Capítulo 2 - Thales Boldrini

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Levantei as 7 da manhã, tomei um banho para me deixar mais desperto, a vontade de sair era zero por cento mas eu estava com fome, precisava comprar comida. Mesmo eu sendo um bom chef de cozinha, Celeste não gostava que eu cozinhasse, sempre preferia comer em um restaurante, café ou comer qualquer bobeira no shopping. Por isso eu havia perdido o hábito de comprar comida, já que ela vivia mais aqui do que em seu apartamento sempre comíamos fora e comprar comida para deixar estragando na geladeira e armários não era certo.

Quando as portas do elevador se abriram no hall de entrada do prédio Jean já me aguardava sentado em uma das poltronas, mas estava distraído demais para notar minha presença, me aproximei e segui seu olhar. Uma moça magra com cabelos soltos e muito rebeldes carregava uma pilha de caixas e seguia com dificuldade para o elevador, passei a mão por minha barba, eu não sabia se ria ou ficava maravilhado com a cena, a moça insistentemente tentava equilibrar as caixas. Senhor Josué, porteiro do condomínio insistia em lhe ajudar mas a moça era firme em realizar a tarefa sozinha, seu rosto estava oculto e sua voz era meio abafada pelas caixas e as ondas de seus cabelos que pareciam ter vida própria e correr para todos os lados em ângulos diferentes e totalmente errados para um cabelo, lembrei-me que se os cabelos de Celeste não estivessem totalmente escorridos, ou um fio sequer estivesse fora do lugar ela nem passava pela porta do apartamento. A moça por fim deixou que Josué chamasse o elevador e segurasse apenas uma das caixa até que o elevador retornasse. Mas neste momento ela já estava além de mim e eu só podia ver suas costas.

Assim que o elevador retornou o Senhor Josué depositou ali a caixa que segurava, a moça entrou, apertou o botão de seu andar, as portas começaram lentamente a se fechar, mas foi tudo muito rápido, ela deu um passo para o lado, tropeçou na caixa que estava no chão, as caixas que estavam em seus braço voaram e seu traseiro bateu com tudo no chão e por fim quando ela começou a soltar um resmungo de frustração as portas se fecharam por completo.

Jean soltou uma sonora gargalhada e o senhor Josué nos olhou de cara feia querendo nos repreender, mas no fim também não segurou a risada.

- Não riam da moça, isso não é educado! - Disse Josué.

- Eu não estou rindo, Jean você deveria estar ajudando a moça e não rindo dela. E bonito para você não é senhor Josué, não pense que não o vi deixar escapar uma risada. - Eu disse.

- Estou velho, as pessoas não se importam. - Replicou Josué.

- Não o vi ajudar-la Thales. - Zombou Jean.

- Acho que todos concordamos que independente de quem oferecesse ajuda, a menina Valentina não teria aceitado.

- Claro - concordamos em uníssono.

Com isso Jean e eu tomamos nosso caminho. Como retornamos do litoral antes do previsto ainda tínhamos alguns dias de folga, então aproveitei para fazer tudo que era necessário, compra de mantimentos e de tudo que eu havia quebrado, também visitei meus pais.

Retornei para meu apartamento já no final do dia, e como era segunda-feira o restaurante não abriria, o que queria dizer que eu podia chamar Susan para o jantar e também é claro para me ajudar com aquela baderna, já que Jean com certeza só iria para comer.

Quando cheguei ao hall do meu apartamento senti novamente aquele cheiro que parecia agora fazer parte daquele andar do prédio. Antes mesmo de eu entrar em casa, bati na porta de Susan, com o esboço de um sorriso que eu teria que usar para convencê-la a me ajudar, ela rapidamente abriu a porta.

- Olha só quem apareceu! - Disse ela.

- Humm é, pois é! Bom só passei para avisar que o jantar hoje é na minha casa, mas você precisa ir para lá agora mesmo.

O Canto da Sereia - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora