1 - Se eu tivesse apenas um pouco mais

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Saio do carro e vou até o saguão.

Ando determinado, não há tempo para agir feito perdedor, não na posição em que estou.

E então um impacto e meus papéis estão no chão.

- Você é idiota? - pergunto e logo me arrependo ao ver o rosto vermelho da garota que chora como se alguém tivesse morrido. - Me desculpa.

Pego minhas coisas e vou em direção ao elevador.

- Senhor - sinto alguém tocar no meu ombro e é a garota.

- O que é? - pergunto irritado.

- Esqueceu isso - ela me entrega uma pasta.

- Ah, obrigado.

O elevador chega, entro e aperto o décimo quinto andar. Esse Já abre dentro do apartamento.

- Está atrasado - uma mulher fala.

Encaro o relógio 12:03.

- Seu relógio que está três minutos adiantado - digo.

- Você não é muito novo? - pergunta desconfiada.

- Que diferença isso faz? - pergunto.

- Queremos alguém competente - ela fala.

- E o que minha idade tem a ver?

Ela suspira sem paciência.

- Vamos que não temos tempo a perder, aquela nojentinha já deve estar procurando o advogado dela.

- Qual é o problema? - pergunto.

- Meu marido - ela diz. - Ele faleceu tem algumas horas, mas quando lemos seu testamento não foi o que esperávamos.

- Poderia ser mais específica? - peço.

- Ele deixou metade dos bens para aquela bastarda e a outra metade para mim e meus dois filhos, eu não aceito isso.

- E a... - não acredito que evou dizer isso. - Bastarda é fruto de outro casamento ou...

- A infeliz é adotada. Ela não tem o sangue dele, claro que aquela víbora fez a cabeça dele e o forçou a fazer isso.

Víbora? O homem morreu há algumas horas e a mulher nem parece estar abalada e a garota é a víbora?

- Quantos anos a garota tem? - pergunto.

- Vinte e dois, se ganhar ela leva tudo - diz irritada.

- Então, vocês querem acusá-la de induzir seu marido a deixar a herança para ela?

- Sim - diz como se fosse óbvio.

- Quantos anos seu marido tinha?

- Sessenta e seis.

O.K. realmente uma pessoa dessa idade pode ser manipulada por uma pessoa da idade dela.

- Você é o melhor do escritório? - ela pergunta.

- Sim, eu sou - digo suspirando impaciente.

- Por que se tiver alguém mais experiente do que você nos não nos importamos de pagar...

- Senhora, meu cartão - coloco o mesmo em cima da mesa. - Quando estiver convicta de que quer me contratar, entre em contato.

Pego o elevador e desço paro o saguão, vou em direção ao carro mas vejo um chaveiro em forma de porco na minha mão.

Eu sei que não é meu. Sendo assim, ou é da menina que estava chorando ou da mulher irritada da cobertura. Não sei qual das opções é pior.

Volto para o saguão e procuro pela garota, ele está sentada em uma poltrona, está com a cara mais inchada e vermelha do que antes.

Forever - JHSOnde histórias criam vida. Descubra agora