—VOCÊ DISSE NÃO?! —Ina perguntou gritando, sua voz era uma mescla de decepção e surpresa, como se eu tivesse feito algo errado e tonto.

     —Sim... —Respondi calmamente, às vezes era preciso ser paciente com Ina para que ela entendesse as coisas. Deixei minha capa cair no carpete macio e fofinho, subi na cama e deitei ao contrário ao lado dela esticando os pés na cabeceira. Pensei por meio segundo em como aquele piso tinha um jeito infantil, aliás como tudo no meu quarto, cores claras e tons pasteis, não é o que se chamaria de adequado para uma rainha, talvez devesse mudar isso.

     —VOCÊ DISSE SIM?! —Ina pergunta agora ainda mais alto, parecia animada com isso, aqueles olhinhos rosas e enormes e suas asas ansiosas batiam rápidas, eu realmente não a entendia.

     —Não, eu disse não. —Comentei revirando os olhos, era tão difícil às vezes... Agora ela parecia confusa, como se eu estivesse louca e falando bobagens.

     —Por que disse não? —Ela perguntou séria e inocentemente, como se não fizesse sentido eu não estar super animada com a possobilidade de casar contra a minha vontade.

     —Por que raios eu casaria com um desconhecido? —Perguntei observando-a colocar uma mecha dourada de seu cabelo para trás da orelha.

     —Ouvi dizer que ele é lindíssi—Ouvi dizer que ele matou o próprio pai, o que acha que faria com a esposa? —Eu a interrompi, já estava ficando exausta daquele interrogatório sem sentido, isso bastou para que ela ficasse em silêncio, então continuei. —Não estamos na época medieval, rainhas comandam e reis não são necessários, amo a igualdade de gênero, a única coisa boa que realmente existe entre os reinos.

     —Mas e a aliança? Recusou seu sonho? —Ina perguntou de forma sutil, era um assunto delicado.

     —Combinamos de assinar um acordo depois que mamãe passasse o cargo a mim. Ele disse que seria mais fácil para o povo assimilar se nós casássemos, porém eu disse que não era necessário e que aos poucos os dois reinos se dariam bem. —Falei sentando na cama, Ina sentou-se atrás de mim e começou a "brincar" com meu cabelo, trançando-o e decorando-o.

     —Só continuo pensando que deveriam se casar. Humanos vivem tão pouco mesmo, talvez o coitado nem encontre uma esposa antes de morrer... —Ela comentou distraída antes de mudarmos de assunto, foi assim, sem querer, que Ina me deu a ideia principal para a construção do plano que eu faria a seguir.

     Depois de colocarmos a conversa em dia — já que fazia um tempinho que não nos víamos — Ina disse que precisava ir, agora ela trabalhava com sua tia em uma horta e andava cheia de afazeres, antes de sair me fez prometer ir visitá-las logo.

     Agora eu pensava em tudo que ela disse, de fato um casamento uniria com mais facilidade Elria e Toth, aumentaria significantemente o número de soldados, meu povo estaria mais seguro do que se eu fizesse um acordo que poderia facilmente ser rompido.

     Então peguei meu celular, eu não gostava nem um pouco dessas tecnologias humanas quando foram inventada, entretanto agora eu admito que por vezes até que são bem úteis. Procurei o número que o rei havia me dado, comecei a escrever-lhe uma mensagem.

     "Thomas, estive pensando, talvez você e minha mãe devessem se conhecer. Quando não estiver ocupado passe aqui em casa, gostaria de que conversássemos sobre a possibilidade do casamento. Com amor, Aeolian". Enviar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 09, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Rainha sim, má talvezOnde histórias criam vida. Descubra agora