eu não sei se é a noite, se é minha carência ou o vinho, mas estou te achando tão linda que poderia te dar um beijo. _ Ela disse com calma.
Fiquei nervosa, nunca beijei uma mulher, e nem sabia se ela falava sério. De repente sinto seus lábios nos meus, um beijo leve, delicado e maravilhoso. Não sei se estávamos tontas. Não bebemos muito. Mas eu nunca havia bebido, nem posso, só tenho 17 anos.
Depois daquele longo e perfeito beijo, ela segura minha mão e andamos até o carro. Voltamos pro prédio juntas, e ela ainda segura minha mão. Na porta do meu apartamento, ela me beija mais uma vez.
_ Obrigada pela noite. Foi perfeita. Por que você não entra?
_ Está tarde. E você tem que dormir.
_ Não tenho não. As aulas só começam na próxima semana. E eu não quero que você vai embora. Dorme aqui? São só dois andares da sua casa à minha.
_ Kate, eu não posso dormir aqui. Não posso me deitar ao seu lado e simplesmente dormir.
_ Por que não?
_ Porque eu quero te tocar Kate. E não vou fazer isso tão rápido.
_ Eu não quero que vai embora. Pode entrar. Eu corro esse risco com muito prazer.
E ela entra. Meu coração acelera. Tudo o que eu queria era ir pra cama e dormir abraçada. Sentir aquele corpo, e deixar aquela excitação, aquele fogo dentro de mim me dominar.
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Finalmente Eu
RomanceSexta de manhã. Nem acredito que finalmente tudo vai mudar. Estou saindo de casa. Vou pra faculdade. Vou sair do meu velho mundinho familiar onde vivi 17 anos. Não que a minha família seja ruim. Eles são ótimos. Sempre tive de tudo. Os meus pais são...