Game Of Love - Jeon Jeongguk

Ocian

[Jeon Jeongguk]

Eu particularmente estava muito nervoso, nervoso até demais, tão nervoso que quase tropecei em meus próprios pés ao sair do táxi que me trouxe até este grande prédio luxuoso. Não sei por que estou tão nervoso, não é uma entrevista, eu já fui contratado... Não deveria me sentir confiante? Talvez não, porque esta é a minha grande chance de virar um ilustrador de games, agradeço aos céus por minha faculdade me dar a oportunidade de fazer o estágio em uma das maiores empresas de games do MUNDO — que também é uma das minhas favoritas, devo dizer —.

Entrei no prédio e parei na recepção, olhando o hall de atendimento. Como eu imaginava, chique, moderno, antenado... Com várias ilustrações conhecidas, pôsteres promocionais dos personagens mais famosos e bonitos, estátuas gigantes dos mesmos... Ai, só de pensar que eu estarei produzindo esses mesmos pôsteres e bonecos, já sinto um imenso orgulho. Parei por um tempo admirando o poster de Crow, o personagem principal de um jogo lançando há uns três meses atrás, mas que eu já zerei, que se passa no espaço. Crow é um astronauta, em uma viagem da NASA para fazer estudos em Saturno, acabou se encontrando com uma tribo nativa do lugar. Ele tinha que mandar uma mensagem para Terra dizendo que encontrou vida fora do planeta azul, mas um outro planeta entrou em guerra com Saturno e ele ficou preso lá. Portanto, para ser liberto e ir para casa em paz, ele teve que ajudar os habitantes de Saturno a ganharem a guerra.

Sua força, coragem, esperança — e uma pequena parcela de indecência —, fizeram com que eu me apegasse de forma absurda a esse personagem de ficção. Assim como sou apegados a tantos outros.

Acordei do transe quando percebi que iria me atrasar se ficasse mais tempo sonhando daquele jeito. Corri em direção ao balcão principal, assustando a moça que estava atrás dele e que me olhou de cima abaixo antes de perguntar se eu precisava de algo. Intimidado com aquele olhar superior, eu abaixei minha cabeça e informei meu nome, lutando para levantar minha cabeça e olhá-la... Ao menos no rosto.

– Ah, certo, ela está te esperando na sala dela. Janet irá te acompanhar até lá.

A moça que estava mexendo no computador ao lado da que falou comigo primeiro se levantou quando escutou seu nome e olhou para a recepcionista e para mim, entendendo o que lhe fora mandado. Eu balancei minha cabeça em um cumprimento e ela fez o mesmo, saindo de trás do móvel de metal maciço e se colocando ao meu lado. Janet é uma loira baixanha com olhos cor de mel, sua pele possuiu um bronzeado amarelado natural e, mesmo com incríveis sapatos de salto alto, ela ainda não bate nem no meu ombro.

Quando chegamos na cobertura do prédio, ou seja, no sétimo andar, ela me deixou em frente a uma grande porta de metal que era até intimidadora. Bateu na porta duas vezes ritmadas e, quando ouvimos um "entre" abafado sair de lá de dentro, ela fez mais um movimento com a cabeça e me deixou sozinho lá. Respirei fundo, arrumei minha postura, passei as mãos pelo meu terno alinhado e segurei as duas maçanetas daquela porta, empurrando as duas bandas que se abriram fazendo um daqueles barulhos de portaria de castelo que aparece nos filmes com palácios e assim revelando a sala da CEO da empresa.

Eu entrei. Grande, espaçosa, organizada, futurista... Essa é a grande sala de Iara Andrade, CEO da empresa Ocian e, agora, minha chefe. Três paredes da sala eram pintadas de azul claro, quase que um celeste, e a outra era feita de janelas com vidros temperados. Percebi que uma cortina automática se localizava fechada na parte superior da parede de idéia e no chão um grande carpete preto de veludo que cobre todo o piso da sala. Ela tem estilo.

– Jeon Jeongguk, certo?

Estava tão admirado com aquele cômodo chique que nem me toquei que não estava sozinho e sim com a minha nova chefe. Sua voz exalava confiança, tranquilidade, intimidação. Eu me virei lentamente, respirando fundo antes de completar o ato e dar de cara com Iara parada a uns três passos de mim. Discretamente eu desci meus olhos pelo seu corpo, saia justa, blusa social feminina com o primeiro botão aberto e seu cabelo cacheado preso em um coque alto que o fazia até parecer liso. Iara é brasileira, mas construiu sua empresa oficial aqui, depois passou a abrir filiais em várias partes do mundo, inclusive na sua terra natal. Ela não é mais alta que eu, mas ainda assim possuiu uma certa postura que intimida qualquer um, seus olhos são de um azul claro como as águas do Caribe e seus cabelos são escuros como uma noite sem estrelas e com cachos longos e precisos, mas que agora estão presos por conta do coque que fez. Seu tom de pele é escuro, mas não tanto, se equivale ao tom de um chocolate ao leite. E, como se não bastasse tudo isso, ela ainda possui uma massa corporal avantajada em certas partes, só nas mais... Preciosas.