Coloque a música abaixo por favor, a leitura irá fluir
No cair da profunda noite,
sentado a tocar
ele percorre o piano ,
dando premissão para a lua o vislumbrar.
Ele não era real
ele era arte pura.
E essa arte não é para ser agradável
mas sentida.
Os seus olhos guardam promessas proíbidas.
Aquelas memórias sem vida
apoderam-se da minha mente,
trazendo velhos fantasmas
que me assombram dolorosamente.
Quem és tu, pianista?
Porque me tomas lentamente?
Com um toque leve, embalada pela canção
eu oiço o canto do seu perdão.
Escorrem-lhe lágrimas pelo rosto
relembrando-me aquela traição.
Seus lábios beijam as feridas profundas,
consagradas no meu coração.
Seus dedos percorrem as minhas cicatrizes internas,
que a vida me entregou.
O som do piano envolve-se com a minha respiração.
Caminhando lado a lado nos toques agudos da canção,
nasce uma luta, propaga-se uma agitação.
Domada pela dor, o pianista envolve a minha mão.
Uma chama elouquecida
abraça os amantes,
que outrora esteve desaparecida.
Um aviso em cada nota,
entre beijos roubados de paixão,
eu não consigo entender,
como sucedeu aquela ligação.
Talvez ele toque algo,
que só eu consiga ouvir,
algo que só consiga sentir.
Ou talvez é aquela fome ,presa nas masmorras do meu profundo ser,
que anseia pelo seu toque com devoção.
Pianista quem és tu?
Pianista, que fantasma envergas tu?
J.R