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Capítulo 1

Capítulo um

Isabela

Sentada na praia olhando para o mar, tentando aliviar as batidas do meu coração. Não ia conseguir dormir hoje, não da forma que estava ansiosa e com saudades do meu irmão.

O pior foi saber que não ia para Phoenix para ficar com meus pais. Eles se importavam comigo eu sei, e eu também, só não sei como lidar com a perda de Isaias.

Quando o perdi a oito anos não consegui lidar com tudo, então meus pais me colocaram em uma clínica e fiquei lá por dois meses, e tive uma melhora, não em tudo pelo menos, ainda tenho pesadelos que mantem acordada a noite.

Lembro-me que acordei aquela noite, ouvi as sirenes da polícia e batidas na porta da sala, meu instinto dizia que algo ruim tinha acontecido.

Penso naquela noite diariamente querendo voltar lá e mudar o que aconteceu.

''Também amo você'' respondeu apertando tão forte os braços ao meu redor.

Se eu soubesse que essa ia ser a última vez que o viria e que o abraçaria como fiz, teria aproveitado mais, não deixaria ele receber a ligação de quem quer que seja que o fez sair naquela noite. Por anos pensei em mil maneiras de que pudesse ter impedido aquele acidente, mais no final iria acontecer de qualquer jeito, a vida é assim, só não é fácil de aceitar.

Entretanto foi difícil ficar em Phoenix depois de tudo, mais fiquei até os dezoito. Estava prestes a sair da cidade quando conheci Greg e me apaixonei como uma adolescente idiota sonhando com príncipe encantado. No final príncipe virou o sapo.

Eu namorei Greg por quase dois meses até ele me trair, porque minha mãe adoeceu e tudo desandou, e eu não conseguia focar em mais nada. Só nela e em sua recuperação.

Foi uma época difícil também de suportar para papai e eu, ver mamãe doente, fazendo quimioterapia, caindo os cabelos. Mas ela nunca perdeu o sorriso, mesmo sofrendo todos aqueles meses. Dei graças a Deus que ela o venceu. Espero que nunca mais volte.

Quando mamãe estava cem por cento recuperada, e feliz com papai na fazenda deles. Me mudei para Santa Monica onde aprendi a amar, mas sinto falta de casa, da mamãe, papai e do meu primo Conor. Seis anos longe de casa e só fui a fazenda duas vezes, meus pais que vinha me ver sempre.

Definitivamente eu estava quebrada e vazia por não enfrentar o passado, pensei amarga. Podia estar lá agora com aquelas pessoas.

Olhei para o píer não muito longe dali. Tinha pessoas lá sorrindo e se divertindo, queria fazer isso com minhas amigas, Bruna e Melanie. Elas tem seus namorados claro, e não pode ficar sempre ao meu lado quando tenho um pesadelo a noite e saio para correr igual fiz hoje. Sei que se eu as chamasse logo as duas estaria aqui, mas não queria preocupa-las. Essa dor teria que carrega-la sozinha, acho que é por isso que não vou muito nos meus pais, para eles não descobrir como estou vivendo, por que bastaria um olhar e os dois descobriria. Esse dia seria uma data difícil para eles também. E eu não conseguiria fingir e manter um sorriso no rosto como sempre faço quando os vejo e digo que estou bem.

Agora é meia noite em ponto, então seria quando Isaias ia completar vinte seis anos caso estivesse vivo. Só beber e chorar sozinha me afogar em um mar de lagrimas.

― Feliz aniversário, por que foi me deixar? Não devia ter saído aquela noite. ― chorei bebendo mais um gole da cerveja. ― Se tivesse aqui chutaria sua bunda.

As ondas batia na margens da praia e também havia música não muito longe dali, mas ignorei tudo e a felicidade deles, por que eu não estava feliz. Não posso viver assim para sempre, essa não sou eu.