Prefácio

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 A ruptura com nossas raízes, o sentimento de abandono e a falta de amparo, ao mesmo tempo levam à dor visceral e à raiva, como também, podem gerar a necessidade de construir pontes para a criatividade, a completude e a alegria.

Na busca dessa complexidade, Marissol Lourenço Hermann Teixeira conta-nos, através do seu segundo livro, as histórias de personagens que cruzaram os mares e o território brasileiro e que foram viver no Serro do Frio nas Geraes ao longo do século XIX, época da decadência da exploração do ouro e dos diamantes e do aparecimento da pecuária e da agricultura de subsistência.

De Portugal e da África, passando pelo porto do Rio de Janeiro, chegaram no interior do Brasil homens negros e a festa do Congo; homens que criaram e produziram e que ao mesmo tempo perderam parte de si pelo caminho; mulheres brancas e frágeis que perceberam o que é amor; e mulheres fortes que rezaram, partejaram, curaram e maternaram.

Fruto de pesquisa histórica e do mergulho em sua psique, a autora "pariu" o Rei do Congo após uma delicada gestação, concomitante a sua mudança de uma cidade grande, tensa e corrida para uma pequena cidade no interior de Minas, onde o dia e a noite ficaram mais longos e quando um novo ritmo pode ser dado ao tempo.

Esses ricos personagens cresceram e se desenvolveram na alma de Marissol e, através de sua escrita, ganharam vida literária dando-nos a oportunidade conhecer suas poesias, conflitos, belezas e sofrimentos. Eles buscaram uma forma de consciência que pudesse aplacar suas dores morais e dar sentido às suas existências, a exemplo do que cada um de nós deveria fazer em sua trajetória de vida.

Que Nossa Senhora do Rosário nos abençoe em nossos propósitos e boa leitura!

Maura Soares

Médica e psicoterapeuta

Rei do CongoOnde histórias criam vida. Descubra agora