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Faz exatamente quatro meses que eu recebi sua carta, e só agora me sinto psicologicamente bem o suficiente para escrever uma resposta adequada

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Faz exatamente quatro meses que eu recebi sua carta, e só agora me sinto psicologicamente bem o suficiente para escrever uma resposta adequada. Não confunda isso com superação.

Eu não sei como responder uma carta de adeus.

No entanto, gostaria de fazer duas perguntas antes de iniciar.

Primeira: A garota que eu conheci dois anos atrás não parecia ser covarde o suficiente para me mandar uma carta, ao invés de me dizer tudo na cara. O que te fez mudar, amor? Ou foi só mais umas das máscaras que você colocou que me fizeram cair como um pato?

Segunda: Você escreveu que eu coloquei uma pessoa no seu lugar em apenas dois dias e que não tinha ninguém bom o suficiente para ocupar o meu lugar. Você não acha injusto e um pouco problemático colocar essa culpa em mim, sendo que é o seu coração que possui lugar de sobra para qualquer um tomar?

Mas eu ainda me lembro daquela noite em que eu me apaixonei por aquela garota, sem máscaras, sem mentiras, sem dor. Só eu e ela. Eu e você. Nós. Só o amor. Você se lembra? Antes mesmo do papo do meu moletom ser cheiroso, e tal.

Você sabe, eu nunca acreditei em felicidade também. Acredito em estar alegre e ser feliz, "felicidade" em si é utopia. Pensa comigo: "Eu estou feliz" expressa um estado momentâneo. Para mim, felicidade é algo mais contínuo, como se não houvesse tristeza ou pesar.

Mas você me fez conhecer as duas piores partes de si mesma: a sonhadora e a assassina.

E enquanto eu estava cego o suficiente para enxergar apenas a face sonhadora, eu senti uma felicidade genuína.

Mas seu dom sempre foi retirar as coisas boas de mim, afinal.

Eu não fui embora, não te deixei de lado. Nunca foi essa a minha intenção, "ser como os outros".

Só estava esperando, nem que fosse por um milésimo de segundo, que você se importasse comigo na mesma intensidade que eu me importei com você, amor.

Peço perdão à você, por desejar reciprocidade de alguém que só queria passar a noite.






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