Estou tão feliz que você arranjou tempo para me verComo vai a vida, me diga, como vai a sua família?
Eu não os vejo faz um tempo
BACK TO DECEMBER - TAYLOR SWIFT
Estou em um sono profundo quando meu celular toca, me assustando. Não faço ideia de que horas são, mas sei que é madrugada, pois, se cedo fosse, como de costume, o sol atravessaria as persianas da janela do meu quarto, me fazendo acordar. Também não imagino quem possa ser. Não é comum me ligarem a essa hora.
Penso em ignorar a ligação, mas o toque persiste por mais duas vezes. Giro com meu corpo na cama, levantando meu braço esquerdo até a mesa de cabeceira ao lado, onde ele está. Pego-o em mãos e olho para a tela com certa dificuldade de enxergar. Meus olhos, ainda fechados, pesam. Mas com a claridade que a tela transmite, devido à chamada, abro-os lentamente, vendo o nome Carina tilintando na tela.
Faz tanto tempo que não falo com ela...
Carina era minha amiga de infância. Foi criada junto comigo porque nossas mães são melhores amigas. Mas, depois que crescemos, nos afastamos porque temos personalidades e interesses distintos. Agora, eu sou o cara de vinte anos que está na universidade, que trabalha e tem seu apartamento e o seu carro, e também um compromisso sério com uma garota.
Carina é a garota de dezoito anos que não parece querer compromisso com os estudos, tampouco com alguém. Vive em festas noturnas, das quais na maioria das vezes vai embora acompanhada de algum cara. Chega em casa só na manhã do dia seguinte. Sei disso porque ela é mal falada na cidade que mora. Sem falar que ainda temos amigos em comum e, entre homens, sempre rolam esses assuntos.
Me esquivo de meus julgamentos e me pergunto que motivos fariam ela me ligar em um sábado, às cinco da manhã. Fico imaginando mil coisas terríveis, afinal de contas, de acordo com a vida que ela leva, é de se esperar que algo de ruim aconteça a ela a algum momento. E para ela estar me ligando só poderia mesmo ser algo ruim.
Na infância, eu era aquele amigo que ela procurava sempre que precisava, quando, por exemplo, se dava mal em alguma matéria da escola e precisava de uma forcinha. Eu sempre fui o amigo procurado apenas nas dificuldades. Sempre.
O celular para de tocar, o que por um segundo me alivia. Mas a tensão volta logo em seguida, quando, a tempo de dar um único suspiro, ele volta a tocar. Encaro o celular vibrando em minha mão e o levo-o ao ouvido.
- Carina? - pergunto, agora cético de que poderia realmente ser ela.
Por um momento, penso que possa ser trote. Ou quem sabe Carina possa ter perdido o celular e alguém de boa índole tê-lo encontrado. A ideia se desfaz quando ela ofega do outro lado da linha, causando uma tensão ainda maior dentro do meu peito.
- Nick. - Sua voz denuncia claramente que ela acabou de sair de um choro.
Apesar de mil pensamentos circundarem minha mente, a parte que mais me chama atenção é o fato de ela dizer "Nick". Ela não me chama assim desde a nossa infância. Para falar a verdade, ela só chama por meu nome quando esbarra comigo em algum lugar ou quando chega à casa dos meus pais para uma visita e me cumprimenta.
Apesar de ter a consciência de mais uma vez ser o amigo procurado para os momentos difíceis, no fundo, fico feliz por ela ter se lembrado de mim.
Porém, não dá tempo de ser nostálgico, uma vez que ela começa a chorar descontroladamente do outro lado da linha telefônica, o que leva minhas suspeitas se confirmarem de que algo realmente terrível havia acontecido. Se tem uma coisa que me recordo bem sobre a Carina, é que, quando criança, ela não era garota de chorar. Então, agora adulta, não pode ser à toa.
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Minha mania de você - Irmãos Louzada - Livro III - Nicolas [Amostra]
RomanceNicolas e Carina se conhecem desde crianças. Na adolescência, ele era fechadão, nerd e certinho, ela, bonitona, popular e namoradeira. Até que o rapaz vai morar em outra cidade para estudar, fazendo com que eles se separem. Dois anos passaram. Carin...