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Abri a última carta, e assim que vi a data, meu coração doeu. Doeu mais que o normal, na verdade, muito mais.

Eu senti uma pontada, me fazendo ficar de joelhos, respirando pesado. Demorou muitos segundos até eu voltar ao normal, me permitindo respirar de novo. Eu não sabia o que tinha acontecido, mas também não queria nem saber. Apenas olhei para o papel ali sobre o chão, mas meus olhos se arregalaram ao ver uma gota de sangue na última linha, escondendo a última palavra, onde devia estar o nome dela.

Eu li toda ela, mas a última palavra... Eu não podia acreditar que havia manchado o nome.

— Você só pode estar de brincadeira. Não... Isso não é real, não é! Que merda, porra!

Eu queria chutar tudo que estava na minha frente, não era possível eu ser absurdamente fodida daquele jeito, em que a merda do meu nariz sangra escondendo a única forma de me contatar com o amor da minha vida.

Ouvi a porta se abrir, e rapidamente notei a expressão assustada de minha mãe me encarando, sem saber o que dizer. Nem eu sabia.

— A Leigh está aqui... Perrie, você tá bem?

Apenas assenti e limpei meu nariz com minha própria manga, me levantando e saindo do quarto, em direção à sala tentando evitar a vontade de chorar.

Leigh-Anne segurava uma caixa, parecia ansiosa com as pernas cruzadas enquanto mexia uma delas constantemente. Assim que eu cheguei em sua frente, ela me olhou um pouco surpresa, acho que ainda estava um pouco sujo perto da boca.

— Aconteceu algo? — perguntou, preocupada.

— Não, tudo bem. E você? Por que está aqui sozinha?

Ela suspirou pesadamente, se levantando do sofá e esticou a caixa até minhas mãos. Eu apenas a olhei, era uma caixa quadrada na cor preta, não era pesada, mas parecia ter várias coisas dentro.

— O que é-

— Perrie. — ela me interrompeu — Abra isso quando terminar de ler as cartas.

Arregalei meus olhos; ela sabia? Como ela sabia?

Leigh não hesitou em se aproximar e olhar nos meus olhos antes de dizer: — quando você sofreu o acidente, ela veio pra cá à procura de você. — disse simplesmente — seus pais tinham a levado para Birmingham, para receber um tratamento melhor lá. Então, enquanto Jessica estava com eles, eu cuidei daqui. — explicou — A encontrei em frente à sua casa um dia depois do baile de formatura, ela parecia tão perdida, então eu expliquei o que havia acontecido, e ela me deixou isso. — apontou para a caixa — Eu tive que ter certeza do que se tratava, então olhei suas coisas e encontrei as cartas.

Meu coração se acelerava na medida em que as palavras saíam da boca dela, me fazendo quase gritar para que ela contasse mais rápido.

— Eu guardei dentro dessa caixa para Jesy não desconfiar, ela ficaria arrasada se soubesse que escondeu isso dela, acredito eu. Durante todos esses anos, eu não abri nenhuma delas, na esperança de que você fosse acordar e lembrar dela. E agora você acordou, então abra, quando achar que está preparada.

Eu definitivamente estava preparada.

284mi [♡] jerrieOnde histórias criam vida. Descubra agora