Epílogo

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Em uma fuga desesperada, Emmy corta o ar em passadas rápidas, sua respiração ecoando entre as árvores que parecem sussurrar segredos sombrios. Cada galho seco e pontiagudo se torna um desafio, mas ela corre com uma força que transcende o físico, embora saiba que a corrida é uma batalha que nunca será vencida. A vontade de gritar se mistura ao silêncio opressor da floresta, deixando apenas o som rítmico de suas passadas como testemunha de sua angústia.


As árvores, retorcidas e envelhecidas, observam em silêncio, suas sombras dançando ao ritmo frenético de Emmy. O ar seco se fecha ao redor, nenhum som perturbando a quietude, criando a ilusão de uma eternidade em que as árvores se transformam em sentinelas misteriosas. Um estrondo ecoa quando a perna de Emmy cede, quebrando o silêncio com o impacto no chão. O gosto amargo da terra invade sua boca, mas é superado pela dor aguda ao perceber que seu pulso está rasgado, um osso exposto. O grito, como um prisioneiro, se perde na garganta, sufocado pela intensidade da dor.

À beira do rio, as marcas vermelhas e roxas em seu corpo são testemunhas visíveis de uma batalha desconhecida. Sentada, Emmy respira fundo, seu corpo marcado e alma inquieta, um turbilhão de emoções contido. Entre inspirações e expirações, ela busca acalmar a tempestade interna, seus pulmões ardem como brasas alimentadas pelo desespero.

A decisão de mergulhar no rio é um ato de renascimento ou rendição, uma tentativa de lavar as manchas de sangue e a fragilidade impotente de sua situação. Cada passo doloroso em direção à água é uma jornada de resistência, a fraqueza contrastando com a correnteza gelada. Ao se entregar à imensidão do rio, seu corpo é envolto pela água que parece absorver as marcas da luta.

Embaixo d'água, Emmy aperta os braços ao redor de si mesma, um grito silencioso ecoando através das bolhas. O mundo subaquático torna-se um santuário, onde ela enfrenta a dor física e as feridas mentais. Uma calma inesperada se instala, e enquanto seus pulmões queimam, Emmy descobre um alívio momentâneo na profundidade silenciosa, questionando se, ao ignorar a dor, poderá finalmente fazer as feridas desaparecerem.

Head's under waterWhere stories live. Discover now