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Passo pelas sofisticadas portas de vidro do meu local de trabalho com um sorriso no rosto, esse dia não ter como piorar.

Ao passar pela recepção recebo um olhar preocupado das secretarias. Desconfiada aperto o passo para chegar logo ao meu escritório.

Alice não está na sua mesa quando chego ao 23 andar , o que é normalmente estranho. Ela sempre está lá para me desejar bom dia ou me deixar por cima de meus assuntos. Chego à conclusão de que ela deve ter se atrasado pela primeira vez na vida.

Entro na minha sala deixando meu casaco e bolsa no suporte perto da porta e vou até minha mesa. Quando acabo de me sentar, Alice abre a porta num movimento tão rápido que uma jorrada de ar fez meus cabelos balançarem. No seu rosto estava uma expressão preocupada e cansada.

- Alice? Está tudo bem?

Ela me encarou surpresa, como se não acreditasse no que havia saído de minha boca.

- Srta. Clark, a senhora por acaso se lembra de que dia é hoje?

Viro a cabeça lentamente até meu calendário que fica pendurado na parede esquerda. Lá, o "Dia M" estava sinalizado com varias marcações em vermelho. Meu coração quase sai pela boca.

Completamente atordoada me dirijo a Alice.

- Peça os relatórios para cada chefe de cada andar. Agora!

- Sim Srta. Clark - ela diz e olha para seu tablet - Já recebi os relatórios dos andares 1 e 4.

- Ótimo. Mande - os para o escritório para serem impressos. E avise para cada diretor estar na sala de reuniões com 10 minutos de antecedência.

- Sim Srta.

Ela já se virava para sair em disparada pela porta mas a interrompi.

- Alice!

- Sim?

- A que horas ele chega?

Ela checa mais uma vez no seu tablet antes de me responder.

- Ele chega às 11:30

- Obrigada

Alice se vira e fecha a porta antes mesmo de eu reparar que ela havia saído.

Olho para meu relógio de pulso. Já eram 10:27. Todos teríamos que correr contra o tempo se quiséssemos todos os relatórios.

O tão temido "Dia M" era a abreviação do "Dia da Morte". Todo dia 16 de cada mês meu pai vinha até a empresa para saber como estava indo seu querido negócio.

Apesar de todas as boas estatísticas apresentadas nas reuniões, ele nunca estava satisfeito, e isso resultava em gritaria dentro da minha sala. Eu recebia mais e mais sermões.

Enquanto Alice ficava me atualizando da nossa atual situação, eu trabalhava para finalizar algumas coisas em meu computador. Mesmo já sabendo dos resultados eu tentava deixar tudo perfeito.

Consegui terminar tudo o que precisava. Olhei o relógio. 11:24.

Alice bateu na minha porta logo em seguida com seu tablet em mãos e com o olhar aterrorizado.

- Ele chegou - sua voz tremia com certo terror

- Eu já estou indo.

Peguei todos os documentos que precisava e fui até a sala de reuniões principal.

O caminho todo fui decorando minhas falas.

Ao parar em frente à porta minhas mãos suavam. Rapidamente sequei- as na saia e entrei na sala.

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⏰ Última atualização: Jan 08, 2019 ⏰

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O idiota do acampamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora