Política Social e Gramsci - Diálogos interdisciplinares com outros autores

Introdução ao estudo sobre as políticas sociais.

Introdução ao estudo sobre as políticas sociais.

Iniciaremos o nosso estudo com algumas categorias e conceitos da área sociológica e da teoria política para buscarmos a compreensão sobre o constructo sociohistórico das políticas sociais no âmbito da sociedade capitalista.

A maioria das categorias utilizadas é do constructo do pensamento gramsciano, porém há categorias marxianas, lukacsianas e leninistas, além de outros autores ligados às ciências humanas e sociais.

Iniciaremos com a conceituação de Sociedades Ocidentais e Orientais, e sua relação para a conformação do capitalismo como molde de vida sociopolítico e econômico. Outros conceitos e categorias em Gramsci e de outros autores serão trabalhados, como:

-Perspectiva Bismarckiana;

-Perspectiva Beveridgiana;

-Capitalismo Central;

-Capitalismo Periférico;

Capitalismo Maduro e Tardio.

a- Sociedades Ocidentais, Orientais e em processo de Ocidentalização.

a.1-Sociedades Ocidentais

São sociedades que passaram do capitalismo concorrencial para o monopolista com a participação das classes subalternas (em especial a classe trabalhadora e campesinato) juntamente com as classes intermediárias (intelectuais) e a classe burguesa (detentora do capital). Tais passagens foram em meio de conflitos, batalhas e guerras que transformaram de modo profundo tais sociedades, que de primeira teve o protagonismo dos trabalhadores, porém o mesmo foi perdido com a ascensão burguesa e a consolidação conservadora do capital.

Exemplos:

· Inglaterra (Revolução Gloriosa de 1640 e 1688);

· França (Revolução Burguesa – 1789);

· EUA (Guerra da Secessão – 1861-1865);

· Alemanha (Unificação Alemã – 1870);

· Itália (Risorgimento – 1870).

Algumas características são importantes para a consolidação das sociedades ocidentais, tais como:

· Reconhecimento da "Questão Social" pelo Estado Burguês;

· Políticas Sociais como instrumentos para atender as demandas materializadas pelas classes subalternas (trabalhadora);

· Surgimento da materialidade institucionalizada da profissão de Serviço Social.

· Consolidação de um Estado de Bem – Estar.

· Políticas Sociais como "salários indiretos" que desobriga o salário direto de outras despesas (moradia, transporte, saúde, educação, etc) e deixá-lo apenas para o consumo.

Nesta configuração societária, o Estado possui uma relação quase igualitária e equitativa com os segmentos da sociedade civil, no qual se legitima através de consensos. A sociedade civil se transforma em um ente/agente forte e instrumento de pressão por novas demandas atendidas para os segmentos societários que a compõem, através dos denominados aparelhos privados de hegemonia.

a.2-Sociedades Orientais

São sociedades que passaram apenas o capitalismo concorrencial mediante a consolidação de um Estado forte e autoritário. Nas "sociedades orientais" não foi desenvolvida uma sociedade civil forte e autônoma, e o Estado é o mandatário único da vida social nestes países e territórios, cuja sociedade civil é primitiva e gelatinosa, não possuindo os seus aparelhos privados.