2. ride (♥)

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Ok, ok. Talvez eu seja louca.

Quem em sã consciência oferece carona para uma estranha? Não paro de pensar nisso enquanto caminhamos para fora da biblioteca em direção ao meu carro. Eu sei que é loucura mas senti algo diferente quando a vi, como se eu precisasse me aproximar de algum jeito.
Ela deve me achar uma maluca, mas eu também estou surpresa, por quê ela aceitou?
Pobre garota inocente.

— Obrigada por isso — Bora diz quando abro a porta e faço sinal para que ela entre.
— Imagina, não precisa me agradecer! — mostro um sorriso, nervosa.
— Então... onde você mora? — pergunto enquanto colocamos o cinto de segurança.

Meu Deus isso deve ter soado muito estranho, eu acabei de conhecer a garota!

— Não precisa dizer seu endereço exato! — exclamo antes que ela começasse a falar — Eu sei que parece estranho alguém te oferecer uma carona assim, então se você quiser eu posso te deixar em algum lugar perto da sua casa — sorrio novamente tentando tranquiliza-la.

Ela me encara com a boca um pouco aberta, parecendo confusa e meio assustada, mas logo volta ao normal.
— É meio longe daqui, perto da Universidade de Seul — informa — você pode me deixar lá?
— Ok, sem problemas — assinto.

Então partimos.

— O trânsito está caótico — ela diz enquanto olha para fora, depois de uns dez minutos que já saímos da biblioteca.
— Sério?
— Você não acha? — me olha, surpresa.
— Pra mim tá de boa, já devo ter me acostumado. Sempre saio nesse horário e, vai por mim, nós estamos com sorte hoje.
— Você trabalha lá há muito tempo? — pergunta a moça.
— Acho que fazem uns dois ou três anos — eu respondo.
— Admiro a guerreira que és! Já faz algum tempo que eu moro aqui mas ainda fico nervosa com a quantidade de carros nessa cidade — ela fala em tom de brincadeira, sorrindo.

— De onde você é? — pergunto curiosa.
— De Masanhappo-gu — ela responde e logo volta sua atenção ao celular.

Enquanto os carros estão parados no congestionamento, eu a observo sem que ela perceba.

Nossa, como ela é linda! Poxa nenhum defeito!

Um carro buzina e eu percebo que o sinal já abriu. Seguimos viagem e um silêncio prevalece.

Para tentar quebrar o clima chato, ligo o rádio. Está tocando Brig me to life do Evanescense e para minha surpresa vejo Bora cantarolando a letra.
Não consigo evitar uma risada.
— Ai meu deus, eu estraguei a música não foi? — diz quando percebe que estou rindo. Ela cora, envergonhada e cobre a boca com as mãos.

Que vontade de guarda-la num potinho!

— Não é nada disso! É só que, é engraçado pensar que até alguém como você já passou pela fase emo.

Rimos juntas. Ela veste uma blusa cor-de-rosa lisa, de mangas compridas com um short branco e sapatilhas, que tipo de roqueira seria ela?!
— Eu acho que ninguém conseguiu não usar preto, ouvir músicas tristes e choramingar pelos cantos na adolescência — diz com um pequeno sorriso.
— Quem me dera isso tivesse ficado na minha adolescência — falo séria.

Bora me lança um olhar de surpresa e dó.
— É brincadeira — volto a rir e a expressão dela se tranquiliza.
— É que eu continuo gostando de rock, e você do que gosta? — pergunto, olhando para um carro que acaba de trocar de faixa sem  ter ligado a seta antes.
— Tenho um gosto eclético, ouço um pouco de tudo, mas principalmente músicas que me façam dançar — respondeu a garota.

Midnight ㅡ dreamcatcher Onde histórias criam vida. Descubra agora