Capítulo Um

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_Onde está a Lady Charlote? -Disse Steve esfregando a testa com os dedos para aliviar a dor de cabeça.

Infelizmente, naquele dia, a atriz que iria fazer o papel de Lady Charlote havia pegado um resfriado e não pôde comparecer na própria estreia. Steve podia sentir que a qualquer momento ele teria um surto psicótico. Ele olhou por de trás das cortinas e viu cada poltrona ser preenchida por alguém diferente e daquela vez o teatro estava especialmente cheio. Sentiu uma pontada de orgulho por ser reconhecido, embora não da forma que queria.

Steve olhou para o lado exatamente na hora que um homem rechonchudo usando um vestido balão, que mais parecia um bolo de casamento, apresentou-se:

_Eu irei fazer papel de Lady Charlote no lugar de Lesley. -Disse com uma voz insinuosa, fazendo o possível para parecer uma Lady.

Steve respirou fundo, imaginando que talvez sua fama de Dom Burlesco nunca desaparecesse.

_Que seja!-Ele disse dando de ombros, saindo com passos largos do palco.

Steve se acomodou na sua poltrona do camarote, onde podia ver melhor a peça e o público. Ele gostava de observar as reações das pessoas enquanto elas viam sua obra.

Foi quando viu um jovenzinho sentar-se de maneira muito deselegante na poltrona ao seu lado. O pequeno garoto se acomodou e cruzou as mãos em seu colo, como se fosse um homem a espera de uma grande apresentação. O menino começou assoviar distraído até que posicionou a atenção em Steve.

_Como vai? -Disse acenando com a cabeça.

Steve achou o rapazinho muito confiante e retribuiu o aceno.

Um homem de cabelos grisalhos passou perto do camarote o que fez com que o garoto se abaixasse ainda mais na poltrona.

_A polícia está procurando ladrões? -Perguntou o menino sussurrando.

Steve achou graça e disse em tom de ironia:

_Está só checando as redondezas.

O garoto assentiu.

_Você é um dos procurados?

_Ah, sim. Sou especialista em roubos de guloseimas.

Steve fez uma expressão de admiração.

_Admiro muito essa especialidade.

_Mas sempre deixo o dinheiro no balcão. -Disse balançando os pesinhos.

_Não tenho dúvidas disso. -Steve disse sorrindo.

De uma forma muito inesperada, o homem de cabelos grisalhos apareceu diante de Steve e do garotinho com uma expressão severa.

_John, o que pensa que está fazendo?!

Pegou o menino nos braços.

_Sinto muito, senhor, pelo incômodo. -Disse o homem a Steve.

_Não houve incômodos, só peço que não o leve para masmorra.

O homem olhou com desaprovação para o filho.

_ Está a vida inteira de castigo.

O menino acenou um adeus com as pequenas mãos enquanto era levado pelo pai.

🎩🌂

Os Brown desceram da carruagem e Evelyn seguiu Richard até a entrada do teatro exorbitantemente iluminado. Evelyn leu o nome da peça no imenso painel e gostou do que viu. Já que era para lembrar-se de alguém que a fazia triste, lembrar sorrindo parecia um perfeito paradoxo. Apreciou ainda mais o autor ser chamado de Dom Burlesco deixando um mistério no ar de quem realmente a escrevera. E se havia algo de que Evelyn gostasse era de enigmas. A peça permaneceria sendo exibida durante uma semana inteira e Evelyn pensava que peças daquele tipo seria um ótimo entretenimento durante o verão.

Evelyn adentrou ao teatro e no hall avistou algumas pessoas conhecidas e desconhecidas. Empalideceu ao ver Gisele Jones, aquela mulher havia tornado os dias de sua mãe mais difíceis enquanto ela estava viva.

Gisele Jones havia crescido com Kate Darling no orfanato de Derbyshire. As duas tiveram um futuro diferente. Gisele se doou aos prazeres da carne enquanto Kate se esforçara desde pequena no balé que ofereciam ás meninas carentes. Logo viram que Kate tinha potencial e a enviaram a uma escola de balé profissional. Kate cresceu, amadureceu, aprendeu sobre varias coisas diferentes e se apaixonou perdidamente pelo teatro. Tornou-se uma grande atriz despertando o ódio de Gisele que também se tornara atriz, mas não chegava nem aos pés de Kate.

Evelyn toda vez que a via evitava contato, então tentou ficar o mais longe possível, sempre se desviando da atenção de Gisele. No fundo Evelyn sabia o que sentia a respeito daquela mulher, não era ódio. Evelyn sentia uma imensa dó dela, mas se recusava a esse sentimento desde que se entendia por gente. Evelyn não se permitiria sentir piedade, nem dela muito menos dos outros. Para ela o sentimento de dó não ajudava ambas as partes. Evelyn sentia que o mundo estava estagnado pelo sentimento de compaixão exacerbado sem atitude. E ela não era uma mulher sem atitude, sem piedade era uma jovem órfã de mãe mais forte.

_Aí está você. -Disse Merle se aproximando. -Vamos?-Merle deu o braço à irmã e os dois entraram oficialmente no teatro, o local onde podiam assistir à peça exibida naquele dia.

_Adivinha quem está aqui? -Evelyn sussurrou no ouvido do irmão.

_Não sei, Shakespeare?

_Não idiota.

_Edmond Rostand?

Evelyn lhe ofereceu um olhar cansado.

_Realmente não sei. -Merle proferiu sorrindo.

_Gisele Jones.

_Argh, odeio essa mulher. -Merle fez menção de olhar para trás.

Evelyn deu um beliscão no braço do irmão.

_Ai! -Disse ele massageando o local. -O que foi?

Ela fez uma expressão como se quisesse dizer "Não é óbvio".

Neste instante o Sr. Brown passou pelo os dois e depois desapareceu novamente.

_John desapareceu. -Explicou Merle.

O sumiço do irmão mais novo já não era uma grande preocupação, ele sempre era encontrado e proferia o mesmo discurso, como algo sobre está apreciando novos horizontes.

O sumiço do irmão mais novo já não era uma grande preocupação, ele sempre era encontrado e proferia o mesmo discurso, como algo sobre está apreciando novos horizontes

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Ela não é uma DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora