🍁 Letters for My Major

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BYUN BAEKHYUN

Eu tinha um papel e uma caneta dentre minhas mãos, foi minha única exigência desde que acordei e passei a me sentir melhor, ainda perdido, porém bem melhor.

Mordia a caneta em um ato de ansiedade, o papel em branco me assustava, a folha era tão perfeitamente lisa e branca que eu tinha medo de escrever besteiras nela, mas mesmo assim comecei.

Querido Major, ou melhor, querido Park Chanyeol.

Que o senhor me perdoe se estiver abusando de nossa intimidade para chamar-te pelo nome, mas.          normalmente você diria que isso não era um problema, e que eu não precisava de tantas formalidades, me repreendia até quando lhe prestava continência, dizia que não era necessário que eu fizesse.

Essa é a segunda carta que escrevo na minha vida, então me perdoe qualquer erro.

Eu lembro claramente da primeira carta que eu escrevi, quando minha mãe ainda estava viva, eu te mostrei e você disse:

“Parece um relatório Baekhyun, escreva com o coração.”

Então eu refiz, escrevendo de outra forma, não igual a que seu irmão me ensinou, direta e formal. Escrevi com o coração, e bom, estou fazendo isso de novo.

Não sei como irei te entregar, mas quero lhe fazer perguntas básicas;

Como o senhor esta? Esta se alimentando? Foi rever a família? O que aconteceu? Para onde você foi?

Major, ou melhor... Chanyeol.

Eu acordei faz poucas horas, e ninguém sabe de você, isso é tão angustiante.

Por isso te escrevo, pois necessito falar contigo e não sei onde você esta.

E isso é meu coração que diz, então por favor Chanyeol, volte logo de onde quer que você esteja, ou ao menos mande noticias ao seu menor e mais preocupado soldado, que apenas quer te ver novamente.

Voltarei a escrever em breve, mas não se preocupe comigo, eu estou bem.

Assinado: Byun Baekhyun. ”

Dobrei o papel, simplesmente havia odiado a minha carta, seria mil vezes melhor se eu tivesse feito um relatório.
Sabia que eu não era bom naquilo, mas ainda assim tentava, por um motivo em específico;  Chanyeol tinha uma escrita maravilhosa, ele realmente escrevia com o coração, deixava sua linda caligrafia e palavras emocionantes enfeitarem qualquer folha.

Ele também era capaz de escrever músicas, poesias, discursos, o que quer que fosse, e bom, sempre me motiva a me expressar dessa forma: com o papel.  Dizia que quando eu estivesse triste e quisesse desabafar eu deveria escrever uma carta para mim mesmo, coisa que nunca fiz por simplesmente odiar a maneira que eu escrevia, desde a caligrafia até as palavras usadas, mas mesmo assim, dessa vez eu quis escrever uma carta a Chanyeol.

– Senhor Byun? – A mesma enfermeira de antes entrava, ela parecia feliz, eu apenas lancei a ela um olhar que dava permissão para ela prosseguir.  – Você tem visitas.

Ela disse e de trás dela saiu o oficial Jongin, ele era oficialmente da marítima, mas se juntou a nos durante alguns períodos da guerra.

– Lembra-se de mim, Baekhyun?

O moreno falava invadindo o meu quarto, sorridente como sempre, eu apenas me puis de pé com um pouco de dificuldades devido a dor em meu corpo e então bati uma continência.

– Claro que sim, senhor. – Forcei um sorriso, oficial Kim era bem amigo do major Park Chanyeol, provavelmente teria notícias dele. – O senhor sabe onde esta o Major?

Perguntei e vi uma expressão meio triste no rosto do mais velho, o que me fez desmanchar o sorriso, ao ver que não, ele não tinha conhecimento de onde Chanyeol estava.

– Ele esta bem. – Forçou uma tosse e eu assenti. – Mas não esta aqui, não vai poder te ver agora. – Jongin não costumava ser serio, mas naquele momento parecia se forçar parecer. Ajeitava a farda branca, olhava para os lados, mexia no cabelo totalmente inquieto e então prosseguia. – Mas ele me orientou que te levasse até a casa que vai ficar, ele conversou com uma família que vai ficar com você.

– Não sou uma criança para ser adotado, já sou um homem de vinte e dois anos, eu sei me virar...

– Claro que sabe, porém esta de recuperação ainda, e ainda não tem uma casa, certo? – ele falou e eu tive que concordar, droga. – Você não sera adotado,  apenas vivera lá até ter dinheiro para comprar uma casa, foi o Chanyeol que quis assim.

– Se for assim, tudo bem. – assenti mesmo contra minha própria vontade.

– Amanha volto para te buscar, agora descanse.

Bati outra continência para o Kim e então ele se retirou e eu pude voltar a me deitar.

O dia passou voando, eu até pensei em escrever outra carta para Chanyeol, mas estava imerso de mais nas minhas lembranças para me concentrar em um papel.

Flashback

Era nossa primeira batalha, eu estava com tanto medo, não podia negar.

– Ei, garoto. – Chanyeol me chamou e eu olhei para ele, ajeitando a farda em meu corpo e então tateando minha munição afim de chechar se estava tudo certo. – Você não precisa ficar nervoso, vai dar tudo certo.

– Eu não estou com medo, senhor.

– Não precisa falar de forma formal comigo, você sabe disso, quando estamos apenas nós dois, somos amigos. – Ele falou e eu sorri, assentindo com a cabeça de forma firme, porém logo relaxando um pouco. – Eu sei que você esta nervoso Baekkie...  E com medo.

Eu acabei fazendo uma careta, não queria que ele soubesse das minhas fraquezas.
Nos últimos dias, ele havia me treinado muito para que eu evoluísse.

– Tudo bem... Eu também estou.

Pensei, era possível que Park Chanyeol sentisse medo?

Obviamente, ele tinha sentimentos, não era uma máquina, mas... Parecia tão corajoso, totalmente o contrário de mim, mas estávamos sentindo a mesma coisa.  Como isso é possível?

– Sêrio?

– Sim...  Eu não sei o que vai acontecer lá, mas... Eu estou fazendo isso pela minha família, pelo meu país, então aconteça o que acontecer, eu vou dar o meu melhor.

– Eu também.

Assenti com a cabeça e ele me puxou para um abraço, ato que me deu um pouquinho, só um pouquinho, de coragem.

O abraço foi rápido, logo ele me soltou e começou a tatear algumas partes de meu corpo, checando minha farda, armas e munições, coisas que eu já tinha feito, por último assentiu e nos juntamos aos outros soldados, iríamos partir logo.

Ele estava certo, não dava para saber o que estava pela frente, o exército do Iraque era extremamente traiçoeiro e sem contar a alta armação deles.
Também tínhamos estudado um pouco sobre eles, e bom, pelo que aprendi, os mesmos eram suicidas, não tinham medo de morrer, podiam explodir uma bomba em nós mesmo que isso os matassem também.

Mas eu não queria pensar nisso.

E bom, ao menos de uma coisa tenho pleno conhecimento: Major Park Chanyeol tinha acabado de me salvar de uma crise de ansiedade antes da minha primeira batalha.

MY MAJOR ~ chanbaek (REPOSTANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora