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Quando Nataly me mandou entrar, eu já estava decidida. Não ia chorar, tremer ou gaguejar. Já passa tempo de mais deixando o que eu queria para escanteio, sempre tentei ser incrível para o Adrian. Mas eu estava esgotada. Se eu quisesse que algo acontecesse, faria com minhas próprias mãos. Não ia esperar que ele viesse falar comigo. Eu ia o forçar a falar.

Adrian estava no quarto, como sempre. Eu estava apoiada na porta, ele não percebera que eu estava lá. Ele tocava piano, com uma expressão vazia. Eu já o vira tocar outras vezes, e ele sempre parecia inspirado, ou, ao menos, feliz.

Agora ele parecia infeliz. Seus olhos fitavam as teclas, parecendo desatentos. Suas mãos produziam uma melodia suave, que me lembrei de já ter ouvido-o a tocar. Seu cabelo caia por seu rosto, bagunçado. Ele estava sem os óculos, que reparei estarem encima do piano.

Em outras situações, eu poderia ficar o dia inteiro o admirando tocar, mas, ali e agora, o que fiz foi pigarrear, uma, duas, três vezes até que ele parasse de tocar e olhasse para trás.

-Marinette? E-eu sinto muito por ontem, eu...

-Não, Adrian. Você não tem que sentir muito por ontem. Tem que sentir muito pelo o ano inteiro. Por não confiar em mim.

-Eu juro, eu sempre confiei em você. O que fiz, bem, não foi relacionado a confiança. Eu passei minha vida inteira vivendo num mundo em que todos me olhavam como o modelo perfeito, onde eu não podia ser eu mesmo. Mas o Chat Noir... Ele foi minha escapatória. Eu nunca havia tido sentimentos muito claros por ninguém, a não ser família. Antes do intercâmbio, você a Alya e o Nino eram a quem eu buscava para tentar ser eu mesmo. Mas eu tinha medo de perder a amizade de vocês. Eu sabia que você tinha sentimentos por mim, Mari, mas sempre tive medo de decepciona-la, mostrando minha verdadeira personalidade. Então eu entrei no Miraculous, e não vi dificuldade em ser eu mesmo com alguém que não esperava nada de mim. Eu podia ser brincalhão, divertido e fazer cantadas, sem que me achassem estranho. E a Ladybug... ela se interessou por conversar comigo, com meu eu de verdade, por isso me apaixonei por ela. Não precisaria fingir ser outro alguém. Eu não tinha deixado de sentir algo por você, mesmo que não soubesse o quê, mas na época que você voltou, tudo estava dando errado para mim. Eu havia errado em te beijar antes de seu intercâmbio, não havia pensado no que você sentiria. Fui egoísta. Então fiz algo horrível, namorei alguém por pena. Então percebi o que eu sentia por você. Eu realmente estava apaixonado, mais tinha medo de ser diferente do que você queria. Fui burro e te falei das outras duas garotas na minha vida, esperando que você não ligasse e mesmo assim ficasse comigo sem problemas. Não entendia de sentimentos, Mari, e te magoei. Quando descobri que você era a Ladybug, tudo quis foi desaparecer. Você não sentia nada pelo Chat, então não sentiria por quem eu sou de verdade. Quis ocultar isso, não queria que você soubesse. Então fui me abrindo aos poucos, e sendo eu mesmo com você, e percebi que tudo havia sido paranoia da minha cabeça. Então planejei te contar. Havia me tornado completamente eu mesmo com você, e com todos, mesmo que aos poucos. Eu vacilei, e isso a minha única defesa. Sei que você não deveria nem tem motivos para isso, mas, me perdoa?

I  am Back 2- miraculousOnde histórias criam vida. Descubra agora