Presinhas de Mentira

Elas

3

Kyungsoo mexeu a massa da receita a qual estava preparando naquele dia com força, o suor escorria por sua testa parcialmente coberta pela touca, suas mãos possuíam luvas que não facilitavam a tarefa de mover as mãos e acompanhar a turma, finalmente o chefe terminou a aula daquela manhã, para finalizar, saiu dando lembretes para os demais alunos e passeando pela sala, seus olhos mirando em cada um dos trabalhos dos alunos ali presentes.

Kyungsoo se apressou, pegando sua mochila, jogando as luvas no lixo e guardando a touca em sua bolsa. O baixinho corria tão rápido que certamente não ouviu seu nome sendo chamado inúmeras vezes por Junmyeon, este, que já estando cansado de correr atrás de si, lhe segurou pelo braço quando estavam na frente da faculdade, finalmente conseguindo a atenção do estudante de gastronomia.

— O quê? — Ele perguntou. No entanto, não deu tempo para Junmyeon falar. — Fale logo, eu tenho que trabalhar!

— Estou preocupado com você! Está bem mais magro, quase não te vejo comendo ou bebendo água, além disso, o chefe vive chamando sua atenção por quase dormir, ou parecer desinteressado, Kyungsoo.

— E daí? Estou me esforçando, Junmyeon. Não tenho outra opção. — O mais velho suspirou, antes de alcançar sua mochila e tirar de lá um sanduíche enrolado em papel filme.

— Ao menos prometa que vai comer um pouco. — Kyungsoo abriu a boca para recusar, entretanto Junmyeon foi mais rápido. — Eu posso comer quando chegar em casa, hm? Coma, não se preocupe comigo.

O mais baixo fez uma reverência, em seguida pegando o sanduíche e correndo para a calçada. Ergueu o braço, chamando por um táxi. Após entrar em um veículo, apoiou a cabeça no vidro, usando suas mãos livres para rasgar o papel filme e colocar o lanche feito de peito de peru e talvez presunto para dentro. O rádio tocava uma música do Cage the elephant, e Kyungsoo, por mais que achasse a batida animada, não conseguiu evitar tirar um cochilo rápido depois de dizer seu destino para o taxista.

Os minutos passaram rápido, e já estava em frente ao restaurante. Quando passou pelas portas, ouviu seu chefe gritar consigo, reverenciou novamente, correndo para pegar seu uniforme, vesti-lo e ir ao trabalho. Assim que amarrou o avental e pegou seu bloquinho com a caneta, correu pelo lugar, anotando pedidos, ouvindo a reclamação de clientes, entregando as refeições. Aquele dia estava sendo pior do que os demais, pois sua caneta havia falhado justamente com um cliente chato que gritou consigo e lhe xingou, e um bebê sentado em uma cadeirinha infantil vomitou papinha em si, sua mãe pediu desculpas repetidamente.

Kyungsoo não pôde nem mesmo reclamar, pois estava sobre o olhar de águia de seu chefe. Sorriu para a garota na mesa, novamente abaixando a cabeça para a situação e correndo para se limpar nos fundos do restaurante. Já no fim do dia, após estar muito atarefado para fazer qualquer outra coisa senão trabalhar como louco, o menino D.o limpou as mesas, tomando cuidado para não fechar os olhos por mais de um minuto. Se o fizesse, certamente cairia no sono.

Terminou seu trabalho, correndo para trocar de roupa e correr, novamente, para o outro restaurante no qual trabalhava. Seu corpo estava extremamente cansado após tanta correria e o esforço de carregar pratos pesados, no entanto, não poderia deixar-se ficar daquele jeito, por exato este motivo, assim que chegou no lugar, lavou o rosto no tanque de trás da cozinha, novamente vestindo seu uniforme. Entretanto, naquele lugar, o garoto lavava as louças com pressa, rapidamente as secando e repetindo o processo de novo e de novo.

— Mais rápido, D.o! Está acumulando! Se quiser compensar o acidente da semana passada, terá que… — O homem poderia continuar falando sobre o quão lento e desastrado o garoto era, no entanto, se calou quando o estudante deixou cair um copo e um prato grande de forma oval, o barulho dos estilhaços reverberando pela cozinha. A face do menor adquiriu um tom esbranquiçado e suas mãos tremeram.