O gato

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O gato

Todo dia ela fazia tudo sempre igual, acordava a seis da manhã, arrumava a casa, fazia o almoço, lavava as roupas, alimentava o gatinho e ia trabalhar. Chegava à noite em casa depois do trabalho, tomava banho, assistia um pouco de televisão e dormia.

Todo dia ela fazia tudo sempre igual, acordava a seis da manha, arrumava a casa, fazia o almoço, lavava as roupas, alimentava o gatinho e ia trabalhar. Chegava à noite em casa depois do trabalho, tomava banho, assistia um pouco de televisão e desta vez foi diferente. A moça olhou para o apartamento em frente, uma luz forte e música alta vinham de lá. Fazia tempo que aquele apartamento não era ocupado, olhou pela janela, lá no outro lado na varanda estava um gatinho parecido com o seu. Então se deu conta que nos últimos dias não tinha visto seu gato. Olhou mais atentamente, o gatinho estava muito bem lá. Viu um homem tocar o gatinho, e acaricia-lo gentilmente, pegando o gatuno e levando para dentro do apartamento.

O homem fechou a cortina. Ela não dormiu nesta noite!

Neste dia ela não fez tudo sempre igual, acordou atrasada, não arrumou a casa nem fez almoço, as roupas permaneceram sujas, olhou a comida do gato, estava acumulada há dias. Foi trabalhar. Chegou à noite em casa, olhou pela cortina. O lindo gatinho estava lá na varanda, olhando alguma coisa. Era tão fofo, tão admirável. O homem chegou e acariciou o gatinho. Lívia não aguentou. Como pode ele fazer isso? O homem olhou para ela, seu olhar era de rapina. Lívia fechou a cortina, sentiu medo, ficou intrigada com tal homem.

Todo dia ela fazia tudo sempre igual, acordava a seis horas da manhã, ia a janela observar o apartamento vizinho, se arrumava as pressas, não fazia almoço, as roupas se acumulavam. Não tinha mais gato. No trabalho já não era a mesma. Chegava à noite em casa e observava o apartamento vizinho. Todas as noites o homem estava lá. Sempre com uma mulher diferente. E de manhã o apartamento parecia não ter ninguém. O seu gato não voltara mais pra casa.

Outro dia ela fez diferente, acordou a seis da manhã. Foi até o apartamento vizinho. Entrou pela porta que se encontrava aberta. Nada viu de diferente. A não ser, alguns corpos de mulheres da noite anterior nuas, jogadas uma no sofá, outra na mesa da copa, como embalagens vazias. Todas pálidas, o cheiro do ambiente a embriagava. Foi em direção ao quarto, no lugar da cama havia um caixão. O gatinho que antes fora dela, agora dormia tranquilamente sobre a tampa entreaberta. O ambiente iluminado somente por abaju. Ela pegou o macio gato.

Aproximou-se, olhou para dentro do sarcófago. O homem que havia roubado o seu gato estava ali dormido. Mesmo na penumbra ela pode perceber a cor pálida do homem, estava nu. Ela abaixou suavemente sobre o caixão, tocou seu corpo forte e frio. Olhou a face do homem, achou bonito demais. Lívia passou a mão em seu rosto, era liso. O silencio era obscuro. Ele abriu os olhos rapidamente segurando uma das mãos de Lívia. Viu o gato, na outra mão. Ela tentou se afastar mais já era tarde, o cheiro adocicado do homem a havia entorpecido. Ele em um só movimento cravou as presas no pescoço quente e pulsante de Lívia sugando em um só trago todo o sangue que a mantinha viva. E num voz sussurrada, ciumenta e sensual, antes da morte da moça disse "o gato é meu!".

A última coisa que ela pensou foi como seria bom que... Morreu! O corpo sugado de Lívia caiu, sem vida no lado do caixão. O homem pegou o gato e o aconchegou nos braços dentro do caixão, voltando a dormir em seu sono de morte até a vinda da próxima noite.

E o gato nem se deu conta do que havia acontecido.

Contos VampirescosWhere stories live. Discover now