Conto 2

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Juleka+Rose

P.O.V Juleka   


-Por que o shopping está tão cheio? É domingo de manhã!- Rose reclamou.

-Esqueceu que estamos próximas do Natal? Hoje começam as promoções natalinas- Rose colocou os dedos nas têmporas.

-Poxa, se soubesse, teria escolhido vir ontem.

-Relaxa, o cinema não deve estar tão cheio.

Ela fez que sim.

Estávamos na entrada principal do shopping. Aquele era nosso primeiro encontro oficial. Nosso primeiro encontro desde que postamos aquela foto romântica no Instagram, que, por sinal, foi ontem. Nossos pais meio que já sabiam. Minha mãe não se importava, nem o Luka. Os pais da Rose diziam que ela tinha que ser feliz, independentemente de como.

O medo do preconceito sempre nos fez hesitar. Agora, bem, era como se tudo fossem flores. Como se nada mais nos "impedisse" de ficarmos juntas.

Rose usava uma calça jeans, uma blusa branca e uma jaqueta rosa. Eu vestia um moletom preto do Jagged Stone e uma calça leggin. Há um mês, eu cortara meu cabelo na altura dos ombros, e repintara as pontas e meu franjão de roxo.

-Vamos?- estendi a mão para ela, que a segurou.

-Vamos.

Fomos andando até uma loja que vendia doces, que estava cheia. Por que tinha que ter tanta gente?

Fomos até a prateleira de chocolates. Peguei uma barra de chocolate meio amargo, e Rose, chocolate branco com cookies de morango.

A fila estava enorme. Passei o braço pelo ombro da minha namorada, e deixei que ela encostasse a cabeça no meu pescoço. Logo em seguida, deu um beijo em sua bochecha.

Então, claro, começamos a receber olhares. Olhares curiosos e preconceituosos. Resisti a vontade de me afastar de Rose e sair correndo. Eu era mais tímida do que gostaria de ser. Mas ela era minha namorada, e eu a amava. Dane-se o que os outros pensavam.

Ela insistiu em pagar a conta quando chegamos ao caixa. Logo em seguida fomos para o cinema.

O cinema tinha cheiro de pipoca caramelada e de spray aromatizante. A bilheteria quase não tinha fila, então me ofereci para comprar os ingressos enquanto ela comprava pipoca salgada. Tínhamos encontrado um filme legal no site do cinema noite anterior, por isso estávamos ali.

Após comprar os ingressos, entramos na sala, que tinha um cheiro muito mais forte de spray aromatizante.

Entrelacei minha mão com a da Rose. Sua mão era pequena, quente e macia. Era agradável de tocar. Fiz círculos nas costas de sua mão com o polegar, enquanto mexia no celular com a mão livre, para colocá-lo no modo silencioso.

-Ju- ela chamou.

Olhei para ela. Seu cabelo estava um pouco mais longo do que o comum. E um pouco mais ondulado também. Cachos emolduravam suas têmporas. Ela me fitava com seus olhos azuis escuros, que pareciam o mar em dias quentes.

Coloquei meu celular no bolso do moletom sem desviar o olhar dela. Com a mão livre, toquei sua maçã do rosto. Sua boca rosada abriu um sorriso. 

Me senti envergonhada de continuar aquilo. Ser romântica . Respirei fundo. Fiquei encarando-a, sem tirar minha mão do rosto dela. Minha expressão de paixão acabou congelando e se transformando em uma expressão assustada.

Pelo visto, Rose percebeu meu desconforto, mas, em vez de se afastar delicadamente, aproximou seu rosto do meu. Meu rosto esquentou até não poder mais.

Estávamos muito próximas. Nossos lábios a milímetros de se tocarem. Uma parte de mim estava insegura e com vontade de recuar, mas outra parte queria que eu avançasse nela e fizesse com que nossos lábios colassem um no outro. 

Quando íamos finalmente nos beijar, a tela do cinema se ligou e exibiu a abertura que era sempre passada antes dos trailers. Nos separamos com o susto. Meu coração batia forte, minhas bochechas ardiam e meus lábios queriam sentir os dela. Me senti como uma criança que comprou um sorvete, e que, antes mesmo que pudesse prová-lo, ele caíra de suas mãos.

Durante o filme minhas interações com a Rose foram tímidas e poucas; mãos entrelaçadas, cabeça no ombro e olhares. 

Confesso que fiquei desatenta em várias partes do filme, e que absorvi pouco da história. Eu estava hipnotizada demais em Rose para me concentrar no filme.

Saí do cinema um pouco baixo-astral. Queria beijá-la, mas não tinha coragem. Queria abraçá-la e dizer o quanto a amava. Me sentia sufocada. Presa em mim mesma.

Algo em mim gritava para eu beijá-la logo. Eu sabia que o shopping não era o melhor lugar para isso, mas o desejo falava mais alto.

-O que acha de irmos...- não deixei que Rose concluísse a fala. Envolvi sua cintura  com meus braços, e colei nossas bocas. 

Deixei de lado minha timidez. Puxei-a ainda mais para perto de mim. Minhas mão iam de sua cintura até o pescoço, depois para seu rosto. Era isso que eu queria fazer sempre que a via- colar nossos corpos e deixar a paixão correr solta. Quando nos separamos, notei olhares nos rodeando. 

Não conseguia deixar de pensar neles e de me constranger, mas agora eles pareciam ser menos importantes.

Eu sabia que não estava certo nos beijarmos bem no meio da praça de alimentação. Não por conta de sermos homossexuais, mas pelo fato de que não é muito elegante casais de qualquer orientação sexual se beijarem em público.

-Por essa eu não esperava- Rose sorriu.



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⏰ Última atualização: Jan 24, 2019 ⏰

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