Prólogo

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1893

Algum lugar de Kshint, Polônia.








   Havia amanhecido. O sol, que outrora brilhava, agora já não mais era visto por entre as nuvens espessas que enfeitavam e tornavam o céu acima de nós, tão cinzento. Novamente, eu havia acordado antes que as irmãs pensassem em nos chamar. Não existia ali um local em que pudesse me trocar — assim como não havia peça pela qual trocar o vestido, o único vestido, maltrapilho e encardido que a mim, pertencia. Pensativa, por breves segundos visualizei-me trajando algo florido de fundo branco. Com mangas justas que partiam de meus ombros e percorriam um longo caminho até conseguirem acariciar meus cotovelos — em que, envoltas por um simples babado encerravam sua jornada. Minha cintura, já bem marcada por acessórios femininos que nos sufocava até a morte — os famosos espartilhos —, era ainda mais massageada pelo tecido florido cuja uma única fita prateada lhe dava um ar encantador. Por fim, o vestido seguia até meus pés cobertos por delicados e confortáveis sapatinhos.

   No entanto, tudo não se passara de um devaneio, uma ilusão criada por uma mente fantasiosa de quem possuía o conhecimento de que seus pés machucados, escurecidos pelo caminho percorrido desprotegidos, outrora hora já haviam experimentado o calor, abrigo e maciez de pantufas.

Eu me chamo BradforOnde histórias criam vida. Descubra agora