Único

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Percebi que soprava o ar quente em suas mãos e as esfregava umas contra as outras para aliviar aquela sensação incômoda do frio.

Sem pensar duas vezes, peguei suas mãos e as enfiei no bolso do meu casaco.

- E-ei, o que está fazendo? - perguntou Changbin, claramente surpreso e envergonhado com tal gesto repentino.

- Você claramente está com frio. Não reclame e aceite minha rara boa ação - disse sem parar de andar ou olhar para frente.

Percebi pelo canto dos olhos seu rosto ficar vermelho, mas apenas balançou a cabeça num gesto positivo.

- Obrigado - disse por fim.

Essa pequena situação que vivo nesse exato momento me trouxe uma felicidade inexplicável. Senti meu coração bater mais rápido e um sorriso se formar em meu rosto, mas fiz o possível para o escondê-lo. São esses tipos de sentimento e ações que se manifestam em mim quando estou com Changbin. Um sentimento de alegria, calor, como se só estivéssemos nós dois, em um mundo só nosso, onde podemos ser felizes a qualquer momento.

- Suas mãos são pequenas - eu disse acariciando com o dedão sua mão que eu segurava ainda dentro do bolso do meu casaco.

- Eu sou inteiramente pequeno, então isso faz sentido. Por quê? - ele perguntou enquanto andava com os olhos fixos em nossos passos.

- Nada. Apenas porque é fofo - eu parei e fiz com que ele acabasse olhando para mim. - São tão pequenas e frágeis que sinto a necessidade de pronteger a elas e o dono delas a todo custo - conclui.

Tirei nossas mãos ainda juntas do bolso e beijei as costas de sua mão já um pouco mais aquecida, em seguida voltando a colocá-las no bolso.

- Você está estranho, essas não são atitudes que você normalmente teria - disse meio envergonhado.

- Você me deixa assim Changbin. Você quem está me fazendo agir estranho dessa forma e ainda não percebeu - respondi com um sorriso no canto dos lábios.

Vi em seu olhar a surpresa e depois suas bochechas ficaram cada vez mais vermelhas. Por alguns segundos riu completamente atrapalhado e depois voltou a andar.

- Eu tenho que chegar em casa logo para... para... arrumar os livros da faculdade. Isso. Vamos logo - disse sem me olhar.

Eu ri silenciosamente observando um pouco mais atrás todo o seu comportamento atrapalhando após ouvir minhas palavras, até voltar a andar lado a lado com ele.

Mais alguns minutos de caminhada e chegamos em frente ao prédio em que ficavam os estudantes da faculdade. Subimos até o nosso andar e paramos diante de nossas portas, por acaso vizinhas.

- Eu vou entrando, até depois - disse ainda atrapalhado.

Quando tirou sua pequena e macia mão do bolso do meu casaco, antes que ele a soltasse, o puxei mais para perto e deixei um rápido e leve beijo em sua bochecha.

- Até mais tarde - eu disse por fim e finalmente entrei em meu apartamento.

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