Todas as minhas dores foram causadas pelo meu excesso e minha necessidade de sentir, nem que por pouco tempo, as migalhas que me ofereceram até hoje. Todas as despedidas que me partiram o coração e fizeram a voz sumir foram feitas de adeuses e até mais que nunca mais voltaram.

Como se a vida fosse uma via de mão única e eu estivesse na contramão do destino, me vendo obrigada a passar pelas pessoas sem parar com elas, sem trocar receitas, sem receber aquele conselho que poderia ter mudado tudo, sem ter tempo para sentar e olhá-las nos olhos. E isso me fez sozinha, com muito a dizer e ninguém para ouvir.

E então surgiu a questão sobre gostar da solidão e romantizá-la porque nas idas e vindas ela é sempre quem fica, ou refazer todo meu caminho, voltar atrás e entrar na direção em que a maioria estava andando para que eu pudesse me encaixar, mesmo que isso significasse curar meus excessos e perder num pouco da minha essência, de quem eu sou, apesar de não saber ainda quem eu era.

Juntei as dores, juntei as partidas, despedidas, apresentações, amores que me partiram ao meio e coloquei na balança da consciência. O peso dos dias passando entre as crises de identidade, as dúvidas e as autocríticas, me fez pensar que mudar pelas pessoas não as faria ficar e tampouco diminuiria a solidão que estava em mim.

Porque eu não sentia falta de outras pessoas, eu sentia falta de mim e naquele momento, eu não sabia quem eu era e como me ter. Esse foi o primeiro passo para chegar até aqui, agora.

joguei as cartas foraOnde histórias criam vida. Descubra agora