eins

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Essa fanfic vai ser pesada, pelas ideias que tive. Já vou avisando, desde já.

Espero que gostem.

~

Aos sete, Frank brincava com seu cachorro Bingo, no quintal de casa. Era um Basset Hound, que na maioria das vezes apenas deitava no chão, invés de correr atrás da bola. Com os olhos tristes, Bingo olhava para o dono, questionando o que ele queria, afinal, não tinha culpa por ser gordo. O menino, querendo brincar, não avisou a mãe que iria ao parque. Aliás, nem mesmo podia sair sem autorização. Crianças são incontroláveis nessa idade.

Era um dia nublado, e choveria mais tarde. Não deu importância, quando viu seu amigo Ray no balanço, atravessou a rua sem olhar para os lados. Seus pés eram pequenos e ele tropeçava às vezes. Tinha tudo para aquele dia dar errado. Onde estava Linda, a mãe? Pintando as unhas, falando no telefone com sua amiga Cyntia sobre cabelo e homens. Não que fosse uma mãe negligente, apenas se encontrava ocupada naquele momento.

"Oi Ray!" disse sorrindo, chegando perto do menininho com cabelo afro. Ambos usavam jaquetas quase maior do que eles, para se proteger do frio. 

Ray Toro era seu amigo fazia um ano, se conheceram no parque e brincavam na areia quase todo sábado. Como não frequentava a pré escola, não tinha muitos amigos. Nem mesmo parentes. A mãe era brigada com eles.

"Ei cara, onde está a sua mamãe?" perguntou Ray confuso, pois ele sempre vinha com ela.

"No telefone" fez com as mãos aquele gesto de 'blá, blá, blá' e sorriu inocente.

Não demoraram para ir brincar nas balanças. Isso gerou olhares estranhos para eles, pois eram próximos demais e seguravam as mãos de vez em quando. Mas tudo bem, o momento era simplesmente perfeito. As risadas, o som das árvores balançando, o vento e a areia nos pés. Frank Iero era uma criança feliz.

A mãe de Ray chamou-o para ir embora, e numa despedida triste, desejavam o próximo encontro. Acenaram por bastante tempo, até mesmo quando Ray estava virando a esquina, acenou. Sorrindo obviamente.

Frank ficou por mais tempo, fazendo castelos de areia. Os palitinhos eram a princesa, o príncipe e o rei malvado. O príncipe salvava a princesa, e partia o rei malvado em pedacinhos. Essa era a história que sempre inventava e ele, claro, era o príncipe.

"Hey" um estranho chamou, e ele o olhou com seus olhinhos inocentes "Você gosta de cachorro?" perguntou, sorrindo bondoso. O homem não era tão velho, e era gordo. Usava uma touca preta e um blazer azul marinho. Traços bem marcados.

"Eu amo!" gritou animado, e logo se levantou "Você tem algum aí com você?" perguntou, olhando curioso para trás do homem, imaginando que ali havia um cachorro.

"Não, mas minha cadela deu cria e estou com vários em minha casa, quer ver?" indagou, chegando um pouco mais perto. Frank olhou para ele desconfiado, não podia falar com estranhos daquele jeito, nem mesmo ir na casa deles.

"Minha mamãe está esperando, mas obrigado" deu as costas, e foi em direção a sua casa, correndo e tropeçando. O homem observou, mas não foi atrás.

Frank, chegando em casa, trancou a porta com dificuldade. O homem lhe pôs medo. Mesmo sem muita noção, com 7 anos, Frank sabia o que era um pedófilo e como agia.

Bingo dormia tranquilamente na sala de estar, como um bebê. Tinha muito afeto nele, era seu maior companheiro.

Linda adormeceu no sofá, com o tinder aberto. Frank também sabia o que era uma mulher desesperada para achar o amor de sua vida, e como agia. Viu as mensagens, todos homens feios, na sua opinião. O único que parecia legal era um tal de Ian. Bonito, e pelas mensagens, a tratava bem.

Achou estranho a mãe dormir aquela hora, pois tinha problemas de sono pesado e se recusava a tomar remédios para isso. Devia ter se entregado a algum. Tinha sonhos sobre seu falecido pai, sentia falta dele. Frank também sentia. Morreu quando ele tinha cinco anos, Bingo o ajudou com isso.

Tratou de esquecer o homem assustador, e tomou banho. Se sentia observado, mas ignorou a sensação, brincando com a esponja. Depois disso, deu um beijo de boa noite em sua mãe, e a cobriu no sofá. Era muito pesada para ser carregada até a cama, então era o que podia fazer. Assim, também decidiu dormir. Escovou os dentes sozinho, sem ajuda de ninguém, e se sentia orgulhoso.

Deitou e fechou os olhinhos, pensando em novamente ir ao parque no próximo dia. Um barulho de sua janela o fez acordar e cobrir a cabeça. Apenas viu Bingo, no colo de alguém alto. Então abriu melhor os olhos, e era o mesmo homem do parque. Soltou um grito e paralisou, sem conseguir se mover.

"Bingo" o homem disse, sussurrando, e tirou um canivete de bolso. Oh, aquele canivete, ilustrado com caveiras douradas. Cortou o pescoço do cachorro em um só movimento rápido. E o sangue veio.

Frank soltou um grito chorado, e berrou. A mãe? Ela estava sedada. Os vizinhos ouviram, mas o homem foi rápido ao colocá-lo em um saco e jogar na caminhonete suja, sem placa. Cheirava mal, como se algo já tivesse morrido ali.

Incrivelmente, ele chorava mais por ter perdido seu cachorro. Não imaginava como seria sua vida após isso. E principalmente: Sentiria falta do parque.




Kidnapping - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora