Sexta, 22 de Outubro Tarde:

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E: Me liga. Por favor.


Ligo imediatamente para Ethan, as lagrimas já escorrendo pelo meu rosto. Ethan atende com a voz rouca.

- Alice.

- Você tá bem? - tento segurar um pouco da minha ansiedade para Marcie não perceber meu desespero.

- Agora estou.

- Merda Ethan, meu celular estava no mudo.

- Tudo bem, já esta tudo bem agora, ok? - ele diz com uma voz tranquilizadora e calma.

- O que você estava fazendo andando sozinho na rua? Está maluco?

- Alice eu-

- E se eles te pegassem? - eu o interrompo

- Eles não estavam atrás de mim.

- Mas e se estivessem?

- Alice se acalme! - ele diz mais alto. - Eu sei que não deveria andar sozinho para casa, eu sei.

- Por que não pediu carona para nós?

- Por que eu sempre vou de carona com Tyler ou vou andando com você. E não queria que você ficasse ainda mais chateada por causa dessa briga.

- Ethan. - digo enfurecida. Já estou cheia desta briga idiota. - Eu não quero que você saia na rua ou fique em qualquer outro lugar sozinho nunca mais!

- Alice isso é ridículo! - agora é a vez dele de ficar zangado. - Eu já tenho 17 anos, quase 18, e já sei cuidar de mim mesmo! Quem deveria estar preocupado aqui era eu! Você está com problemas muito maiores do que eu!

- Você poderia ter sido deportado! Nunca mais iriamos nos ver de novo! - eu digo alto e Marcie olha pra mim do banco da frente.

- E você poderia ter sido ferida gravemente! - ele berra.

- Ethan quer saber? Eu não vou mais me incomodar em cuidar de você, por que como você disse, eu tenho problemas muito maiores para cuidar. - digo rápido

Eu desligo sem deixa-lo responder e jogo meu celular no acolchoado do banco. Coloco as duas mãos em cima do rosto e dos óculos e dou um grito abafado. Ainda com as mãos no rosto, molhadas por lagrimas quentes, jogo meu corpo no encosto do banco.


Não percebo quando chegamos em casa. Abro a porta com a mesma força que uso para fecha-la. Vou até a janela aberta de Marcie.

- Obrigada. - digo baixinho.

- Me mande mensagem se precisar. - ela dá um sorriso de apoio. Tento retribui-lo, mas desisto e disparo em direção da porta. 

Bato a porta com força sem olhar para trás e corro para meu quarto antes que eu possa ver qualquer ser vivo. Carol me chama mas eu a ignoro completamente. Entro no meu quarto, bato a porta e a tranco. Me jogo na cama, com o rosto virado para os travesseiros. Sinto algo dentro de mim, um sentimento péssimo que aperta meu estomago e amassa meus pulmões. Meus olhos ardem muito e lagrimas começam a escorrer deles. Eu quero que elas saiam como uma cachoeira, quero tirar tudo de dentro de mim. As lagrimas escorrem e eu não consigo nem ao menos enxergar. Minha respiração é cortante e eu sinto que eu estou derretendo por dentro. É como se todos meus órgãos estivessem derretidos e agora estavam saindo em forma de lagrimas. Me encolho e abraço minhas pernas. Eu quero chorar a noite inteira. É só isso que eu quero.


Acordo abraçada as minhas pernas. Eu dormi enquanto chorava? Pego meu celular e olho as horas. 3 da manhã. Ao ver o horário, meu estomago se desperta junto comigo, gritando de fome. Me sento na cama. Eu realmente não quero nem um pouco descer para a sala. Depois de ontem a noite, aquele é o lugar que eu mais quero evitar. Mas meu estomago reclama e me pede para me levantar. Me levanto e ando tonta e sem enxergar. A luz ofusca minha visão. Desligo as luzes do quarto e coloco o ouvido na porta, esperando escutar algum sinal de vida. Escuto a televisão e alguns múrmuros muito baixos. É, definitivamente tem alguém na sala e eu não quero um segundo round de ontem.

Are you still here?Where stories live. Discover now