Parte 4

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    Folhas oscilando ao vento, com cores que iam de vermelho a amarelo sugeriam que a estação era outono. River e Johnny vinham caminhando lentamente pelo penhasco em direção ao farol. O crepúsculo pintava o céu como uma aquarela, em tons de amarelo, laranja, roxo e azul-escuro. O sol, descendo devagar e calmamente por trás da linha do horizonte, fazia a água do mar brilhar com a sua luz.

[#ERRO!!] ... [Iniciando correção de localização de surgimento] ... [Coordenadas x,y identificadas] ... [Localização de surgimento alterada].

    E então os doutores apareceram em cima do topo arredondado do farol.

– AI MEU DEUS DO CÉU! – exclamou Dr. Watts desesperadamente quando percebeu onde estava. Ele tinha acrofobia, ou seja, o medo extremo e/ou irracional de lugares altos.

– Você não é religioso. – ressaltou Dra. Rosalene, com a maior calma do mundo.

– E daí?! – gritou na cara dela, mais desesperado ainda. Começou a olhar para todos os lados, como que para procurar um jeito de descer dali, porém não havia nenhuma maneira. – Estamos a vinte bilhões de nanômetros do chão, em cima de um telhado de farol!! – talvez o medo irracional de Dr. Watts fosse totalmente racional naquela situação, já que estavam à uma altura em que uma eventual queda seria fatal. Mas ao mesmo tempo irracional pois...

– É só pular; não nos machucamos aqui dentro. – disse Dra. Rosalene.

– Tá brincando? É praticamente uma queda livre!! – ele estava incrédulo perante à calma dela. "Como essa mulher pode estar agindo tão naturalmente?... Ou eu estou exagerando?", pensou. "Eu não estou exagerando, ela que é maluca mesmo." – Não dá pra ficar aqui, não dá pra sair. Droga, odeio quando isso acontece. – então ela se dirigiu para trás dele despercebidamente enquanto ele tagarelava de forma incessante. – Eu juro, se esse lugar...

    Dra. Rosalene deu-lhe um empurrão e ele caiu... de cara no chão. Se levantou e começou a xingá-la de todos os nomes que conseguia se lembrar enquanto recuperava o fôlego.

– Fresco. – sussurrou para si mesma, aos risinhos. Pulou logo em seguida.

    Enquanto isso, River e Johnny estavam de frente para o farol. Como estavam mais jovens agora podia-se observar que por trás daqueles cabelos brancos e grisalhos havia uma espessa cabeleira ruiva em River e lisos cabelos castanhos-claro em Johnny. Naquela ocasião, ela estava em um vestido longo azul com mangas compridas brancas e com um laço amarrado em suas costas; River foi uma mulher bonita em sua juventude, talvez por causa de seus cabelos ruivos, olhos verdes e corpo esbelto. Já Johnny usava um suéter de lã e uma calça de linho verde.

– Por que abandonariam ela assim? – perguntou River para ninguém em especial.

– Deve ter perdido a utilidade. – Johnny sugestionou.

    River virou-se para ele com um olhar de dúvida.

– Perdido a utilidade...? – ela repetiu, esperando uma resposta. Seus grandes olhos verdes fixos nele.

– Pros navios, quero dizer. – explicou-se. – Sabe como é, hoje em dia tudo tem GPS e outras coisas mais modernas.

    River se virou de volta para encarar a porta do farol, em que estava pregado um papel, que foi a recordação que levou os doutores àquela memória.

– Olha, River... – caminhou em direção à porta e tirou o papel pregado nela. Era um aviso de cessão do funcionamento e abandono da estrutura. – Este lugar também é importante pra mim. Então, estive pensando... Na nossa situação atual, as coisas estão bem estáveis. Se economizarmos, daqui a alguns anos, poderemos construir uma casa aqui em cima. Vai ser apertado, mas garanto...

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