Fuga da realidade

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As memórias são como sonhos. Elas desaparecem com o tempo e a linha que as une se transforma numa frágil linha que pode facilmente se romper. No meu caso, não havia memórias do passado nem sonhos - apenas uma voz interior que me disse para correr.

Algumas semanas antes...

Mount Vernon - 08:27

Lauren Jauregui POV

Vários raios de sol atravessavam as copas das árvores e aqueciam o meu rosto. Eu abri os olhos e vi grandes flocos de neve caindo lentamente em cima de mim. Eu tentei me levantar mas uma forte dor localizada na minha cabeça me parou.

- Argh.. Está doendo! - Falei enquanto estava tentando me levantar.

Poucos minutos depois percebi do ambiente ao meu redor.

- Como é que eu vim parar aqui? - Me pergunto completamente confusa.

Aos poucos fui gritando por ajuda, mas foi em vão. Eu estava tentando me lembrar do que aconteceu, tentando lembrar de como vim parar aqui nesse lugar aparentemente abandonado.

Segurei na árvore ao meu lado e finalmente consegui me levantar. Contudo, os movimentos bruscos me causaram fortes tonturas e instintivamente fechei os olhos.

- Tem que ser... Não posso ficar aqui. Eu tenho que encontrar ajuda.

Eu estava me movendo lentamente, de árvore em árvore, tentando perceber qualquer pista que me ajudasse a encontrar a saída da floresta.

- O que é que eu estou fazendo? E se eu estiver indo cada vez mais fundo na floresta? E se ninguém nunca me encontrar? - Novamente gritei por ajuda, eu escutei atentamente, mas não houve nenhuma resposta. O único som que eu conseguia ouvir era o meu forte batimento cardíaco. Eu sabia que o medo era o meu maior inimigo nestas situações, por isso, eu me dei algum tempo para me acalmar.

- Eu vou ficar bem...

Eu estava com esperança de ouvir alguém chamar o meu nome e procurar por mim, mas depois percebi...

- O meu nome... Eu não consigo me lembrar do meu nome! Droga! Isso não pode ser possível!

Eu estava desesperada porque estava desamparada. Eu estava com tanta raiva que cerrei o meu punho e dei um soco numa árvore. A pulseira que eu estava usando se quebrou e caiu no chão. Eu peguei nela e olhei-a com atenção. Eu nunca diria que essa pulseira fosse minha. Eu não me lembro de como a consegui... Sinto muito que tenha se quebrado, mas vou consertá-la.

Eu observei-a com cuidado e procurando o seu fecho e admirando a bela fileira de pedras de que era feita. Por acaso, notei numa assinatura gravada número das pedras...

"Filha...". Esta não pode ser a única palavra gravada... Eu examinei minuciosamente toda a pulseira e encontrei mais palavras gravadas. Então tudo fez sentindo. "Para a minha amada filha, Lauren."

Eu continuei andando e repetindo o nome gravado na pulseira, esperando que isso me fizesse lembrar de alguma coisa.

- Provavelmente é o meu nome, mas como posso ter certeza? Não me soa nada familiar... Lauren. Eu sou a Lauren.

O som estava descendo quando cheguei à beira da floresta. Eu estava com frio, sede e fome, mas eu não ia desistir. Eu vi uma linda aldeia na minha frente, coberta de neve e escondida num vale entre todas as colinas e montanhas. O único problema era que eu estava no topo da colina e perto de mim não havia nenhum caminho para descer.

- Finalmente! Talvez agora alguém ouça o meu pedido de ajuda. Socorro! - Gritei mas pelo o que parece, ninguém vai me escutar.

Eu queria gritar a plenos pulmões, mas minhas palavras eram pouco mais altas que um sussurro. Eu estava exausta... Um barulho vindo por trás de mim me acordou do estado meio adormecida. Instintivamente me escondi atrás de uma árvore.

- Tem alguém atrás de mim!

Eu reuni o que restava das minhas forças e comecei a correr. Eu mal cheguei a dar alguns passos quando percebi que eu não estava me movendo tão rápido quanto queria. A neve fundo sob os meus pés estava me atrasando. Eu me virei por um segundo para ver quem estava me perseguindo, mas aquele segundo de descuido foi o suficiente, e eu escorreguei...

- Aaaaaah!! Nããão!

Eu pensei que esse seria o meu fim. A última coisa que eu veria seria o rosto dela - o rosto de uma linda mulher que estava me perseguindo. Mas eu estava errada... Eu só teria que a agradecê-la por ter me salvado. Ela segurou na minha mão de forma hábil e rápida e me salvou de cair no abismo. Eu fiquei cara a cara com ela...

- Ups! Essa foi por pouco! Te segurei! - Disse ela com um lindo sorriso no rosto por ter conseguido me salvar.

- Obrigada! Eu estava tão assustada... - Falei em um tom amigável e ao mesmo tempo confusa.

- Eu vi que você estava apavorada e fiquei com medo que isso acontecesse. Você quase caiu no abismo!

- Eu pensei que você estava me perseguindo...

- Não, eu nunca faria isso! Eu só queria saber o que você está fazendo aqui sozinha nessa floresta... Eu fiquei preocupada.

Eu demorei algum tempo para me acalmar e dar uma boa olhada nela. Ela era linda e o cabelo um tom de castanho escuro, um sorriso lindo, enquanto que os seus olhos tinham um brilho mágico que poderia fazer qualquer um sorrir. Mesmo eu numa situação como aquela. As pessoas dizem que os olhos nunca mentem, mas os dela eram muito misteriosos. Eles eram lindos e ao mesmo tempo me fizeram sorrir.

- Vamos começar outra vez. O meu nome é Camila. - Diz ela com um sorriso simpático no rosto.

- Olá, Camila. Eu sou a Lauren. - Falei um pouco tímida.

- Prazer em te conhecer, Lauren. Agora eu irei te ajudar e te mostrar o caminho para a aldeia.

- Obrigada. Também estou precisando descansar um pouco. Acho que estou há dias aqui nessa floresta...

- Dias?! Lauren, vamos, irei levar você para a minha casa e assim que você se recuperar, você poderá me contar o que aconteceu e como veio parar aqui nesta floresta. - Disse ela um tanto preocupada.

Ela me abraçou pela minha cintura e eu coloquei a minha mão à volta do seu pescoço.

- Devagar... Está muito escorregadio.

A adrenalina que estava correndo pelo meu corpo começou a diminuir lentamente. Eu comecei a sentir dor nos meus dedos dos pés congelados e músculos enfraquecidos.

Amnesia - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora