...esse lugar é teu lar!

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Eu queria que ela me confrontasse, que me pedisse para ficar, então eu ficaria. Eu faria qualquer coisa por ela, pela Hina, a garota que roubou meu coração.

Seus olhos eram só o que vinham à minha mente quando eu dormia e, quando acordava, só queria estar com ela. Contudo, não era correspondido.  Só não entendia porque Hinata saiu correndo daquele jeito. Ela me olhou com os olhos tão tristes e ficou enfurecida com a notícia. Mesmo assim, não ouvi nada de sua boca.

Nada que me fizesse ficar.

Eu precisava sair do Japão, precisava ir para longe, não aguentava mais ficar perto dela. Não assim, talvez quando eu voltasse tudo tivesse passado e eu conseguisse vê-la novamente apenas como uma boa amiga. Talvez... Eu me sentia sufocado com esse sentimento preso em mim, não dava para ignorar.

— Naruto, tem certeza disso? - ouvi a voz do Jiraiya soar e só fiz que sim com a cabeça. Mas ele continuou: - Um coração partido não é motivo para fugir assim, o correto seria ficar e enfrentar seus sentimentos. Confrontá-la e só aí decidir o que deve fazer. Você nem conversou direito com essa menina, não foi isso que te ensinei. - somente abaixei a cabeça.

— Eu já me decidi, não há nada que você possa fazer. Está tudo certo, ficarei lá por um ou dois anos, estudo o idioma e aproveito para escolher o que realmente quero fazer nos estudos. Ainda sou novo, tenho tempo, quando eu retornar, tudo terá acabado. - ouvi minha própria voz e mal a reconheci.

— Tudo bem, se você se arrepender, só me diga. Eu te mando de volta para o Japão. - meu padrinho ponderou. - Pensa bem, ficará afastado de todos por bastante tempo, Naruto. Não quer pelo menos se despedir da Hinata? Você pode se arrepender dessa sua decisão.

— Não me arrependerei. - reafirmei tentando transparecer convicção.

— Tudo bem, mas ir embora dessa forma não é nenhum pouco maduro. - ele apertou meu ombro.

Ignorei.

Eu só queria que Hinata me correspondesse, mas não podia culpá-la. Ela não tinha responsabilidade nenhuma sobre mim e nem sobre meus sentimentos. Eu que os nutri eu que precisava ser homem o suficiente para encará-los de frente e superá-los. Ou, fugir, claro. Como estava fazendo agora. Era melhor do que me declarar e tomar outro fora colossal na minha curta vida.

Naquele instante, meus pais que tinham se afastado um pouco para comprar água. Pois minha mãe estava ligeiramente trêmula e nervosa, chegaram perto de mim.

— Ah, meu filho. - ela veio me abraçar. - Por que morar tão longe? Não pode ficar aqui no Japão? - perguntou com a voz chorosa.

Eu não tinha dito que estava indo embora por causa da Hinata, se não bem capaz de ela me bater ou me arrastar até a casa da Hina para fazê-la se apaixonar por mim. Eu conhecia minha mãe. Então afirmei que precisava me reencontrar.

Aliás, quando soube que Sakura tinha me rejeitado, dona Kushina virou um leão, demorou tempos para minha amiga conquistá-la novamente. Ela meio que tomava todas as minhas dores. No entanto, minha Hina não tinha culpa de nada, eu não queria minha mãe chateada com ela. Portanto, omiti o motivo pelo qual estava indo embora. Meu pai, em contrapartida, eu não podia enganar, principalmente depois da nossa conversa de outrora. Sorte minha que ele pareceu guardar nosso segredo. Talvez já conhecendo a esposa que tinha. Ele não gostou nada da minha escolha, disse que confiava nos sentimentos da Hinata e que eu devia ser homem para assumir os meus. Não fugir feito um garotinho. Só que eu já tinha tomado minha decisão.

— Mãe, eu ficarei bem. - sorri fracamente para confortá-la. - Eu estarei com meu padrinho tarado! - brinquei e meu pai me olhou com a sobrancelha erguida.

— Você nem se despediu dos seus amigos, e a Hinata? Falou pra ela que está indo embora? - minha mãe devolveu e, ao ouvir o nome da Hinata, eu estremeci.

— Está tudo bem, mãe. - a tranquilizei. - Vai dar certo, eu posso vir visitá-los nas férias, não é um bicho de sete cabeças.

— Naruto, vem cá um segundo. - a pronto, era meu pai.

Assenti e o acompanhei, ele queria falar comigo a sós, para variar.

— Pai, se está pensando em me passar um sermão, não vai adiantar. - despejei exasperado.

— Filho, eu não te criei para fugir dos seus conflitos. - iniciou e seu tom era amável e afetuoso. - Pensei que depois da nossa conversa, você exporia seus sentimentos à Hinata, conversamos sobre isso, não? Porque não fica e conversa direito com essa menina? Sei que tem medo de se machucar de novo, só que às vezes se magoar é necessário para amadurecermos. - concluiu sereno.

Suspirei.

— Pai, eu a vi novamente com o Kiba. - contei, lembrando do pedido de namoro.

— E daí? - indagou quase irritado. - Naruto, você já é um homem, aposto que nem conversou com ela, conforme eu instruí, não é?

— Não exatamente... - cocei a nuca constrangido.

— Naruto! - exclamou coçando a testa. - Seja homem e vá falar com essa garota corretamente. Ou não vai viajar.

— Pai, eu não quero levar outro fora! - exclamei em resposta. - Doeu muito o da Sakura, mas o da Hina... - deixei a frase morrer.

— Doeria bem mais, não é?

Fiz que sim com a cabeça.

— Iria me destruir...

— Não seja covarde, meu filho. - pediu, colocando a mão sobre meu ombro. - Você pode estar jogando sua felicidade no lixo, eu tenho certeza de que a Hinata te corresponde, mas tem as mesmas dificuldades que você para assumir. - concluiu pesaroso.

— Será, pai? - senti meu coração martelar em meu peito. Ao mesmo tempo que se enchia de esperança.

Eu era um idiota. Será que daria tempo de concertar minhas burradas?

— Boa tarde, senhores passageiros. Temos um recado para dar. - resoou dos alto falantes do aeroporto. - Uzumaki Naruto, aonde quer que esteja. Tem alguém que precisa lhe dizer algo:

Eu senti meu coração acelerar e encarei meu pai, ele só sorriu e bagunçou meus cabelos.

— Naruto... - dessa voz ouvi uma voz extremamente angelical e não tinha dúvidas. Era Hinata. - Eu... Eu quero te dizer que... - ela se emocionou e sua voz falhou um pouco. Mas logo se recompôs e continuou: - Eu te amo seu idiota. Sempre amei e agora não apenas como amiga, você não sai dos meus pensamentos.

Nesse momento eu não conseguia nem piscar os olhos. Hinata veio até o aeroporto se declarar diante de todos? Ela me amava?

— Mas se mesmo depois de me ouvir, ainda quiser partir. Saiba que, se em algum lugar alguém pensa em você, esse lugar é teu lar e é para lá que deve retornar. Ou melhor, eu posso ser teu lar, Naruto. Você sempre poderá retornar para mim, se quiser. - eu mal conseguia conter as lágrimas que inundavam meu rosto. Meu pai só me abraçou e nada disse. - Seu grande idiota, eu te amo mesmo que você não mereça. Por favor, não me deixe aqui sozinha. - Hinata insistiu depois de alguns segundos.

Ela me chamou de idiota duas vezes. Bom, eu realmente era um grande idiota.

— Algo me diz que após essa declaração, eu terei meu filho por perto, estou certo? - o sorriso quase infantil do meu pai, me fez perceber que ele era meu maior exemplo.

— Ela me ama? - questionei meio zonzo, sem nem responder a pergunta anterior.

— Ainda tem dúvidas, Naruto? - ele gargalhou. - Não quer encontrá-la e ouvir pessoalmente?

Nem respondi, apenas sai correndo feito um foguete atrás da Hinata. Atrás da garota da minha vida, eu a amava tanto! E agora descobri também ser amado por ela...

Eu não poderia estar mais feliz nesse momento.

Sob o céu de estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora