Capítulo 4

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SAM

DARWIN, AUSTRÁLIA

— Quando ele disse "Avião" eu tinha uma imagem completamente diferente em mente – Sam disse. — Eu estava à espera de me sentar do lado da janela.

— Todos os assentos têm uma janela – Seis observou, enquanto se sentava em uma das poltronas de couro do Gulfstream G650 e a girou. Ela passou as mãos sobre o trabalho em carpintaria que reluzia. O jato era incrível.

— Viram a TV de tela plana? – perguntou James, ao entrar na cabine. — Tem uma biblioteca digital. Podem assistir online qualquer filme que desejarem.

Mothra vs. Godzilla? – perguntou Sam, indo imediatamente até a televisão e pedindo para ela exibir o que tinha gravado em  coleção.

— Você gosta dos filmes do kaiju? – James perguntou.

— Com certeza – Sam disse. — Eles são ótimos. Gamera. Rodan. Hedorah.

— Hedorah! – James disse. — O monstro do pântano. Geralmente ninguém gosta dele, mas ele é um dos meus favoritos.

— Você também não – disse Seis, resmungando.

— Talvez eu pensaria que depois de ter sido atacado pelo que basicamente era um kaiju no ano passado, este tipo de filme devia ser, sabem, instigante – James disse para Sam.

— Oh – disse Sam, parecendo pensativo. — Certo. O Mogassauro. Sabe, eu nunca tinha pensado dessa forma. Mas eu acho que tem razão – ele virou-se para Seis. — Ei, eu aposto que conseguia escrever um roteiro excelente para Godzilla vs. o Mogassauro. A ficção cientifica iria amar.

— Temos uma dispensa totalmente equipada – James anunciou enquanto Seis abanava a cabeça. — A maioria são coisas prontas. Atrás desta cabine há uma menor com uma poltrona que se transforma numa cama. Estas cadeiras também são inclináveis, então também podem dormir nelas. Há banheiros tanto aqui como para lá. O resto de vocês podem muito bem descobrir sozinhos.

— Agora tudo o que precisamos é alguém que possa pilotá-lo – disse Seis.

— Eu poderia – Sam sugeriu, parecendo animado. — Eu só preciso me conectar com o sistema de controle de voo – ele virou a cabeça, concentrando-se para entrar no sistema interno do avião.

— Tenho certeza que podias – James disse. — Mas eu suponho que a AFA teria alguns problemas com isso. Por sorte, eu sou piloto.

— Tu? – Seis disse.

— Capitão Kirk, a seu dispor – James disse, cumprimentando.

Seis fitou ele com um olhar. — Que conveniente – ela disse.

— Ninguém duvida que vocês podem cuidar de vocês mesmos – James disse, retrucando a insinuação dela. — O meu papel primário nesta missão é pilotar o avião. Entretanto, eu posso ser útil no futuro. A pensar nas suas habilidades únicas, vocês dois ainda são adolescentes, além de famosos. Haverá ocasiões em que minha presença facilitará a aceitação dos outros com relação ao envolvimento de vocês, para que possam fazer o vosso serviço.

— Espere um pouco – Sam disse. — Você é o capitão Kirk. James Kirk.

James sorriu.

— Por favor diz-me que a inicial do teu nome do meio é T – disse Sam.

— De Thomas – James disse. — Não Tiberius. Embora foi totalmente acidental. Os meus pais não fizeram de propósito. Eles não têm senso de humor.

— Eu não estou a entender nada desta conversa.

— Por ser uma alienígena, o teu conhecimento de ficção científica humana está seriamente zerado – Sam provocou. — Por quanto tempo viveste aqui sem saber quem é o capitão James T. Kirk?

— Aparentemente, é ele – Seis disse, apontando para James.

— Se aquela coisa tiver Star Trek na biblioteca, terás uma grande aula de história – Sam disse, gesticulando para a TV.

— Eu preciso preparar a decolagem – James disse. — A viagem aérea até Darwin dura um pouco mais que vinte e quatro horas. Teremos que fazer paradas em Copenhagen e Singapura, mas não precisam de desembarcar. Devemos chegar em Darwin amanhã na parte da tarde, no horário da Austrália.

James desapareceu dentro da cabine do piloto. Sam sentou-se. Logo depois, a voz de James saiu dos alto-falantes, dizendo-lhes  para se prepararem para a decolagem. Seis e Sam colocaram os cintos de segurança, e Sam observou pela janela enquanto o avião se posicionava, ganhando vida pela pista, e depois levantou-se do chão.

Alguns minutos depois, James falou através dos alto-falantes novamente: — Atenção, passageiros, vocês agora estão autorizados a andar pela cabine.

Sam sorriu. — Eu gosto dele – ele disse.

— Hmm – Seis disse. 

Ela pegou numa das pastas que McKenna lhes entregou com informações sobre a missão deles, e começou a olhar os papeis que estavam lá dentro. Sam abriu a sua própria pasta. Ele começou a ler, mas continuava a observar Seis. Ela estava com aquela expressão que significava que ela estava processando informações, tentando juntar as peças do quebra-cabeças para que fizessem sentido. Era uma expressão que ele já havia visto milhares de vezes. E a deixava mais linda do que ela já era. Ele sentiu seu coração acelerar um pouco. Seis olhou para ele como se tivesse percebido.

— O que foi? – ela perguntou.

Sam mexeu a cabeça. — Nada – ele disse. — Eu só estava a admirar-te.

É  bem incrível – Seis disse. — Mas ouve. Este incidente não faz sentido. Cinquenta pessoas foram massacradas. Uma vila inteira. Tudo isso para que quem quer que seja pudesse levar uma criança. Por quê?

— Para que ninguém pudesse ter uma descrição de quem a levou?

— Se estivesses preocupado com isso, usavas máscaras – Seis disse. — Há outras opções além de matar cinquenta pessoas.Só fazes isso porque queres fazer.

— Achas que foram os Mogs? – Sam perguntou. — Isto é algo que eles fariam.

— Pode ser – Seis disse. — Mas duvido. A maioria deles está contida. Definitivamente alguém com um senso sádico forte.

Sam voltou-se para os arquivos. Havia um sobrevivente do ataque da vila, uma garotinha de cinco anos chamada Miah. Eles encontraram-na escondida embaixo de uma das casas. Foi ela quem contou aos socorristas que um menino havia sido levado. Também era ela quem ele e Seis estavam a caminho para visitar.

— O quanto esta rapariga será capaz de nos dizer? – Sam perguntou.

— Vamos descobrir – Seis disse. — Mas podemos ser surpreendidos. Crianças percebem um monte de coisas que os adultos deixam passar, ou pelo menos as coisas diferentes. Ela pode ser uma boa fonte de informação.

Ou ela pode estar tão aterrorizada que não se lembra de nada, Sam pensou. 

The Legacy Chronicles-Out Of The Ashes// As Crónicas do Legado- CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora