Capítulo 1

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Ah, gente, estou emocionada demais com o apoio tão grande que vocês me deram!! 😍😍Muito obrigada!!❤❤ Como retribuição, estou antecipando o início das postagens ❤

O capítulo 2 sai na sexta-feira. Lembrando que as postagens acontecerão às segundas, quartas e sextas❤

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A lua cheia dá um toque mágico à noite, acentuando a euforia que me domina. A grande noite chegou! Carlinhos Santana, o famoso jogador de futebol, que acaba de ser vendido para o Real Madrid, promoverá um jantar beneficente cuja renda será revertida à Casa de Apoio à Criança com Câncer Luz de Amor, a CCLA, na qual sou voluntária.

Consulto o celular em minhas mãos, não podendo me manter parada, e caminho pela laje de minha casa, apesar da dificuldade para me locomover com o vestido longo preto de gala, em estilo cauda de sereia. Estou esperando uma mensagem de Vanessa, minha amiga, única funcionária fixa da CCLA e braço direito da fundadora, Mirna Santos. Vanessa e o marido João Paulo vão me dar uma carona, já que meu carro está na oficina mecânica... pela segunda vez este mês.

Não fiz um bom negócio ao comprar o Corsa de dezoito anos de idade do amigo do meu pai. Mas o adquiri por dois motivos: tive pena do senhor que precisava passar o carro para frente a fim de pagar um tratamento ao filho, que sofre de uma doença rara no coração, e meu salário como professora de educação infantil está longe, muito longe, de me proporcionar condições financeiras para investir num modelo mais novo. Além disso, jamais permitiria que meu pai me ajudasse na compra. Sua aposentaria é pequena, e eu sei o quanto minha mãe luta para fazer o dinheiro render. Moro com os meus pais, vejo de perto o dia a dia deles. E está fora de cogitação pedir dinheiro às minhas irmãs. Cristiane e Simone já são casadas, com filhos, têm seus próprios compromissos.

Contudo, não costumo me queixar. Não é da minha natureza me lamentar. Tenho tudo de que preciso. Deus nunca deixa me faltar o essencial. E não sou apegada a bens materiais. Não que eu seja uma espécie de santa, como me chamavam na escola em minha infância e adolescência. Não sou perfeita, afinal estou no caminho da evolução como qualquer outro ser humano. Mas prefiro me focar em bens que tragam alento à minha alma, não status, dinheiro, fama. E minha alma, que já sofreu tanta violência nesta vida, precisa muito desse alento.

Suspiro ao sentir a garganta se fechar. Você está proibida de chorar esta noite, Olívia!, ordeno-me mentalmente. Sou sensível, chorona, vou confessar. No entanto, não me permito a autopiedade. Já fiz inúmeros juramentos ao longo da minha existência. Todos eles ligados ao fortalecimento da minha autoestima. Obtive incontáveis conquistas interiores, me tornei, modéstia à parte, uma mulher forte. Venci várias batalhas e estou realizando todos os meus sonhos profissionais. Traumas do passado não devem ter o poder de me desestabilizar, nem me diminuir.

Paro em frente à mureta da laje e delineio minha marca de nascença com a ponta dos dedos, tomando cuidado para não tocar nos olhos esfumados e nos cílios avolumados pela cabelereira. Conheço essa marca tão bem como todo o resto de meu corpo curvilíneo. Minha marca de guerra. Minha marca de vitórias. Pode soar estranho, mas eu a amo e tenho orgulho dela.

Porém, não foi sempre assim. O caminho para atingir esse ponto de autoaceitação e amor-próprio não foi curto, nem fácil. Ao contrário, ele foi pavimentado por muitos episódios de vulnerabilidade e falta de autoestima.

Existe a opção de removê-la, eu sei. Cheguei, na verdade, a iniciar um tratamento de remoção da pinta na infância que se provou sem sucesso. Esse insucesso também contribuiu para não me tornar obcecada pela busca da "beleza perfeita". E, com o passar dos anos, fui encontrando força necessária a fim de assumir minha própria beleza e mostrar a outras pessoas foras de "padrão" como é possível amar quem se é, em cada imperfeição, cada célula, cada átomo que nos compõem.

Ao encontro do amor (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora